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    ANÁLISE

    Desistências são atestado público de impotência contra Blatter

    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    21/05/2015 15h41

    Ennio Leanza/Efe
    O presidente da Fifa, Joseph Blatter, durante coletiva de imprensa na sede da entidade
    O presidente da Fifa, Joseph Blatter, durante coletiva de imprensa na sede da entidade

    Joseph Blatter foi reeleito presidente da Fifa no dia em que decidiu concorrer ao quinto mandato.

    As desistências de Michael van Praag e Luís Figo de participarem do pleito do próximo dia 29 foram apenas o reconhecimento público de que eles não teriam chance nenhuma contra o poderio de mobilização do suíço junto às associações nacionais que formam o colégio eleitoral do órgão.

    Ao recuarem na intenção de assumirem o comando da Fifa, eles apenas evitaram uma derrota acachapante, provavelmente até desmoralizante.

    O presidente da federação holandesa e o ex-jogador português sabiam desde o início de que seria uma tarefa hercúlea tirar Blatter do comando da entidade que dirige desde 1998. Mas resolveram arriscar.

    A esperança das candidaturas era conseguir romper a barreira da Europa, único continente com oposição consolidada ao suíço. Por isso, ambos prometeram aumentar o número de vagas na Copa do Mundo. O plano era comprar com a ambição de estar em um Mundial aqueles votos fadados a irem para a conta de Blatter.

    Só que esse é um jogo que o presidente da Fifa sabe jogar melhor que qualquer um dos opositores.

    Se Van Praag e Figo tinham a oferecer o sonho de disputar uma Copa a países que jamais o fizeram, Blatter respondeu com dinheiro. Cada associação nacional recebeu um bônus de US$ 750 mil (R$ 2,3 milhões) graças aos bons resultados financeiros da entidade no ano passado.

    "Vi eu presidentes de federação que num dia comparavam os líderes da Fifa ao Diabo e no outro subiam ao palco a comparar as mesmas pessoas a Jesus Cristo. Ninguém me contou. Fui eu que presenciei", publicou Figo, em sua conta no Facebook.

    O português, nome preferido dos atletas e personalidades que defendem uma reforma estrutural na entidade, teve dificuldades no diálogo com as associações nacionais. Ele até poderia concentrar os votos europeus. Mas ficaria nisso.

    Já Van Praag tinha a promessa de ser apoiado por Suriname, ex-colônia holandesa, na eleição da próxima semana. Um voto fora da Europa. Foi tudo o que conseguiu.

    Os europeus não querem Blatter no comando da Fifa e devem votar em massa no príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein, único adversário do suíço ainda na disputa. Apesar de asiático, ele também não terá um apoio volumoso do seu continente.

    A tendência é que o atual presidente seja reeleito com quase a unanimidade dos votos de América, Ásia, África e Oceania (156 das 209 federações nacionais estão nesses continentes). Já seria assim se tivesse Van Praag e Figo como adversários. E também será assim sem eles.

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