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    Cada ponto para mim é como se fosse uma vitória, diz brasileiro da Sauber

    TATIANA CUNHA
    DE ENVIADA ESPECIAL A SAKHIR

    19/04/2015 02h00

    Nem o próprio Felipe Nasr esperava um início de carreira na F-1 tão consistente como o piloto da Sauber tem tido.

    Após tornar-se o brasileiro com melhor resultado em sua estreia na categoria com a quinta colocação na abertura do Mundial, na Austrália, num tumultuado GP fora das pistas, Nasr continuou impressionando.

    Apesar de um final de semana problemático na Malásia, completou a prova e, na China, no último final de semana, ficou em oitavo.

    Mas o brasileiro de 22 anos quer mais. Apesar de conhecer a limitação de seu carro, sabe que esta é sua vitrine para ir para um time grande.

    "Tenho me dedicado muito à F-1. Muito da minha energia, dos meus pensamentos e todo trabalho que coloco na Sauber é porque eu quero atingir estes resultados. Cada ponto para mim é como uma vitória", afirmou Nasr, em Sakhir, onde domingo (19), às 12h (de Brasília), será realizado o GP do Bahrein. Ele larga em 12º

    Folha - Este início na F-1 superou as suas expectativas?
    Felipe Nasr - Não vou mentir. Sim, desde que assinei com a Sauber, estava esperando muito mais dificuldade em atingir estes resultados, não só para mim, mas para a equipe.

    Eles estavam esperando ano mais difícil, o carro tinha muitas limitações e não sabíamos quanto o motor da Ferrari iria melhorar, então tem sido uma surpresa.

    Mas desde o primeiro momento que guiei o carro senti que ele tinha potencial e parecia que a gente estava no caminho certo. Isso tem se comprovado. Os resultados que conseguimos são resultado de muito esforço. Eu também me dediquei muito para agarrar estas oportunidades.

    Falando da F-1, de maneira geral, é o que você esperava?
    Tudo tem dimensão muito maior. A quantidade de trabalho, atenção, mídia, glamour, tudo cresce. A F-1 é delicada, as pessoas olham muito resultados e cada vez que você está na pista é uma vitrine para te analisarem.

    Acho que este meu início foi muito bom para isso. Acho que foi um começo muito bom em todos os sentidos. Ter completado as três corridas, ter ganhado experiência.

    Mas vejo que a quantidade de trabalho, de atenção, as horas que gastamos com engenheiros, a dimensão de tudo é muito maior agora.

    Você chegou a ter medo de não correr neste ano por causa do imbróglio judicial entre a Sauber e o Giedo van der Garde [piloto holandês que reivindicava a vaga]?

    Sim, tive medo. Era um risco que a equipe inteira, não só eu, todo mundo corria. Tinha a possibilidade de a gente não ter corrido naquele final de semana [na Austrália].

    Para falar a verdade, o medo estava ali, mas não cheguei a pensar nesta possibilidade. Que bom que tudo se resolveu, se encaixou.

    Olhando para trás agora, é difícil acreditar que a gente passou por tanta dificuldade. Problemas internos, políticos. No fim, tudo deu certo.

    Quando ficou sabendo da história toda e do risco?
    Saí da Inglaterra no sábado, cheguei à Austrália no domingo. Foi quando estava indo pegar o voo para a Austrália que fiquei sabendo da notícia e que teria que estar no julgamento na segunda-feira. Foi tudo novo e veio a sensação de que não sabia mais o que ia acontecer.

    Acha que isso te fortaleceu?
    Sem dúvida. Indo para minha primeira prova, numa pista que eu não conhecia, no meu primeiro final de semana na F-1 e passando por todo esse problema.

    Foi só mais um obstáculo na minha vida, na minha carreira. Mas acho que isso me deixou mais forte, mais consciente e entendido de muita coisa na F-1. Foi um grande exercício mental para me manter equilibrado.

    O trabalho de bastidores na F-1 é tão importante quanto na pista?
    Acho que é super importante. Mas as pessoas olham para os resultados. Saber se comunicar nos bastidores, saber passar uma visão é vital. É muito fácil olhar um resultado e não saber porque aconteceu aquilo, ele foi bem ou não foi. Tem que entender os fatos. O trabalho que se faz nos bastidores é favorável.

    Quando você sonhava em chegar à F-1, tinha algum time específico que queria guiar?
    Claro que a gente sempre sonha em guiar pelas grandes equipes, mas sempre quis ser um piloto. Tenho objetivos aqui, tenho sonhos e você precisa estar numa equipe de ponta para conseguir.

    É um estudioso da engenharia e da mecânica dos carros?
    Sim, sempre gosto de entender mais porque é o carro que estou guiando e preciso entender a física dele, a engenharia, as limitações que a gente tem no carro, a mecânica.

    Tento me aprofundar cada vez mais nisso, mas no fim do dia eu sou piloto e o que gosto de fazer é guiar o carro. Mas acho que você tem que ter um entendimento da máquina que está guiando.

    E o esporte de maneira geral?
    Não sou fanático. Acompanho desde a época que era pequeno. Mas sou um cara que quer aprender coisas também fora da F-1 porque não dá para ser piloto a vida inteira. Um dia a gente vai ter que parar para fazer outra coisa.

    E o que seria isso?
    Longe das corridas eu nunca vou estar. Pelo fato de a minha família ter uma equipe no Brasil, quero em algum momento ajudá-los, mas ao mesmo tempo quero gerenciar alguma coisa, até mesmo começar uma empresa.

    Mas isso é pro futuro. Sei que o tempo que a gente tem como piloto é limitado.

    Ao mesmo tempo que me dedico muito à F-1, sei que não é para sempre. Me interesso em ler outras coisas, entender o mundo. Acho que tudo ajuda a ter um equilíbrio.

    Quando estava na GP2 você não tinha um bom relacionamento com o Marcus Ericsson, agora seu parceiro na Sauber. Como é a relação hoje?
    A gente se viu no Brasil no no passado e falamos: 'Não vamos ficar brigando. Estamos na mesma equipe e vamos trabalhar juntos para conquistar nosso objetivo'.

    Eu nunca tinha falado uma palavra com ele na GP2 e desde então passamos a nos falar.

    O Marcus é um cara tranquilo, bacana e também é uma pessoa mais reservada. Estamos tendo um relacionamento muito bom hoje.

    RAIO-X - FELIPE NASR

    NOME: Luiz Felipe de Oliveira Nasr

    NASCIMENTO: 21.ago.1992, em Brasília (DF)

    EQUIPE: Sauber

    NA F-1: 3 GPs, todos em 2015 (5º colocado na Austrália, 12º na Malásia e 8º na China)

    TÍTULOS:
    - Campeão da Fórmula BMW europeia (2009)
    - Campeão da F-3 inglesa (2011)

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