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    Corrupção no futebol

    'Decisão difícil, corajosa e certa', diz Platini sobre Blatter; veja repercussão

    DE SÃO PAULO

    02/06/2015 15h08

    Michael Probst/Associated Press
    Platini durante Congresso da Fifa
    O presidente da Uefa, Michel Platini, durante congresso da Fifa

    O presidente da Uefa, Michel Platini, avaliou como "corajosa e certa" a decisão de Joseph Blatter de renunciar à presidência da Fifa. O suíço, em meio ao maior escândalo da história do futebol, anunciou nesta terça-feira (2) que deixará o cargo assim que um novo presidente for escolhido, em nova eleição prevista para ocorrer entre dezembro deste ano e março de 2017.

    "Foi uma decisão difícil e corajosa, e é a decisão correta", disse Platini em breve comunicado publicado no site da Uefa.

    Antes das eleições que reelegeram Blatter na semana passada, Platini aconselhou o suíço a desistir da disputa.

    "Eu disse que ele deveria renunciar, reconhecer. Mas ele me disse que era muito tarde, que o congresso já iria começar", afirmou Platini na ocasião, sem descartar um possível boicote à Copa caso Blatter continuasse à frente da Fifa.

    Atualmente, a Uefa consolidou-se como principal oponente de Blatter no futebol mundial, e Platini tem sido especulado como um dos mais fortes postulantes à chefia da Fifa.

    Outro forte candidato é o príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein, derrotado no último pleito. A equipe do príncipe já anunciou que, em caso de novas eleições, será candidato novamente.

    *

    CRUYFF

    O ex-jogador e ex-técnico holandês Johan Cruyff criticou Josep Blatter ao entender que ele não devia ter tomado a decisão de sair da Fifa quatro dias após sua reeleição.

    "Como ele pode se apresentar a uma eleição e quatro dias depois desaparecer? Não o entendo. Não sei por que foi embora agora", disse o ex-treinador do Barcelona em um debate na Espanha.

    "Sentimos muito porque o Brasil organizou uma Copa que, esportivamente, foi ótima, mas a nível político está nos trazendo muitos danos", afirmou o ex-volante Edmilson, campeão do mundo em 2002, que estava no debate com Cruyff, em Barcelona.

    BECKENBAUER

    Franz Beckenbauer classificou como razoável o pedido de renúncia de Blatter. Presidente de honra do Bayern de Munique e membro do Comitê Executivo da Fifa entre 2007 e 2011, o ex-jogador alemão disse ao diário "Bild" que o anúncio de Blatter aconteceu em razão da enorme pressão.

    "Foi uma decisão razoável de Joseph Blatter. A pressão era demasiado grande. Nunca recuperaria a tranquilidade, independentemente de ter parte de culpa nos escândalos ou não. O problema da Fifa está em seu sistema", afirmou ao "Bild".

    Beckenbauer foi interrogado pela Comissão de Ética da Fifa a respeito da escolha de Rússia e Qatar como sede das Copas de 2018 e 2022, respectivamente.

    ALEMANHA

    O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Wolfgang Nierbach, também elogiou a decisão de Blatter. "É realmente trágico que não tenha se economizado e não nos tenha economizado disto, e ter feito isso antes", disse.

    Segundo Nierbach, a decisão tomada pelo suíço, apesar de tardia, foi "absolutamente correta". Na opinião do dirigente alemão, a saída de Blatter aconteceu porque "não se resolveram todos os problemas" da entidade, que está em xeque com o escândalo de corrupção.

    FRANÇA

    O presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, mostrou-se surpreso com a renúncia de Joseph Blatter. Para ele, o favorito a ocupar o cargo é o francês Michel Platini, presidente da Uefa.

    "[Platini] continua sendo meu preferido. Estará preparado para se meter nessa aventura? Não posso me colocar no lugar dele, mas penso que se a Europa deve apresentar um candidato, só pode ser Michel", disse emissora RTL.

    RÚSSIA

    Presidente interino da União de Futebol da Rússia (UFR), Nikita Simonián disse que Michel Platini é o mais bem preparado para assumir a Fifa. "Tudo é possível, ainda considero que Platini é o mais adequado para o posto de presidente da Fifa. É o mais preparado e experiente de todos", disse Simonián.

    INGLATERRA

    O presidente da Federação Inglesa de Futebol (FA), Greg Dyke, não escondeu a satisfação com a renúncia de Joseph Blatter.

    "É uma decisão fantástica para o mundo do futebol. Este é o início de algo novo", declarou Dyke ao jornal "The Guardian". "Algo do que aconteceu na semana passada provocou a renúncia de Blatter", completou o inglês, em referência à prisão de dirigentes da Fifa na última quarta-feira em Zurique.

    "Renunciou. Se foi. Vamos comemorar", vibrou o presidente da FA. Dyke ainda insinuou que a escolha das sedes das duas próximas Copas do Mundo, de 2018, na Rússia, e de 2022, no Qatar, deveria ser revista. "Podemos voltar a olhar para essas duas Copas. Se eu fosse do Qatar, não me sentiria muito cômodo atualmente", ironizou.

    O ministro de Cultura, Comunicação e Esportes britânico, John Whittingdale, também comemorou a saída do suíço, mas considerou que a medida aconteceu tarde.

    "A renúncia é bem-vinda, apesar de acontecer com muito atraso. Este é só o princípio do processo de mudança de que precisamos na Fifa. Sinceramente, espero que este seja o primeiro passo rumo a uma nova Fifa, que possa ganhar a confiança e o respeito do mundo do futebol novamente", destacou o ministro.

    CONMEBOL

    A renúncia de Blatter foi considerada inimaginável e incompreensível pelo terceiro vice-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o uruguaio Wilmar Valdez.

    "Lamentavelmente estamos vivendo épocas em que vamos de surpresa em surpresa. Realmente é inimaginável e incompreensível", disse Valdez, também presidente da Associação Uruguai de Futebol (AUF), à rede de TV argentina TyC Sports.

    "Blatter sabia que tinha a Europa, sabia perfeitamente a luta que mantinha com Michel Platini desde muito anos atrás e seguiu adiante. Seguramente deve haver alguns elementos novos nas últimas horas que o fizeram pensar em dar um passo atrás", opinou o dirigente uruguaio, que confirmou voto no príncipe Ali bin al Hussein, da Jordânia, na eleição de sexta-feira.

    SINDICATO DOS JOGADORES

    Presidente do Sindicato Internacional de Jogadores Profissionais de Futebol (FIFPro), o francês Philippe Piat disse que a saída Blatter "é uma boa notícia para a Fifa e para o futebol".

    "Era o caminho que tinha que ser tomado, e se tomou. É surpreendente tendo em vista o período entre a eleição e a renúncia [5 dias]. Creio que conseguiu o que queria: a confiança de seus eleitores. E, depois disso, sai mostrando que é uma decisão própria", disse o francês ao jornal "L'Equipe".

    FIM DE ERA

    A decisão pela renúncia acontece quatro dias após o Blatter ser reeleito para um mandato que duraria até 2019.

    "Embora os membros da Fifa tenham me reelegido presidente, não pareço estar apoiado pelo mundo do futebol: jogadores, clubes. Vou continuar exercendo a minha função como presidente até um novo presidente ser escolhido", anunciou Blatter em pronunciamento na sede da entidade, em Zurique.

    "Eu refleti sobre minha presidência, meus últimos anos. Esses anos foram dedicados à Fifa e a esse belo lugar do futebol. Eu adoro e amo a Fifa mais do que qualquer coisa. E só quero fazer o melhor pela Fifa e pelo futebol. Decidi concorrer de novo [para a última eleição], foi uma eleição apertada. É por isso que vou convocar um congresso extraordinário e colocar minha função à disposição", afirmou o cartola.

    A nova eleição para presidente da Fifa deve acontecer entre dezembro deste ano e março de 2016, de acordo com a entidade.

    O pronunciamento aconteceu em meio a um clima de tensão na sede da Fifa. A princípio Blatter concederia uma entrevista ao lado de Walter de Gregorio, diretor de comunicação, e Domenico Scala, diretor do comitê de auditoria e conformidade da Fifa.

    Mas, momentos antes do início da entrevista, Fifa mudou os planos e retirou os nomes de Blatter e de Scala da mesa de entrevista.

    Ambos apenas fizeram um pronunciamento e não permitiram perguntas.

    Na eleição, Blatter venceu após o príncipe desistir de participar do segundo turno. Na primeira votação, Blatter obteve 133 votos entre 209 federações.

    Pelas regras, como nenhum dos dois candidatos atingiu dois dois terços dos votos, haveria a necessidade de um segundo turno, quando então se exige apenas maioria simples.

    Com os 133 votos, Blatter já tinha, em tese, essa maioria. O príncipe, que conquistou 73 votos, então abriu mão da disputa. Três votos foram nulos.

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