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    Rio de Janeiro

    No Rio, mulher comanda futebol do São Cristóvão e intimida boleiros

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    08/03/2015 02h00

    Ricardo Borges - 20.jan.2015/Folhapress
    Silvani Maria é a gerente de futebol do São Cristóvão
    Silvani Maria é a gerente de futebol do São Cristóvão

    Ela negocia salários com os atletas, contrata os integrantes da comissão técnica e define a agenda diária de pelo menos 45 homens.

    Nos jogos, a carioca formada em administração de empresas cola no alambrado e grita sem parar para incentivar os comandados e ainda provocar os adversários.

    Nas horas vagas, Silvani, 42, dá dicas sobre a carreira dos jogadores e conselhos familiares. Desde dezembro, ela enfrenta o desafio de comandar um time de futebol.

    Depois de trabalhar em quatro clubes da terceira divisão do Rio, ela assumiu em dezembro a gerência de futebol do São Cristóvão.

    "Ela é o nosso capitão Nascimento [em referência ao protagonista do filme "Tropa de Elite"]. A Silvani fala e todos obedecem", disse o torcedor Renato Campos.

    Em quase dois meses de trabalho criou uma cartilha disciplinar e dorme na concentração. Linha dura, instituiu multa para atrasos e proíbe os seus atletas até de treinarem sem caneleira.

    "Sei que muitos se sentem desconfortáveis no início, mas acredito no meu trabalho. Com o tempo, vou convencendo todos", disse Silvani, formada em administração e responsável por gerenciar os R$ 150 mil mensais do departamento de futebol.

    Campeão Carioca de 1926 e fundado em 1898, o clube já foi tradicional no Rio. Recuperou um pouco da fama por ter sido o time em que o do atacante Ronaldo deu seus primeiros passos no futebol. No entanto, está bem longe do seu passado de glórias.

    "O ambiente é bem machista. Já sofri assédio moral, sexual. Mas não me abalo. Minha intenção é provar que as mulheres também podem crescer neste mercado", diz Silvani, que já até participou de rachão com os atletas.

    "Entro até no vestiário. Se tiver que falar com homem pelado, não tem problema. Meus olhos e ouvidos são seletivos. Só vejo o que me interessa", disse Silvani, mãe de um jovem de 16 anos.

    Os dirigentes estão satisfeitos. "Ela é a nossa xerife. Escolhemos a Silvani porque acreditamos que uma mulher é capaz de organizar melhor o trabalho e intimida os boleiros", disse o diretor do São Cristóvão, Marcos Barcellos.

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