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    Mulher que preside clube escolhe 'mães' para jogadores

    MARCEL RIZZO
    DE ENVIADO ESPECIAL A MONTE AZUL PAULISTA

    08/03/2015 02h00

    No Atlético Monte Azul, clube que disputa a Série A-2, equivalente à segunda divisão do Campeonato Paulista, os jogadores têm diariamente o amor de várias mães.

    Uma das primeiras atitudes de Cláudia Cester Arroyo, 49, ao assumir a presidência do clube que tem sede em Monte Azul Paulista, a 415 km de São Paulo, foi contratar uma psicóloga, uma pedagoga e manter a nutricionista.

    "Os jogadores moram no clube, muitos são garotos, estão longe das mães. É preciso ter contato feminino, é importante para a formação. Aqui não é um clube militar", disse Arroyo, que neste domingo (8), Dia da Mulher, verá "seus garotos" em casa, contra o União Barbarense.

    Por presidir um clube, Cláudia Arroyo é uma exceção no machista mundo do futebol. Dos 140 times filiados à FPF (Federação Paulista de Futebol), somente dois têm mulheres na presidência.

    Cláudia Arroyo assumiu em maio de 2014, substituindo o irmão Ricardo, que deixou o posto para assumir o cargo de diretor de relações públicas da FPF. Ela é a quinta pessoa da família Arroyo, tradicional na cidade, a presidir o Monte Azul. Além dela e do irmão, o pai Gilberto e dois primos o fizeram.

    NEM NO REFEITÓRIO

    O Atlético Monte Azul é o clube das três primeiras divisões de São Paulo com sede na menor cidade. Monte Azul Paulista tem 19 mil habitantes, e quase 70% da população cabe no estádio Otacília Patrício Arroyo, com capacidade para 13 mil pessoas.

    Como o sobrenome sugere, Otacília é avó de Cláudia e foi homenageada por ter perdido poucos jogos do Monte Azul até morrer em 2005, aos 100 anos.

    "Quando eu não era a presidente, assistia aos jogos na arquibancada. Mas como presidente vejo na tribuna. Não dá para me verem, digamos, reclamando dos meus jogadores", contou Cláudia.

    Advogada, ela é separada e tem três filhas e um neto. E diz que seus genros acham inusitado uma sogra que entende de futebol. "Ainda precisamos no elenco de um meia. Mas não é meia que joga de lateral. É um meia mesmo", explica a presidente.

    Cláudia demonstra familiaridade com o futebol, mas o departamento é tocado por Marcelo Hernandez, que a presidente classifica como o "faz tudo", e por um representante do investidor. Todos os jogadores são de um empresário da capital, que não teve o nome revelado. Ele também banca os salários.

    Cláudia tem pouco, muito pouco contato com os atletas. Não entra no vestiário, onde o elenco toma banho e se troca, e nem no refeitório quando eles estão comendo.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Quer evitar constrangimentos e deixar os atletas à vontade. O técnico Eberson Serralheiro, o Bersinho, admite que quando a presidente está no clube os jogadores alteram o comportamento.

    "Você está vendo algum deles andando pela sede? Eles ficam mais retraídos. Mas ter uma mulher presidente rompeu uma barreira no futebol", disse o treinador.

    Ela só tem contato com os jogadores quando algum deles precisa levar um puxão de orelha. "Aí viro a mãe ruim."

    CONCORRENTE

    Em Tupã, a 514 km da capital paulista, Fabiane Bizo Menezes comanda o Tupã FC desde o início de 2011. Elas não se conhecem, mas têm em comum terem sido levadas ao clube por familiares.

    Fabiane Menezes é a presidente tendo o marido, Gilson Menezes, como o articulador do grupo que venceu a eleição e quem comanda o futebol. Ela não atendeu a Folha.

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