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    Corrupção no futebol

    Polícia Federal abriu 13 inquéritos sobre a CBF e não conclui nenhum

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    29/05/2015 02h00

    Em 15 anos, a Polícia Federal, no Rio, abriu 13 inquéritos contra a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o seu ex-presidente Ricardo Teixeira. Nenhum deles obteve resultado até hoje.

    Neste período, a CBF patrocinou congressos, viagens e até cedeu a Granja Comary, centro de treinamento da seleção brasileira, para um torneio de futebol de delegados.

    Nesta quinta (28), um novo inquérito foi aberto para investigar lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro dos dirigentes da CBF e empresários de futebol.

    A Polícia Federal informou que "nenhum inquérito está parado na PF". Algumas investigações foram arquivadas ou trancadas por determinação judicial, diz o órgão. "Há ainda casos de investigações enviadas à Justiça que aguardam retorno com decisão".

    Entre 2001 e 2003, 13 inquéritos foram abertos na Superintendência da PF, no Rio tendo como alvo Teixeira ou a CBF. Todos para investigar crimes financeiros. Em nenhum deles, o mandatário da CBF foi indiciado.

    A lista com o número dos inquéritos foi encontrada, em 2006, numa busca da própria PF, na sala do delegado Roberto Prel, então, número 2, da instituição no Rio.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Prel não foi encontrado para falar sobre a lista. À polícia disse na ocasião que a medida foi para cobrar providências de seus subordinados.

    Em 2004, um novo inquérito foi aberto na PF contra Ricardo Teixeira, além das CPIs da CBF e da Nike, já terem ocorrido no Congresso.

    'PELADA' DE POLICIAIS

    A relação da CBF com integrantes da PF se intensificou a partir de 2009. Ricardo Teixeira liberou R$ 300 mil para que a Associação de Delegados Federais realizasse o 4º Congresso Nacional, em Fortaleza (CE). Foram quatro dias de evento.

    Teixeira foi um dos palestrantes na ocasião, onde falou sobre a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

    Meses depois, em 2010, a ADPF (Associação de Delegados da PF) realizou uma "pelada" de futebol na Granja Comary. Por três dias, a associação, que chamou o local de um dos "templos do futebol brasileiro", reuniu delegados, peritos e policiais civis do Distrito Federal.

    Arquivo Pessoal
    O delegado Cláudio Tusco no torneio de futebol na Granja Comary, em 2010
    O delegado Cláudio Tusco no torneio de futebol na Granja Comary, em 2010

    A ADPF não respondeu à reportagem se o caso configura algum tipo de conflito.

    O torneio entre policiais ocorreu meses depois de a PF deflagrar, em novembro de 2009, a operação Caixa de Pandora em que descobriu o pagamento de um mensalão do DEM, em Brasília. Entre os envolvidos no esquema estava Fábio Simão, apontado como um dos principais operadores do esquema.

    Ele foi presidente regional da CBF e presidente da federação brasiliense de futebol. No processo, Simão nega todas as acusações.

    Também em 2010, a CBF patrocinou a ida de um coral de delegados aposentados da PF à Argentina para shows. O valor do apoio cultural não foi divulgado.

    Teixeira não foi localizado para comentar o apoio às entidades de policiais federais.

    O código de ética do servidor público federal aponta que "a função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público".

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