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    Conhecidos por atos de violência, barrabravas estão sob suspeita

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    16/05/2015 02h00

    O gás de pimenta ainda ardia nos olhos dos jogadores do River Plate quando as primeiras imagens dos supostos responsáveis pela agressão começaram a aparecer na TV.

    Um torcedor do Boca Juniors, com parte do rosto encoberto, é investigado como suspeito de ter lançado o gás no túnel da equipe rival. Seria ele um "barra-brava", integrante das violentas torcidas organizadas argentinas?

    Nesta sexta (15), o jornalista Gustavo Gabria, autor do livro "La Doce" [a 12ª], sobre a principal organizada do Boca, informava em seu blog no site do "Olé" que uma disputa pelos milionários negócios geridos pelas torcidas poderia estar na raiz do ataque.

    Inconformado por ter ficado de fora dos ganhos com o superclássico, um grupo de "barrabravas" teria prometido uma "surpresinha". Ainda não se sabe o gás de pimenta era parte do plano.

    O fato é que os barras do Boca controlam várias atividades lucrativas, como o estacionamento nas ruas em volta do estádio (que não saem por menos de 100 pesos ou R$ 25) e a revenda de ingressos, que para este jogo chegaram a ser oferecidos a 11 mil pesos (R$ 3.000).

    Segundo Gabria, eles lucrariam também com merchansing e venda de passes de jogadores, um negócio milionário movido pela violência nos estádios e fora deles.

    Entre 2003 e 2009, o antropólogo José Garriga Zucal fez parte de uma torcida organizada do Huracán para estudar os "barrabravas". Constatou que dirigentes do futebol mantêm relação de mútua dependência com líderes dessas torcidas, que influenciam a política do clube.

    "Não diria que os dirigentes são seus reféns, são seus sócios inevitáveis", afirmou.

    Em troca, os dirigentes têm acesso à principal moeda de troca que os barras podem oferecer: sua capacidade de cometer atos violentos.

    Este é o ativo que os grupos "vendem" também a outros interessados, como políticos, empresários e sindicalistas, diz Garriga, o que cria vínculos que vão além do futebol.

    Um caso recente foi o assassinato do militante do Partido Operário Mariano Ferreyra, em uma greve em 2010. Dois barras o teriam executado a mando de opositores do movimento sindicalista.

    Juan Mabromata/AFP
    Leonel Vangioni, do River Plate, lava o rosto depois de ser atingido por gás de pimenta dentro de campo
    Leonel Vangioni, do River Plate, lava o rosto depois de ser atingido por gás de pimenta dentro de campo
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