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    'Templo', Pacaembu é ignorado nas finais e espera por novo gestor

    LUIZ COSENZO
    RAFAEL VALENTE
    DE SÃO PAULO

    27/04/2015 02h00

    Palco de oito finais nos últimos seis anos, o estádio do Pacaembu deixou de receber jogos importantes justamente na temporada em que completa 75 anos –seu aniversário é nesta segunda-feira (27).

    O estádio, que viu Corinthians e Santos campeões da Libertadores e o Ituano como último vencedor do Estadual, despediu-se do Paulista com só cinco partidas, a pior marca desde 2008, quando estava fechado para reformas.

    O estádio está sem mandantes fixos desde as inaugurações das novas arenas de Palmeiras e do Corinthians em 2014, o que incomoda ex-jogadores como Rivellino, 69. "Dá dó ver o Pacaembu, um templo do futebol, às moscas. Tive muitas alegrias e sinto dor no coração por vê-lo esquecido", afirma à Folha.

    A última partida foi em 21 de março, com vitória do Santos sobre o Audax (1 a 0).

    A falta de jogos é minimizada pela Secretaria Municipal de Esportes. Segundo Celso Jatene, que comanda a pasta, o orçamento da prefeitura prevê gasto anual de R$ 9 milhões para gestão, independentemente da receita com futebol e outros eventos.

    Construído em 1940, o estádio sempre teve participação ativa na vida esportiva da cidade. Jatene diz que pretende repassar a administração à iniciativa privada, algo que avalia como um reinício.

    Após chamada pública em janeiro, sete interessados em geri-lo se inscreveram: a Associação Viva Pacaembu, a Associação Casa Azul, a Luarenas, a Construcap –citada na operação Lava Jato–, a Arcadis Logos e outros dois consórcios formados por três empresas cada um.

    Todos os inscritos receberam 90 dias para fazer estudos no Pacaembu. Ao final de junho, terão de apresentar projetos arquitetônico e de gestão para o estádio.

    "Até o final deste ano vamos definir o novo gestor. Esse projeto é importante porque prevê a modernização e um plano de administração. É possível que em 2016 o espaço fique fechado para reformas, mas esse plano vai assegurar uma retomada do Pacaembu", afirma Jatene.

    Entre os interessados não há entidade esportiva, mas o Santos oficializou à prefeitura o desejo de mandar jogos no local. O clube já tem acordo com a Luarenas para mandar até 30% de seus jogos lá.

    A Associação Viva Pacaembu, por exemplo, quer retomar a vocação formadora do Pacaembu e preservar a qualidade de vida da vizinhança.

    "O projeto que estamos desenvolvendo é uma fábrica de atletas. Queremos usar o espaço para crianças carentes. Foi com esse intuito que o estádio surgiu. O complexo tem uma estrutura interessante e viável para a prática de esportes olímpicos, menos rúgbi e esportes náuticos", diz Rodrigo Mauro, presidente da Associação Viva Pacaembu.

    Mauro contou que a entidade tem um parceiro para comandar o projeto, já que não possui recursos financeiros ou expertise para geri-lo.

    A Construcap aposta num modelo para competir com as modernas arenas de Corinthians e Palmeiras.

    "Nosso plano está em desenvolvimento. o estudo de demanda norteará a forma de gestão O projeto em desenvolvimento deverá contemplar diferentes eventos e usos, incluindo o futebol", diz Marco Antônio Eid, diretor de conteúdo da empresa.

    Algumas regras foram definidas para preservação.

    O Pacaembu se manterá como equipamento da prefeitura –a vencedora poderá explorá-lo comercialmente, mas não será dona de fato.

    A fachada, que é um patrimônio tombado, e o apelido Pacaembu –o nome oficial é Paulo Machado de Carvalho– estão assegurados. Porém, o nome de um patrocinador pode ser adicionado.

    O Museu do Futebol, que fica abaixo das arquibancadas do portão principal, não fará parte da concessão.

    HISTÓRIA

    O Pacaembu foi inaugurado como maior estádio do país. Abrigava mais de 70 mil pessoas. A abertura reuniu o então presidente Getúlio Vargas e o prefeito Prestes Maia. Houve desfile, números musicais e discursos.

    No dia seguinte houve os primeiros jogos. O Palestra Itália (atual Palmeiras) venceu o Coritiba por 6 a 2. No mesmo dia, o Corinthians bateu o Atlético-MG por 4 a 2.

    Na Copa de 1950, o estádio paulista foi palco de seis jogos, incluindo o empate de Brasil e Suíça.

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