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    Quero treinar a seleção brasileira, diz ex-jogador Roberto Carlos

    LUIZ COSENZO
    RAFAEL VALENTE
    DE SÃO PAULO

    12/04/2015 02h00

    Distante há oito anos da seleção brasileira, Roberto Carlos, 42, não tira da cabeça a ideia de voltar a defender as cores da equipe pela qual lutou por 14 anos consecutivos e conquistou quatro títulos, entre eles a Copa de 2002.

    Não mais como o lateral esquerdo com passagens por Palmeiras, Real Madrid e Corinthians. Afinal, está aposentado desde 2012. Quer voltar como técnico, carreira que iniciou há dois anos.

    O projeto é ambicioso. No comando do modesto Akhisar, que ocupa posição intermediária no Campeonato Turco, Roberto Carlos disse à Folha que está estudando e adquirindo experiência.

    "Minha meta é chegar à seleção brasileira. Sei que tenho que passar por grandes coisas ainda. Por isso não faço uma projeção de quanto tempo vai levar. Quero pensar no dia a dia", afirmou Roberto Carlos, por telefone.

    O desejo de defender a seleção mais uma vez não tem relação com a última imagem que deixou. Foi há oito anos, quando foi culpado por supostamente falhar em lance que decretou a vitória de 1 a 0 da França nas quartas de final da Copa de 2006.

    Na verdade, Roberto Carlos quer ter trajetória vitoriosa pelo Brasil também como técnico, repetindo feito de um dos treinadores em que se inspira na carreira: Zagallo, que foi campeão mundial como jogador (1958 e 1962) e também como técnico (1970).

    "Da minha passagem pela seleção não ficou nenhuma mágoa. Tudo o que vivi foi maravilhoso. Foram 14 anos e vários títulos: Copa América, Copa das Confederações e Copa do Mundo. Tenho muito carinho e a vontade de voltar", reforça o jogador.

    TURQUIA

    Apesar de comandar um clube que não tem grande projeção, Roberto Carlos já acumula alguns feitos.

    Na temporada 2013/14, conseguiu colocar o modesto Sivasspor na quinta colocação, o que valeria uma vaga na Liga Europa não fosse uma punição da Uefa ao clube turco. Ainda assim, o feito valeu o prêmio de melhor técnico da Turquia em 2014.

    Ano passado, deixou o Sivasspor após uma sequência negativa ""duas vitórias em 14 partidas. Acertou com a equipe atual, o Akhisar, que fica na região do Egeu, e fez o time reencontrar as vitórias.

    Com o brasileiro foram quatro vitórias conquistadas, além de quatro empates e quatro derrotas. A meta é se manter na primeira divisão.

    "O trabalho é de alto nível. O clube dá boas condições. Temos estrutura de campo, de academia e os salários não atrasam. Tenho tranquilidade para trabalhar. Além disso, já conhecia o torneio", diz o ex-jogador do Fenerbahce.

    Já tendo vivido os dois lados na Turquia –premiado por um bom resultado e demitido por uma má sequência–, Roberto Carlos mostra-se satisfeito com o que fez.

    "Está sendo muito fácil. Me preparei jogando e vivendo sob pressão. Vivi minha carreira em grandes clubes. Tem que estar muito bem preparado psicologicamente e tive essa preparação nos clubes em que passei", afirma.

    Reprodução
    Na apresentação do Sivasspor, Roberto Carlos (dir.) segura a camisa do time
    Na apresentação do Sivasspor, Roberto Carlos (dir.) segura a camisa do time

    INSPIRAÇÃO

    Além de ter concluído um curso de treinador no Peru e estar mirando outro durante as férias em junho, Roberto Carlos diz que se inspirou nos treinadores com os quais trabalhou ao longo de 22 anos como jogador profissional.

    Um que ajudou Roberto Carlos foi o holandês Guus Hiddink, de quem foi auxiliar no russo Anzhi –seu último clube antes de se aposentar.

    "Eu peguei um pouco de cada um dos técnicos com quem trabalhei. Tirei um pouco do Zagallo, do Parreira, do Del Bosque, do Capello, do Felipão, do Roy Hodgson. Peguei deles treinamento, motivação de jogadores, respeito, organização. Cada um teve a sua importância", diz.

    Assim como foi ajudado, Roberto Carlos fala em ajudar os futuros treinadores brasileiros. Um de seus objetivos é abrir as portas do mercado europeu para técnicos brasileiros –hoje, algo incomum.

    Além de sinalizar a importância dos brasileiros de se aperfeiçoarem com cursos, acredita que só um trabalho relevante de outro brasileiro no Velho Continente poderá ajudar os conterrâneos.

    "Nós que estamos fora do país é que temos que abrir as portas para os principais treinadores do Brasil. Temos grandes treinadores no nosso país. Eles têm condições de trabalhar nos principais centros do futebol mundial, mas, para isso acontecer, é preciso aparecer alguém para abrir as portas. Isso só será possível com um trabalho bem feito por aqui", diz.

    Fã do trabalho de Tite no Corinthians neste ano, Roberto Carlos não pensa por enquanto em treinar no Brasil.

    "Não escolho país ou clube para trabalhar. O que quero é um lugar que me dê boas condições para evoluir nessa minha nova carreira."

    RAIO-X

    NASCIMENTO

    10.abr.1973, em Garça (SP)

    CLUBES COMO JOGADOR

    União São João, Atlético-MG, Palmeiras, Inter de Milão, Real Madrid, Fenerbahce, Corinthians e Anzhi

    PRINCIPAIS TÍTULOS

    Copa do Mundo (2002), Copa das Confederações (97) e Copa América (97 e 99), pela seleção; Brasileiro (93 e 94), e Paulista (93 e 94), pelo Palmeiras; Mundial (98 e 2002), Liga dos Campeões (98, 2000 e 02), Espanhol (97, 2001, 03 e 07), pelo Real

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