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    Vinte e cinco membros da Gaviões e da Mancha viram réus por mortes

    DE SÃO PAULO

    18/03/2015 11h31

    A Justiça de São Paulo aceitou denúncia e transformou em réus 14 integrantes da Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians, e outros 11 da Mancha Alviverde, a maior facção de torcedores do Palmeiras, pela morte de dois torcedores palmeirenses em uma briga na zona norte de São Paulo, no dia 25 de março de 2012.

    O enfrentamento entre membros das duas organizadas ocorreu na avenida Inajar de Souza, uma das principais da zona norte paulistana, e terminou com as mortes de André Alves Lezo e Guilherme Vinícius Jovanell Moreira, a pauladas e golpes de barra de ferro.

    A briga foi planejada pela organizada corintiana e tinha como objetivo vingar a morte, em 2011, de um torcedor do Corinthians, Douglas Karim da Silva.

    Reprodução/Facebook/Andre Lezo
    André Alves Lezo morreu em briga das torcidas de Corinthians e Palmeiras em 2012
    André Alves Lezo morreu em briga das torcidas de Corinthians e Palmeiras em 2012

    Os integrantes da Gaviões da Fiel foram denunciados por homicídio duplo qualificado, por motivo torpe (artigo 121 do Código Penal), e por formação de quadrilha (artigo 288 do Código Penal). Os membros da Mancha Alviverde foram denunciados apenas por formação de quadrilha.

    Todos poderão responder ao processo em liberdade. A denúncia, feita pelo Ministério Público estadual, foi aceita peo juiz Paulo de Abreu Lorenzino, juiz da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, zona norte de São Paulo.

    Entre os integrantes da Gaviões da Fiel estão alguns dos principais líderes da torcida, como o atual presidente, Wagner da Costa, conhecido como "B.O.", os ex-presidentes Douglas Deungaro, o "Metaleiro", e Antonio Alan Silva Souza, o "Donizete", e Rodrigo de Azevedo Lopes Fonseca, o "Diguinho", candidato a presidente da organizada em eleição marcada para o próximo sábado (21).

    Também virou réu no processo Alex Sandro Gomes, conhecido como "Minduim", que em fevereiro deste ano foi nomeado secretário parlamentar do deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), ex-presidente do Corinthians.

    A informação foi revelada pelo Blog do Perrone, do jornalista Ricardo Perrone, do portal UOL.

    Entre os denunciados pelo lado da Mancha Alviverde está Tiago Alves Lezo, irmão da vítima André Alves Lezo. Outro irmão de André, Lucas Alves Lezo, teve a denúncia contra ele rejeitada pelo juiz por, apesar de ter estado na Inajar de Souza no momento do confronto, não "haver qualquer indício de autoria ou participação nos delitos".

    Na decisão, o juiz Lorenzino afirma que "há nos autos indício de autoria e prova de materialidade suficientes para o recebimento da denúncia", mas nega o pedido de prisão preventiva dos réus afirmando ser "necessária a análise mais aprofundada de toda a prova".

    De acordo com o juiz, o episódio 'tratou-se de mais um dos diversos e infelizes casos envolvendo briga entre fanáticos torcedores que, ao que se verifica, se interessam mais pela violência pré ou pós-jogos do que pelo esporte, trazendo risco não somente para os cidadãos de bem que pretendem acompanhar o evento esportivo e time de predileção, mas também fomentando, cooptando, agremiando outros jovens para que se tornem também rixosos e perigosos delinquentes".

    Robson Ventura - 26.mar.2012/Folhapress
    Enterro de André Alves Lezo, torcedor da Mancha Alviverde
    Enterro de André Alves Lezo, torcedor da Mancha Alviverde

    O juiz afirmou que, durante toda a investigação, iniciada em março de 2012, "diversas testemunhas foram ouvidas, diversas buscas e apreensões foram realizadas, afora inúmeras perícias e incontáveis diligências".

    Segundo ele, como a apuração mostrou a maior participação de alguns dos réus no episódio, "apontados como incitadores, gestores, organizadores e orquestradores dos combates", tornou-se necessária a aplicação de outra medida, prevista no artigo 319 do Código de Processo Penal: a proibição de frequentar e acessar as dependências de arenas de futebol no Brasil" em dias de jogos do Corinthians.

    Seis integrantes da Gaviões da Fiel foram atingidos por essa restrição o atual presidente da facção, "B.O" e o ex-presidente "Donizete", além de Mário Batista, o "Magoo", Reinaldo Gilberto Alves, o "Ade", Carlos Alberto de Brito Júnior, o "Neguinho", e Damião Rogério Fagundes Oliveira, o "Pererê".

    Outros dois membros da Mancha Alviverde também foram atingidos pela medida: Tiago Alves Lezo e Jefferson Lucena de Oliveira.

    Em dias de jogos do Corinthians e do Palmeiras, eles devem se apresentar ao 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar da Capital, que fica no bairro da Luz, região central, e permanecer no local até duas horas após o término dos jogos.

    Caso não se apresentem, terão a prisão preventiva decretada. A PM deverá fazer relatório sobre a presença dos torcedores no batalhão nos dias de jogo e encaminhar o documento a cada dois meses ao juiz.

    "Eu e a Gaviões não temos conhecimento [da denúncia]. Eu acompanhei pela imprensa. Se tiver procedência, o prazo da decisão do juiz só passa a contar a partir que os torcedores forem intimados pessoalmente. Quando isso acontecer, vamos tomar providências. Até lá não tenho nenhuma posição para oferecer", disse o advogado da Gaviões da Fiel, Davi Gebara.

    Já o presidente da Mancha Alviverde, Marcos Ferreira e o advogado da torcida, Luiz Ferretti Júnior, afirmaram que a entidade não vai providenciar defesa coletiva dos indiciados.

    "Inclusive, já providenciamos a expulsão de um dos envolvidos no incidente e a suspensão de outros oito", disse Marcos Ferreira, o Marquinhos.

    Neilo Ferreira Silva foi expulso. Entre os afastados, estão Lucas Alves Lezo e Tiago Alves Lezo, irmãos de André, morto durante a briga. Os outros seis suspensos são Thiago Marinho Diello, Lucas Finozzi, Diego Mendes da Silva, Ivan Finozzi, Jefferson Lucena de Oliveira e Leandro Bardez.

    Dos punidos pela Mancha, Diego da Silva e Neilo Silva não foram citados no processo pelo juiz.

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