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    Hoje moda, surfe já foi 'coisa de maconheiro' e banido de praias do Rio

    ÉDER FANTONI
    DE SÃO PAULO

    22/05/2015 12h00

    Reprodução/Facebook/ricodesouza.surf
    Rico de Souza e seus amigos Horacio Seixas e Sergio Leandro,"Ratinho", surfistas da década de 1970
    Rico (centro) e seus amigos Horacio Seixas e Sergio Leandro,"Ratinho", surfistas da década de 1970

    Rico de Souza, 62, é um dos pioneiros do surfe no Brasil e virou tema do documentário "Surfar é Coisa de Rico", que foi exibido no Brasil no início deste ano e estreia nesta sexta-feira (22) no San Diego Surf Film Festival, nos Estados Unidos.

    O documentário, produzido pela Sentimental Filme e dirigido pelo diretor Guga Sander, narra a trajetória de Rico, que foi um dos grandes responsáveis pela profissionalização da modalidade no país, nos anos 1960.

    Mas o filme vai além da vida dele. É também uma volta às origens do surfe brasileiro, que na época de Rico ainda era só um hobbie tachado por muitos como de "vagabundo" ou "maconheiro".

    "Eu fico muito feliz e orgulhoso com este filme porque não é um documentário apenas sobre minha vida. Registra também a história do surfe brasileiro e os outros pioneiros", disse Rico em entrevista para a Folha.

    Veja vídeo

    "Mostra o início da modalidade no país, a época da evolução, de quando era proibido pegar onda. Depois viajamos pelo mundo. É um filme com muita pesquisa", afirmou.

    Para Rico, o documentário é uma boa chance para o público ver que esta nova geração de surfistas do Brasil, encabeçada por Gabriel Medina, teve antecessores de sucesso.

    "Nós é que plantamos tudo isso que está acontecendo agora. As coisas começaram em 1964. Faz 50 anos que estamos trabalhando sobre isso. E agora temos essa geração brilhante. Não podemos esquecer que tivemos uma base", afirmou.

    O documentário relembra as dificuldades de se surfar na época, quando até a ditadura militar aplicava regras. No Rio, por exemplo, não era permitida a prática da modalidade no meio da praia de Ipanema e Leblon. Só era possível nos cantos de pedra, em horário determinado.

    "Já fui até preso. Tínhamos que seguir essa linha que um militar impôs naquela época. Só quem viveu nesse período sabe disso", afirmou.

    Rico relembra ainda que peitou a sua família para se estabelecer no surfe. Seu pai, por exemplo, era advogado e não aceitava que seu filho vivesse apenas do surfe.

    Mas Rico não deixou a sua prancha de madeira de lado e ganhou o mundo. No documentário, ele retrata que ganhou o respeito em grandes picos do surfe, como no Havaí, meca da modalidade. Ele e sua turma criaram uma reputação importante no Estado Americano. Abriram as portas para outros praticantes do país.

    O documentário teve filmagens em Santos, no Rio de Janeiro, no Havaí e nas Maldivas e conta com depoimentos de grandes nomes do surfe brasileiro, como Otávio Pacheco e Ricardo Bocão, e dos atores Evandro Mesquita Kadu Moliterno.

    Rico foi bicampeão brasileiro (1972 e 1973) e tricampeão de longboard (1987, 1988 e 1989). Além disso, esteve no livro dos recordes por duas vezes: reuniu o maior número de surfistas na mesma onda e surfou com a maior prancha já fabricada.

    O festival californiano, que acontece uma vez por ano, apresenta os melhores filmes independentes do surfe.

    O público brasileiro poderá assistir ao documentário pelo canal SurfingXtreme, no Youtube, no sábado (23), das 14h às 2h. Em julho, será exibido pelo canal por assinatura OFF.

    CONFIRA AS PRINCIPAIS MANOBRAS DO SURFE

    Manobras do surfe; Crédito Ilustrações Lydia Megumi; Infográfico Alex Kidd e Pilker/Editoria de Arte/Folhapress

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