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    Rival de Cielo, francês Manaudou diz não ter medo de ser 'vilão' na Rio-2016

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    03/04/2015 02h00

    A menos de 500 dias da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, Florent Manaudou desponta como um potencial "vilão" do megaevento. Ao menos para os brasileiros.

    O francês de 24 anos é o atual campeão olímpico dos 50 m livre, a prova mais rápida da natação mundial.

    É, também, um gigante de 1,99 m que tem se colocado como principal rival do dueto brasileiro formado por Cesar Cielo e Bruno Fratus.

    Os três foram os mais rápidos do mundo na temporada passada e se projetam como favoritos ao pódio no Mundial de Kazan (Rússia), cujas disputas na natação ocorrerão em agosto, e na Rio-2016.

    Manaudou deu uma amostra do que pretende em dezembro de 2014, no Mundial em piscina curta (25 m) de Doha. Quebrou o recorde dos 50 m livre: cravou 20s26, com Cielo bem na raia ao lado.

    Em entrevista concedida à Folha por e-mail, ele afirma que agora foca como seu objetivo quebrar a melhor marca do mundo da distância em piscina longa, atualmente 20s91, feita por Cielo.

    O francês acredita na possibilidade de obter a façanha já no Campeonato Francês, cuja disputa dos 50 m livre será no domingo (5), e que servirá de seletiva para Kazan.

    Apesar de dizer que tem uma relação de ªrespeito mútuoº com os rivais brasileiros, Manaudou exalta a concorrência com eles e diz que é ela que o estimula a treinar mais forte e superar seus limites.

    *

    Folha - Você quebrou o recorde dos 50 m livre no Mundial em piscina curta. Acredita ser capaz de bater a marca da prova em piscina longa?
    Florent Manaudou - Com certeza. É o que eu espero, pelo menos. Acredito que bater o recorde mundial está no meu alcance. Eu tenho sede de vitórias e recordes. Ainda terei muito trabalho a fazer antes dos Jogos do Rio, quando espero estar no meu ápice. Mas acredito que vou obter bons resultados no Campeonato Francês nesta semana.

    Você ainda não tem um título mundial individual em piscina olímpica. Isso incomoda?
    Você sabe, as coisas acontecem a quem sabe esperar. Eu tenho muito orgulho da medalha de ouro que conquistei nos Jogos de Londres. Não posso dizer que ainda não ter uma medalha individual me perturba ou frustra. No Mundial de Kazan tenho como objetivo conquistar um ou mais ouros.

    Há muita expectativa em relação à rivalidade entre você, Cesar Cielo e Bruno Fratus para os Jogos do Rio. Como é sua relação com ambos?
    É uma relação de respeito mútuo. Nós estamos à frente de todos os outros adversários, e aqui também incluo Bruno Fratus. Eu acho que são oponentes que me transformam. Eu amo a competição. Sempre é mais belo quando nós nos enfrentamos. Me faz sair do meu conforto habitual e me obriga a transcender no treinamento saber que no próximo grande evento todos estarão famintos para vencer.

    Sendo rival de dois dos maiores astros brasileiros nos Jogos Olímpicos, você teme ser tratado como 'vilão' no Rio?
    Não, não tenho medo de ser tratado como vilão na Olimpíada. Eu falava de respeito mútuo... Eu imagino que os espectadores vão querer ver um espetáculo, e para isso é preciso ter concorrência. Também acredito que haverá uma grande torcida francesa, como é de costume em grandes eventos.

    Você já definiu os eventos que nadará no Mundial de Kazan e nos Jogos do Rio?
    Eu não posso falar disso em detalhes. Ainda está em fase de definição com meu treinador, Romain Barnier. Na verdade, é ele que se ocupa do meu programa.

    Com 24 anos, você já é campeão olímpico. Quais são seus objetivos na natação?
    Eu tento não me fazer essa pergunta. Nadar é o que melhor sei fazer no momento. Eu tive a sorte de ver minha irmã [Laure, campeã olímpica dos 400 m livre em Atenas-2004] ganhar tudo o que quis antes e isso me deu vontade de reproduzir aquelas façanhas. Eu nado não exclusivamente pela glória. Mais do que isso, eu nado pelo prazer da vitória.

    Sua irmã te dá conselhos?
    Todo dia. Ela é a irmã mais velha, e como todas as irmãs mais velhas ela me aconselha no esporte e na vida.

    Você se considera alguém diferente daquele que conquistou o ouro olímpico em 2012?
    Eu acho que em termos esportivos, não. Porém, acho que cresci na cabeça. Estou mais forte e mais sólido do que em 2012. Eu treino muito para atingir meus objetivos e espero que o trabalho dê frutos. Sou um competidor e não gosto de perder, claro, mas você conhece alguém que ame perder?

    No início de março, um acidente aéreo na Argentina matou sua companheira de treinos Camille Muffat. Como você lidou com essa perda?
    É uma tragédia. O esporte francês está todo em luto e eu perdi dois amigos [além de Camille, morreram o boxeador Alexis Vastine e a velejadora Florence Arthaud] neste evento trágico. Mas a morte dela dá ainda mais gana de batalhar para prestar-lhe homenagens.

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