Se quiser seguir sonhando com o bicampeonato da Libertadores, o Corinthians de Tite vai ter que conseguir algo inédito na história do clube na competição: reverter uma desvantagem de dois ou mais gols no mata-mata.

A derrota por 2 a 0 para o Guaraní, do Paraguai, na noite desta quarta-feira (6), em Assunção, faz com que a equipe paulista precise vencer por três gols de diferença na próxima quarta (13), no Itaquerão, para avançar.

Se derrotar o rival por 2 a 0, a decisão da vaga será na disputa de pênaltis. Qualquer outra diferença por dois gols, com o Guaraní marcando, o Corinthians, quarta melhor campanha da primeira fase, estará fora da competição.

Esta será a quarta vez nos confrontos eliminatórios da competição que o Corinthians sai em desvantagem de dois ou mais gols –nunca conseguiu virar. Foi eliminado pelo Boca Juniors em 1991 (3 a 1 contra na ida), Grêmio 1996 (3 a 0 na ida) e Palmeiras em 1999 (2 a 0 na ida, devolvidos mas com derrota nos penais).

Em toda a história, o Corinthians saiu perdendo em oito confrontos de mata-mata e só uma vez virou, há 15 anos. Em 2000, perdeu na Argentina do Rosário por 3 a 2, devolveu o placar em São Paulo e nos pênaltis fez 4 a 3.

A difícil missão vem em um momento ruim na temporada, com o time em queda livre. Nos últimos sete jogos, venceu somente um, contra a Ponte Preta –graças a um erro da arbitragem, que invalidou gol legítimo do rival.

Nesta quarta, Tite teve a volta de Guerrero, seu principal jogador, que estava fora havia um mês por ter contraído dengue. Mas a maior posse de bola do time não se transformou em eficiência.

"Não imaginei o resultado. A equipe não retomou o padrão normal, isso é inconteste. O tamanho do prejuízo só saberemos após 90 minutos em casa", disse o técnico Tite.

QUEDA DE RITMO

O Guaraní –que empolgou os torcedores corintianos ao ser definido como o adversário nas oitavas de final, por ser considerado um rival mais fraco do que outras possibilidades, como o Atlético-MG– usava o contra-ataque e a força física do centroavante Santander para assustar.

E assustou um Corinthians que via o trio Jadson, Renato Augusto e Elias, responsável por tornar o time o "o melhor do Brasil" no início do ano, errar a maioria dos passes.

O Guaraní já poderia ter vencido o 1° tempo se Gil não tivesse tirado uma bola em cima da linha do gol de Cássio.

No segundo tempo, aos 15 minutos, Cássio falhou feio ao não segurar uma falta cobrada por Santander. "Foi excesso de confiança. Achei que poderia segurar e errei", afirmou o goleiro corintiano.

O zagueiro Felipe, aos 37 min, perdeu na disputa de corpo para Contrera, que ampliou. "Eles souberam marcar nossa saída e colocaram pressão. Mas temos totais condições de vencer dentro de casa", disse Fábio Santos.

4 CAUSAS DA QUEDA DO CORINTHIANS

1 - Ausência do seu principal jogador
Guerrero contraiu dengue e ficou um mês fora. O time não venceu sem ele. Vágner Love não rendeu no ataque. Nesta quarta (6), contra o Guaraní, Guerrero sentiu falta de ritmo de jogo –e, mesmo assim, foi um dos melhores do time.

2 - Sequência de jogos na temporada
Até parar por 15 dias entre as derrotas para o São Paulo e para o Guaraní, time de Tite fez quase um jogo a cada três dias desde que estreou oficialmente na temporada, em fevereiro, contra o Marília. Foram 26 jogos em 3 meses.

3 - Para descansar, Tite criou um rodízio
Para diminuir o desgaste, Tite mesclou titulares e reservas no Paulista, até na semifinal contra o Palmeiras, quando poupou Elias e Renato Augusto e o time foi eliminado.

4 - Time virou vitrine e ficou manjado
Considerada a melhor do país no início do ano, equipe ficou na mira dos rivais, que estudaram o jeito de jogar e dificultaram as infiltrações, principal arma do time.