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    Corrupção no futebol

    Em meio a escândalo, Blatter renuncia à presidência e convoca novas eleições

    BERNARDO ITRI
    ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE

    02/06/2015 13h52

    Valeriano di Domenico/AFP
    Cadeira do presidente da Fifa, Joseph Blatter, antes do anúncio oficial em Zurique, na Suíça
    Cadeira de Joseph Blatter antes do anúncio oficial em Zurique, na Suíça

    Diante do maior escândalo da história do futebol mundial, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou que vai deixar o cargo, ocupado por ele há 17 anos.

    A decisão acontece quatro dias após o cartola ser reeleito para um mandato que duraria até 2019.

    "Embora os membros da Fifa tenham me reelegido presidente, não pareço estar apoiado pelo mundo do futebol: jogadores, clubes. Vou continuar exercendo a minha função como presidente até um novo presidente ser escolhido", anunciou Blatter em pronunciamento na sede da entidade, em Zurique.

    "Eu refleti sobre minha presidência, meus últimos anos. Esses anos foram dedicados à Fifa e a esse belo lugar do futebol. Eu adoro e amo a Fifa mais do que qualquer coisa. E só quero fazer o melhor pela Fifa e pelo futebol. Decidi concorrer de novo [para a última eleição], foi uma eleição apertada. É por isso que vou convocar um congresso extraordinário e colocar minha função à disposição", afirmou o cartola.

    A nova eleição para presidente da Fifa deve acontecer entre dezembro deste ano e março de 2016, de acordo com a entidade.

    A decisão de entregar o cargo foi tomada por Blatter na tarde tarde desta terça, ou seja, horas antes do anúncio. A sede da Fifa ficou fechada durante todo o dia, e os cartolas reunidos, discutindo o escândalo de corrupção que, nesta segunda (1º), atingiu o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, braço-direito de Blatter.

    Após a decisão ter sido tomada, a Fifa convocou uma entrevista coletiva sem informar qual seria o tema tratado. Em Zurique, havia a expectativa de que, pressionado, Valcke deixasse o cargo. A queda de Blatter pegou de surpresa até mesmo funcionários da Fifa. Eles sabiam que haveria alguma decisão importante a ser tomada, mas não imaginavam que o presidente entregaria o cargo.

    TENSÃO

    O pronunciamento aconteceu em meio a um clima de tensão na sede da Fifa. A princípio Blatter concederia uma entrevista ao lado de Walter de Gregorio, diretor de comunicação, e Domenico Scala, diretor do comitê de auditoria e conformidade da Fifa.

    Mas, momentos antes do início da entrevista, Fifa mudou os planos e retirou os nomes de Blatter e de Scala da mesa de entrevista.

    Ambos apenas fizeram um pronunciamento e não permitiram perguntas.

    Na eleição, Blatter venceu após o príncipe desistir de participar do segundo turno. Na primeira votação, Blatter obteve 133 votos entre 209 federações.

    Pelas regras, como nenhum dos dois candidatos atingiu dois dois terços dos votos, haveria a necessidade de um segundo turno, quando então se exige apenas maioria simples.

    Com os 133 votos, Blatter já tinha, em tese, essa maioria. O príncipe, que conquistou 73 votos, então abriu mão da disputa. Três votos foram nulos.

    Ao deixar a chefia da Fifa, Blatter, deixará também de ser membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), órgão do qual faz parte em razão de seu cargo federativo.

    Ele foi eleito membro do COI "ex-officio" em 1999, dentro da cota reservada a presidentes de federações internacionais. Por esta razão, não pertencerá ao Comitê Olímpico Internacional a partir do momento em que deixar o posto na Fifa.

    O suíço deveria, em todo caso, deixar o COI no final de 2016, após completar 80 anos, limite de idade para os escolhidos antes de 2000.

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