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    Instituto da família Grael veta acordo para limpar Baía de Guanabara

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    30/03/2015 15h34

    Por unanimidade, os conselheiros do Instituto Rumo Náutico vetaram projeto proposto pelo governo do Estado do Rio de que ele retomasse a retirada de lixo da Baía de Guanabara.

    Na quinta-feira, o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, anunciou que estava tomada a decisão de contratar, em caráter emergencial (com dispensa de licitação), a ONG após uma reunião com atletas e membros do Comitê Organizador Rio-2016. Na ocasião, o secretário estava acompanhado de Axel Grael, fundador do instituto e atual vice-prefeito de Niterói.

    O convênio seria orçado em R$ 20 milhões e teria validade de 18 meses. Há menos de um mês, o governo do Estado suspendeu dois programas dedicados justamente à coleta de resíduos flutuantes na Guanabara.

    A questão é que Corrêa divulgou o acordo sem que o projeto tivesse passado pelo crivo do conselho do Rumo Náutico e pela aprovação de seu presidente, o multimedalhista olímpico Torben Grael.

    Nesta segunda-feira (30), os conselheiros do instituto se reuniram e vetaram a parceria com o governo do Estado.

    "Dos 12 conselheiros, dez compareceram. Houve uma apresentação preliminar do Torben, outro conselheiro deu um parecer jurídico e eu falei também. Somos conceitualmente favoráveis a um projeto desta natureza, mas não para nosso instituto operar. Não é nossa vocação", afirmou Lars Grael, duas vezes medalhista olímpico e conselheiro do Rumo Náutico.

    REAÇÃO

    Em nota, o secretário de Ambiente do Rio, André Corrêa, afirmou lamentar a decisão do instituto. "Entendo a posição do conselho do Instituto Rumo Náutico e a minha admiração pela família Grael aumentou ainda mais", disse.

    Segundo ele, a prioridade agora passa a ser criar um plano de emergência para que o evento-teste da vela, previsto para ocorrer na segunda semana de agosto, seja realizado sem problemas.

    "Não vamos medir esforços e realizaremos um mutirão para que, a exemplo do anterior, o evento teste deste ano aconteça dentro dos níveis esperados."

    Corrêa afirmou que a secretaria entrará com um pedido urgente ao Tribunal de Contas do Estado para que seja feita uma licitação para definir a empresa que se encarregará de retomar a retirada de lixo da Baía de Guanabara.

    Confira a íntegra da nota oficial do Instituto Rumo Náutico

    O Conselho Diretor do Projeto Grael/Instituto Rumo Náutico decidiu, por unanimidade, não assinar o contrato com a Secretaria de Estado do Ambiente para o projeto de gestão dos ecobarcos e ecobarreiras na Baía de Guanabara. A decisão ocorreu na manhã desta segunda-feira (30), na sede do Projeto Grael, em Jurujuba/Niterói, com a presença dos irmãos Torben e Lars Grael, além de outros membros do Conselho.

    A Diretoria reconheceu a capacidade técnica do Projeto Grael de gerir o programa, mas admitiu a possibilidade de riscos institucionais.

    "Embora tenhamos condições para fazer uma gestão eficiente do projeto, desenvolvido pelo Axel (Grael), o Instituto deu sua primeira contribuição com a elaboração do programa de contenção e retirada do lixo flutuante", acredita Torben, presidente do Projeto Grael.

    Lars Grael apontou a relevância da gestão do lixo flutuante, tanto para as Olimpíadas quanto para após os Jogos.

    "A ação do Projeto Grael não seria despoluir a Baía de Guanabara, mas uma medida para oferecer uma raia mais justa e igualmente competitiva para os atletas. Não é a nossa principal vocação gerir o projeto de coleta de lixo flutuante, mas nos manteremos à disposição do Estado, em prol de uma Baía mais digna para todos os usuários", disse Lars.

    Axel Grael, que produziu - sem custo - o estudo sobre a gestão do lixo flutuante na Baía de Guanabara e cedido à Secretaria Estadual do Ambiente, disse que o Instituto continuará contribuindo para a luta contra a poluição na Baía.

    "Comecei a minha vida de militância ambientalista há 40 anos, lutando pela Baía de Guanabara, e continuarei fazendo. O Projeto Grael tem sido um importante canal de contribuição para isso, e é importante que continue a motivar os seus alunos a se engajarem nessa luta e que contribua sempre com as iniciativas de despoluição. Mas, isso deve ser feito dentro das vocações e das limitações institucionais da nossa organização. A decisão do Conselho Diretor do Instituto Rumo Náutico é prudente e correta", finalizou Axel.

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