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    Em momentos opostos, Feijão e Bellucci comandam Brasil na Davis

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

    05/03/2015 02h00

    João Souza, o Feijão, viu pela tevê o confronto do Brasil contra a Espanha em setembro do ano passado, pela repescagem do Grupo Mundial da Copa Davis, no Ibirapuera, em São Paulo.

    Então segundo melhor tenista do país no ranking mundial e bem fisicamente, acabou preterido pelo capitão João Zwetsch para o duelo por critério técnico.

    Além da decepção, sentiu uma pontinha de lamento por ter deixado de participar de um momento histórico.

    Os brasileiros venceram os rivais, que não contaram com Rafael Nadal, por 3 a 1 e se mantiveram no Grupo Mundial da Copa Davis, competição disputada entre nações.

    Nos cinco meses seguintes, Feijão, 26, passou de rejeitado a fundamental para as ambições nacionais no evento.

    Não é para menos. Na segunda-feira (2), ele despontou na 75ª posição do ranking mundial, que lhe confere a condição de melhor brasileiro da atualidade –Thomaz Bellucci, que despencou 16 postos, é o 87º.

    A ascensão nos últimos meses o garantiu também na convocação para enfrentar a Argentina a partir desta sexta-feira (6), em Buenos Aires, pela primeira rodada do Grupo Mundial em 2015.

    A convocação veio depois do tenista fazer as pazes com Zwetsch. Segundo Feijão, a rejeição do ano passado é assunto "enterrado".

    "Conversei com o João em [um torneio em] Quito e ficou tudo bem. Não tem mais problema nenhum com a CBT [Confederação Brasileira de Tênis], o que aconteceu foi enterrado", disse à Folha o paulista de Mogi das Cruzes.

    Na época, o tenista criticou Zwetsch e afirmou que esperava não haver uma questão "pessoal" em sua rejeição.

    "[A briga] está no passado. Agora, é trabalhar para ajudar a equipe e buscar a classificação contra a Argentina, que será muito importante."

    Se vencer os argentinos, o Brasil chega às quartas de final e pegará o vencedor do duelo entre Croácia e Sérvia.

    Em caso de derrota, o time terá de disputar a repescagem do Grupo Mundial contra um dos classificados nas zonas continentais.

    Feijão e a equipe estão na capital desde o sábado (28) em preparação para a melhor de cinco partidas (quatro de simples e uma de duplas).

    Feijão deve ser escalado para disputar dois jogos de simples. No Aberto do Brasil, no mês passado, ele venceu Leonardo Mayer, melhor ranqueado da equipe argentina (29º), e parou nas semifinais.

    Além de Feijão, Bellucci, Marcelo Melo e Bruno Soares foram chamados para defender o país no duelo.

    Marcelo Sayao-18.fev.2015/Efe
    O tenista João Souza, o Feijão, comemora ponto no Aberto do Rio
    O tenista João Souza, o Feijão, comemora ponto no Aberto do Rio

    SEM PRESSÃO

    O tenista contou que o fato de assumir a posição de melhor do país não lhe impõe mais cobrança.

    "Já fui número 1 do Brasil início do ano passado, e isso não influencia em nada. A Copa Davis é um torneio entre equipes e o que importa é nós quatro unidos, um torcendo pelo outro, ajudando o outro o máximo possível", disse.

    Ainda sem títulos do circuito ATP na carreira, ele tem pretensão de disputar mais torneios da elite. "Com esse ranking, já estou garantido em Roland Garros e Wimbledon, que eram dois objetivos, e provavelmente até mesmo no Aberto dos EUA. Quero subir cada vez mais", apostou.

    Um bom desempenho na Copa Davis é encarado como combustível para atingir tais objetivos. Até hoje, ele tem uma vitória e uma derrota na competição.

    "Nosso time está bem equilibrado, bem forte, tem totais condições de sair vencedor."

    DESCE

    O viés de alta de João Souza, o Feijão, contrasta com a queda de Thomaz Bellucci.

    Tenista do país com mais resultados expressivos nos últimos anos, Bellucci, 27, tem sofrido com o que tem sido o maior veneno de sua carreira: a inconsistência.

    Nesta semana, o paulista despencou 16 posições no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), para o 87º posto, e acabou ultrapassado por Feijão na "disputa" particular nacional.

    Em 2014, por exemplo, ele fechou o ano na 65ª posição.

    Bellucci tem tido uma temporada sofrível. Venceu três partidas e perdeu seis. Foi eliminado nas primeiras rodadas em Auckland, nos Abertos do Brasil e do Rio e em Buenos Aires. Também caiu em sua estreia no Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam da temporada.

    A fase negativa levantou dúvidas sobre sua confiança para o confronto com a Argentina, na Copa Davis, e ele reconhece a má fase.

    "É claro que sempre é melhor chegar com mais vitórias e com mais ritmo de jogo num confronto tão importante como esse", disse à Folha.

    "Mas mesmo não tendo os resultados esperados estou treinando bem e me sentindo pronto pra fazer bons jogos."

    Bellucci tem três títulos de ATP conquistados na carreira e chegou a ser 21º do ranking mundial, mas sempre conviveu com oscilações.

    O vaivém de resultados o fez trocar de técnico inúmeras vezes nas últimas temporadas. Chegou a ser comandado por Larri Passos, ex-técnico de Gustavo Kuerten, e Daniel Orsanic, atual capitão argentino na Copa Davis.

    Hoje é treinado por João Zwetsch, também capitão brasileiro no torneio entre nações –ambos já haviam trabalhado juntos no passado.

    A parceria, reatada no ano passado, é encarada pelo tenista como um trunfo.

    "Não acho que haja uma razão única [para as oscilações]. Mas, hoje, acredito que esteja no caminho certo."

    SORTE NA DAVIS

    Ao menos no que diz respeito à Copa Davis, Bellucci tem se saído bem. Em sua trajetória na competição, soma 17 vitórias em 27 jogos e tem sido uma espécie de porto seguro para o time brasileiro.

    Em setembro, por exemplo, venceu duas partidas em simples contra a favorita Espanha, em duelo pela repescagem do Grupo Mundial, e saiu com status de herói.

    Em confrontos anteriores, contra Rússia e Colômbia, também havia sido decisivo.

    É nesse histórico de bons resultados que ele se apoia para se recuperar e voltar a subir no ranking.

    "Acredito que a equipe deles [Argentina] seja favorita pela vantagem de jogar em casa e pela qualidade e versatilidade dos jogadores", afirmou o brasileiro.

    "Mas já ganhei de todos os integrantes da equipe argentina em condições parecidas", completou.

    Bellucci está desde a semana passada na capital argentina. Apesar da eliminação prematura no torneio local, ele disse que o período maior de treinos –está há uma semana se preparando– pode ajudá-lo a vencer seus jogos.

    "Minha meta neste ano é subir meu nível de jogo e voltar a encontrar meu melhor tênis. Estamos treinando duro e os resultados uma hora virão", apostou.

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