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    Maioria dos clubes ultrapassa teto de gastos previsto pelo governo

    MARCEL RIZZO
    DE SÃO PAULO

    05/05/2015 02h00

    Dezesseis dos 20 maiores clubes do Brasil ultrapassaram em 2014 o teto de 70% nos gastos em seus departamentos profissionais de futebol com base no total de receita.

    O limite é um dos pré-requisitos para adesão ao programa de refinanciamento fiscal presente na medida provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff em 19 de março. A proposta visa sanear as finanças dos clubes de futebol no país.

    Os dados estão em levantamento realizado pela consultoria BDO, com base nos balanços financeiros de 2014.

    O teto de 70% de gastos no futebol é uma das contrapartidas que os clubes precisam cumprir para ter direito ao refinanciamento.

    Esse é um ponto da proposta que coloca de um lado governo federal e o movimento de jogadores Bom Senso, favoráveis, e do outro a CBF e a maioria dos clubes, que são contrários ao limite.

    "O custo do futebol indica se a gestão está sendo eficiente. Realizamos um estudo que chegou ao teto de 70% da receita para gastos no futebol, como uma maneira de evitar o endividamento, já que há outros gastos com infraestrutura, impostos, categorias de base...", disse Pedro Daniel, consultor da BDO, que participou do grupo interministerial que debateu a MP.

    Dos quatro clubes que gastaram até o limite de 70% no futebol profissional, três são do Rio: Vasco, Fluminense e Flamengo. Esse último, aliás, foi um dos dois clubes que defenderam o teto previsto em lei –o outro é o Atlético-PR, que também se manteve nesse patamar.

    Chama a atenção a situação do Atlético-MG, que gastou com o futebol mais do que tudo o que arrecadou na temporada passada.

    ATAQUE E CONTRA-ATAQUE

    A CBF argumenta que não é possível definir por lei um teto para gasto dos clubes em seus departamentos de futebol. Segundo a entidade, trata-se de uma ingerência nas administrações.

    "Há clubes que não podem aplicar 30% no futebol, mas existem outros que podem aplicar 95% ou 98%, sem prejuízos. Não deve haver lei para definir de que maneira uma empresa deve empregar seus investimentos", disse Rogério Caboclo, diretor financeiro da CBF.

    Para o Bom Senso, grupo de atletas que defende mudanças na estrutura do futebol brasileiro, os clubes jamais deixarão de se endividar sem a definição de um limite orçamentário.

    "Se tivéssemos bons e responsáveis gestores, não precisaria haver o limite. Defendemos essa medida para que os clubes só gastem o que arrecadem", disse o ex-meia de Coritiba e Palmeiras Alex, um dos líderes do Bom Senso.

    Editoria de arte/Folhapress

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