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    Corrupção no futebol

    Ricardo Teixeira movimentou R$ 464 mi na organização da Copa, diz revista

    DE SÃO PAULO

    01/06/2015 17h47

    Segundo reportagem da revista 'Época' publicada nesta segunda-feira (1º), o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, suspeito de participar de um esquema internacional de pagamento de propinas, movimentou em suas contas R$ 464,56 milhões no período que comandou a organização da Copa do Mundo do Brasil.

    As informações constam de relatório da Polícia Federal produzido em janeiro deste ano, obtido pela revista.

    Teixeira foi presidente do Comitê Organizador Local da Copa entre 2009 e 2012, quando renunciou da função e também da presidência da CBF.

    "Juntada das informações do Coaf, onde constam informações sobre altas movimentações financeiras realizadas por Ricardo Terra Teixeira, no montante de R$ 464.560.000,00 ( quatrocentos e sessenta e quatro milhões, quinhentos e sessenta mil reais), entre os anos de 2009 e 2012, sendo que tais foram considerados atípicos pelo Coaf", diz o relatório da Polícia Federal.

    O relatório também aponta que Teixeira mantinha contas no exterior e repatriou valores para adquirir um apartamento de R$ 720 mil no Rio de Janeiro. De acordo com a PF, Teixeira "não teria como justificar os valores envolvidos na aquisição" e por isso trouxe dinheiro de fora do país.

    A PF indiciou Ricardo Teixeira por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documento público.

    Editoria de Arte/Folhapress

    VIDA PÓS-CBF

    Teixeira comandou a CBF por mais de duas décadas e decidiu deixar o poder após as denúncias de corrupção no Brasil e no exterior. Ele saiu do país às pressas em março de 2012, pressionado pelas investigações sobre suspeita de desvio de dinheiro público na realização do amistoso entre Brasil e Portugal, em Brasília.

    Teixeira redigiu sua carta de renúncia nos Estados Unidos e só voltou ao país no ano seguinte. Mesmo assim, o ex-cartola articulou a posse do sucessor José Maria Marin, preso na quarta-feira (27), e continuou recebendo salário da CBF –mais de R$ 100 mil mensais.

    Neste período nos Estados Unidos, ele aproveitava a vida dirigindo carros de luxo ou navegando um barco de 65 pés avaliado em cerca de R$ 6 milhões.

    Em 2013, Teixeira sofreu dois golpes. Terminou o seu segundo casamento e correu risco de morte por causa de uma crise renal.

    O ex-presidente da CBF voltou ao país para se submeter a um transplante. Seu irmão doou o rim. Abatido, o ex-cartola ganhou peso e decidiu voltar novamente ao Rio. No país, ele era visto com frequência num restaurante no Leblon.

    Ele voltaria a deixar o país na véspera do início da Copa do Mundo de 2014. Temia ser alvo de protestos. Alugou um iate e ficou por dois meses viajando pela Europa, onde gostava de encontrar com Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, que renunciou ao cargo após suspeitas de irregularidades no clube catalão.

    No mês passado, Teixeira fez outra mudança. Ele viajou ao Uruguai, onde registrou o país como seu novo domicílio fiscal.

    A MANSÃO

    Na semana passada, Ricardo Teixeira decidiu vender sua mansão de mais de 600 metros quadrados em Miami. O cartola anunciou a propriedade em corretoras de imóveis da Flórida após saber, no ano passado, que o empresário J. Hawilla começou a colaborar com investigação das autoridades norte-americanas.

    Parceiro da CBF em negócios na gestão de Teixeira, Hawilla, dono do Grupo Traffic, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo, fez acordo com a Justiça dos EUA. Ele confessou crimes de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro, obstrução da justiça e vai pagar multa de US$ 151 milhões (pouco mais de R$ 475 milhões).

    O ex-cartola teme perder a mansão durante o desdobramento das investigações nos EUA. José Maria Marin, seu sucessor, foi preso na quarta pelo FBI.

    O imóvel de dois andares, com sete quartos e oito banheiros, entrou no catálogo de imobiliárias especializadas no mercado de alto luxo dos Estados Unidos há cerca de seis meses. Em 2012, ele pagou cerca de R$ 22 milhões pela mansão localizada num do condomínio de alto padrão em Miami. A casa conta com uma marina particular.

    Teixeira quer vender a residência abaixo do valor para tentar se livrar do negócio. A antiga proprietária da casa, a ex-tenista russa Anna Kournikova, demorou quase nove meses para negociar o imóvel.

    Em 2013, a Folha revelou que o ex-cartola comprou a propriedade após renunciar ao cargo de presidente da CBF.

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