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    Crise faz tradicionais times desistirem até da 4ª divisão do Paulista

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    12/04/2015 02h00

    Má gestão, falta de dinheiro e problemas judiciais levaram clubes tradicionais de futebol do interior a uma situação de penúria.

    O União São João é um dos principais exemplos. Após revelar atletas como o lateral esquerdo Roberto Carlos, e ser o primeiro clube-empresa no país (em 1993), desistiu de jogar a quarta divisão estadual nesta temporada.

    Campeão brasileiro da segunda divisão em 1996, o time esteve na elite estadual de 1988 a 2005, quando começou a derrocada.

    Até 2012, se manteve na segunda divisão. Em 2013 jogou a terceira e, no ano passado, a quarta. Em uma rede social, o clube apontou os investimentos feitos para tentar voltar à elite como responsáveis por minar recursos e forças.

    "O público foi se afastando do estádio, as cotas da FPF [Federação Paulista de Futebol], diminuindo, o que culminou em dívidas", diz trecho do texto postado.

    O presidente do clube, José Mário Pavan, não foi encontrado para comentar.

    No XV de Jaú, a situação é idêntica. Presidente desde o fim de 2014, Laércio Carneiro disse que desistiu da quarta divisão porque a situação do clube é "catastrófica".

    Fundado em 1924, jogou na elite nos anos 50 e de 1977 a meados dos anos 90 –teve jogadores como o atacante França e o zagueiro Edmilson, ambos ex-São Paulo.

    Depois, só acumulou dívidas e fracassos em campo –passou as últimas duas temporadas na quarta divisão.

    Carneiro disse que não sabe nem sequer o valor total devido pelo clube, já que não há balanços disponíveis. "Calculamos em R$ 8 milhões. Para um clube grande é dinheiro de boteco, mas, para nós, é estratosférico", diz.

    Em 2015 não haverá atividade alguma no XV, nem em categorias de base. "Todo dia chega uma ação judicial."

    Em situação menos crítica –vai ao menos entrar em campo–, o Noroeste disputará este ano a última divisão do Paulista, após dois rebaixamentos consecutivos.

    Com 56 ações trabalhistas na Justiça e R$ 3 milhões em dívidas –R$ 1 milhão envolvendo ex-atletas–, tentará voltar à elite com oito jogadores emprestados pela Ferroviária e jovens atletas que atuaram na Copa São Paulo.

    "Chegamos a ter 120 ações trabalhistas acumuladas quando assumi, em 2013. Conseguimos reduzir, mas não havia R$ 1 para contratar ninguém", disse o presidente do clube, Emilio Brumati.

    De 1954 a 1993, o time só não jogou a primeira divisão em oito temporadas e revelou, por exemplo, o atacante Toninho Guerreiro, que fez sucesso no Santos e no São Paulo nos anos 1960 e 70.

    Na última divisão também estarão o América, de São José do Rio Preto, que por mais de 40 anos disputou a elite, e a Portuguesa Santista.

    A própria competição está esvaziada neste ano –são 30 equipes contra 39 de 2014.

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