Milanello, o centro de treinamentos do Milan, tem 160 mil metros quadrados, seis campos de futebol e um núcleo médico de referência.

O goleiro brasileiro Gabriel, 22, contratado pelo clube em 2012, conheceu bem esse conforto. Mas foi só ao abrir mão do luxo que ele conseguiu seu espaço no futebol italiano.

Emprestado ao modesto Carpi em 2014 após ser pouco aproveitado no Milan, o goleiro deparou-se com condições de trabalho inéditas.

"Eu não estava esperando a falta de estrutura. Como não havia centro de treinamento, treinávamos em um campo ao lado do estádio. Tive que me exercitar em academias na cidade porque não tinha no clube", conta à Folha.

Hoje o Carpi vive situação sem precedentes. Após 28 rodadas, o time lidera a Série B com seis pontos a mais que o Bologna. Fundado em 1909, o clube nunca esteve tão próximo da primeira divisão.

Vivendo na pequena comuna de Carpi, com menos de 70 mil habitantes e um estádio de menos de 5.000 lugares, Gabriel tem sentido nas ruas a empolgação com o time.

"É como se o Macaé subisse para a Série A. Antes, eu era parado na rua para falar do Milan. Agora, eles me incentivam, dizem 'olha, estamos torcendo juntos'", diz.

Para ele, exaltado como um dos destaques da sólida defesa do time, o segredo da campanha está na intensidade.

"Nosso treinador tenta passar a ideia de que atacam 11 e defendem 11", diz, elogiando o técnico Fabrizio Castori.

GERAÇÃO DE GOLEIROS

Para ele, o interesse italiano nos goleiros brasileiros, evidenciado pelas presenças de Rafael (Napoli), Neto (Fiorentina) e Rubinho (Juventus), vem da impressão deixada pela geração anterior.

"O Dida, o Doni e o Júlio César jogaram bem demais na Itália, e isso fez com que os brasileiros ficassem mais valorizados do que nunca", diz.

Formado no Cruzeiro, Gabriel mantém a esperança de voltar à seleção brasileira, para a qual foi convocado em 2010 por Mano Menezes.

"É meu sonho. Só depende do meu trabalho", acredita.