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    Corrupção no futebol

    Congresso quer criar CPI para investigar gestão Marin na CBF

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    27/05/2015 16h28

    Senadores e deputados iniciaram um movimento nesta quarta-feira (27) para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a gestão de José Maria Marin no comando da CBF.

    O ex-dirigente foi detido nesta quarta pela polícia suíça em uma operação realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos. Ele e outros cartolas que também foram presos são investigados pela Justiça americana em um suposto esquema de corrupção.

    O senador José Perrella (PDT-MG) afirmou que espera reunir mais de 50 assinaturas no Senado, mais que as 27 necessárias, para criar a comissão. Disse também já ter o apoio de parlamentares do PT e do PMDB, entre outros partidos. "Não acho que haverá senador que seja contra isso."

    Perrella, ex-presidente do Cruzeiro, ajudou o governo Dilma Rousseff a derrubar a criação de uma CPI da CBF em 2013. Na época, ele disse que trabalhou pela retirada das assinaturas a favor da comissão a pedido de Marin, de quem era amigo pessoal.

    Nesta quarta, Perrella afirmou que não havia fato relevante na época que justificasse iniciar a comissão às vésperas da Copa do Mundo Fifa no Brasil.

    O senador afirmou que há uma movimentação também na Câmara para abertura de uma CPI sobre o mesmo tema. Por isso, a comissão poderia ser mista, ou seja, com participação de representantes das duas Casas.

    "Vamos investigar do período dele [Marin] para cá. Em um segundo momento, podemos até investigar alguma coisa para trás", afirmou.

    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que irá criar a CPI se houver as assinaturas necessárias.

    Reprodução

    ESQUEMA DE MAIS DE US$ 100 MILHÕES

    As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva.

    Em nota, autoridades suíças divulgaram que contas dos acusados foram bloqueadas no país. Elas eram usadas para recebimento de subornos.

    Além dos detidos nesta quarta, outros sete dirigentes e empresários foram acusados de corrupção no caso por lavagem de dinheiro e fraude. "Era um esquema que atuava há 24 anos para enriquecer dirigentes através da corrupção no futebol internacional", informa nota da Justiça americana.

    Segundo autoridades dos Estados Unidos, quatro acusados detidos confessaram culpa no caso nesta quarta.

    Além da investigação nos EUA, as autoridades suíças recolheram nesta quarta (27) documentos na sede da Fifa, em Zurique, em uma apuração relacionada à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "A Fifa vai cooperar plenamente com a investigação e apoiará a busca por provas. Como observado pelas autoridades suíças, a coleta de provas está sendo realizada numa base de cooperação. Estamos satisfeitos em ver que a investigação está sendo energicamente perseguida para o bem do futebol e acredito que vai ajudar a reforçar as medidas que a Fifa já toma", informou a entidade em nota divulgada para a imprensa.

    Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 14 pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no caso. Além dos detidos, estão também os dirigentes Jack Warner e Nicolás Leoz, os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis, Mariano Jinkis, além de José Margulies, um suposto intermediário que facilitava pagamentos ilegais.

    Réu confesso, José Hawilla, 71, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, que tem os direitos de transmissão, patrocínio e promoção de campeonatos de futebol e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil, também é citado pela Justiça americana.

    Segundo a nota do governo dos Estados Unidos, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milhões (R$ 473 milhões na cotação atual) de seu patrimônio –US$ 25 milhões (R$ 78 milhões) deste total já teriam sido pagos no momento da confissão.

    ELEIÇÃO ESTÁ CONFIRMADA

    O diretor de Comunicação da Fifa, Walter de Gregório, disse em entrevista coletiva que a entidade é parte "prejudicada" pelo episódio, e que está colaborando com as autoridades.

    Segundo ele, apesar do momento difícil, a operação é uma "coisa boa" para a entidade.

    De acordo com o assessor, as autoridades suíças relataram que escolheram esta quarta para as prisões por causa da facilidade em encontrar todos os dirigentes acusados no mesmo lugar. A Fifa confirmou a realização da eleição para a próxima sexta (29).

    No cargo desde 1998, Blatter deve ser reeleito com tranquilidade –seu único adversário é o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein. Em comunicado nesta quarta comentando a operação da polícia suíça, Ali disse que "hoje é um dia triste para o futebol".

    O ex-jogador português Luís Figo era candidato até semana passada, quando saiu da disputa disparando contra o comando da entidade. Junto dele também desistiu da candidatura o dirigente holandês Michael van Praag. Ambos apoiam agora o príncipe da Jordânia.

    Em um comunicado, Figo criticou a eleição de sexta e classificou de "ditadura" o atual modelo de comando da Fifa.

    Ao todo, 209 federações votam no pleito. Até agora, do ponto de vista relevante, o príncipe da Jordânia recebeu apenas o apoio dos cartolas europeus, sobretudo do presidente da Uefa, Michel Platini, mas insuficiente para derrotar Blatter.

    Editoria de arte/Folhapress
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