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    Corrupção no futebol

    Jérôme Valcke movimentou R$ 32 mi usados em propina, segundo jornal

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    01/06/2015 18h55

    A Justiça dos Estados Unidos acredita que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, está envolvido no esquema de corrupção no futebol revelado na semana passada.

    É o que informa o "The New York Times". De acordo com o jornal, funcionários do governo norte-americano, falando sob condição de anonimato, apontaram o francês Valcke como o responsável pela transferência de US$ 10 milhões (cerca de R$ 32 milhões) usados para o pagamento de propinas.

    A revelação aproxima o escândalo do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de quem Valcke é braço direito.

    O número 2 da instituição seria o "alto funcionário da Fifa" que, segundo o indiciamento, transferiu o montante para contas controladas por Jack Warner, na época presidente da Concacaf, a confederação de futebol das Américas do Norte e Central.

    O pagamento, feito em três parcelas entre janeiro e março de 2008, é um ponto central no indiciamento de Warner, acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA de receber dinheiro para apoiar a candidatura da África do Sul para a Copa-2010.

    O processo não afirma, porém, que o alto funcionário tinha conhecimento de que o dinheiro era usado para o pagamento de propinas.

    O nome de Jérôme Valcke não aparece no processo –assim como os nomes de ao menos duas dezenas de coconspiradores.

    Com a revelação do jornal norte-americano, ganha novo fôlego o maior escândalo de corrupção no futebol, que levou à prisão sete dirigentes na semana passada durante o congresso da Fifa na Suíça.

    Um dos detidos foi José Maria Marin, presidente da CBF até abril de 2015. Estava no poder, portanto, quando o Brasil sediou a Copa de 2014.

    Valcke, novo personagem do escândalo, se tornou conhecido dos brasileiros justamente por supervisionar os preparativos da Copa no país.

    Em março de 2012, ele chegou a dizer que o país merecia um "chute no traseiro" pelo atraso nas obras do estádio do Maracanã, no Rio.

    Antes de se tornar o "fiscal" da Copa, no entanto, Valcke atuou como consultor da campanha que permitiu ao país ser escolhido para sediar o Mundial, como revelou a Folha em reportagem publicada em janeiro de 2013.

    OUTRO LADO

    Em e-mail ao "New York Times", Valcke afirmou que não autorizou o pagamento e não teria poderes para isso. A porta-voz da Fifa, Delia Fischer, disse que a transferência foi autorizada pelo diretor do comitê financeiro à época, Julio Grondona, que morreu no ano passado.

    Blatter foi questionado sobre o pagamento no último sábado (30) após sua reeleição para um quinto mandato como presidente da Fifa.

    "Definitivamente, não sou eu [que teria autorizado]. O que posso dizer é que não tenho esses US$ 10 milhões."

    Esse não seria o primeiro problema de Valcke com a Justiça norte-americana.

    Em dezembro de 2006, ele deixou a Fifa ser considerado culpado nos Estados Unidos por uma negociação de patrocínio com a Visa.

    De acordo com a corte de Nova York, Valcke, o então diretor de marketing e TV da Fifa, teria violado a cláusula de prioridade da MasterCard, parceira da entidade.

    Apesar da multa, Valcke retornou em junho de 2007 como secretário-geral.

    DETIDOS

    A pedido das autoridades dos EUA, a polícia Suíça realizou na última quarta-feira (27) uma operação surpresa para deter sete dirigentes da Fifa investigados por corrupção e com mandados de extradição. Entre os detidos está o ex-presidente da CBF José Maria Marin, que deixou a entidade me abril.

    Os outros detidos foram Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel.

    Agentes chegaram no início da manhã (horário local) ao luxuoso hotel cinco estrelas Baur au Lac, em Zurique, onde os dirigentes estão reunidos para um congresso anual da entidade máxima do futebol. A entrada do prédio foi bloqueada e dezenas de jornalistas se aglomeravam no local. Ainda não há informações de para onde os detidos foram levados.

    Os alvos da operação seriam principalmente dirigentes da Concacaf, como o presidente Jeffrey Webb. A entidade, que engloba os países das Américas do Norte e Central e do Caribe, realizou na terça (26) uma reunião que contou com a presença do presidente da Fifa, Joseph Blatter.

    Detidos

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