O Ministério da Justiça solicitou à Controladoria-Geral da União (CGU) que abra uma auditoria e apure as suspeitas de que a empresa alemã Bilfinger pagou propina a servidores brasileiros para conquistar contratos na Copa do Mundo do ano passado.
Segundo o jornal alemão "Bild", a Bilfinger desembolsou 20 milhões de euros a funcionários públicos no Brasil e a integrantes da Fifa para firmar contratos e fornecer os monitores usados no Centro Integrado de Comando e Controle da Copa de 2014.
O suborno teria ocorrido por intermédio da empresa Manuell, um dos braços da Bilfinger, de acordo com a reportagem do "Bild".
O Ministério da Justiça informou ter solicitado à empresa alemã elementos que indiquem o caso de corrupção na contratação da Bilfinger. Anunciou ainda que está providenciando "análise imediata" do processo licitatório em questão.
Dados disponíveis no Portal da Transparência atestam que a empresas recebeu R$ 21,2 milhões do governo federal em 2014. Desse montante, 13,1 milhões saíram da Secretaria Extraordinária de Segurança e Grandes Eventos, responsável pelo Centro Integrado de Comando e Controle.
No final da tarde, o ministério enviou um novo comunicado, informando que pedirá à Polícia Federal a instauração de um inquérito e ao TCU (Tribunal de Contas da União) a abertura de uma auditoria para investigar as denúncias.
O MJ informou ainda que a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, órgão vinculado à pasta, firmou contrato com a empresa Manuell de R$ 24,3 milhões, em maio de 2013.
Os alemães, segundo o MJ, forneceram um equipamento - vídeo-wall - que permite o acompanhamento de várias câmeras de segurança simultaneamente, pela tela do computador. O sistema foi usado nos centros de comando e controle da Copa.
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Foto do Centro de Comando Integrado de Monitoramento para a Copa |
O ministério argumenta que a empresa participou de um pregão com nove concorrentes e ofereceu um preço 46% inferior ao obtido à época com pesquisas de mercado.
Lembra que o processo licitatório passou por auditoria do TCU, que, na ocasião, não encontrou nenhuma irregularidade.
A nota oficial acrescenta que "ata de registro de preços da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos" foi usada por 15 outros órgãos federais, estaduais e municipais para a celebração de contratos.
O ministério frisa que as providências estão sendo tomadas, embora a Bilfinger, empresa controladora da Manuell, não tenha informado quais servidores são suspeitos de "receber propina e em quais órgãos ou empresas exerciam suas atividades".
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deverá pedir abertura de sindicância interna e solicitar à empresa alemã que "preste todos os esclarecimentos necessários" sobre o caso.
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