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    Corrupção no futebol

    análise

    Como bom vinho francês, Platini resiste ao tempo e ganha força

    PAULO VINÍCIUS COELHO
    COLUNISTA DA FOLHA

    03/06/2015 02h00

    Michael Probst/Associated Press
    Michel Platini durante o Congresso da Fifa
    Michel Platini durante o Congresso da Fifa

    A saída de Joseph Blatter é mais um indício de que a corrupção não é um produto exclusivamente brasileiro. José Maria Marin, Ricardo Teixeira e a Petrobras reforçam nossa teoria de que "... no Brasil..." Mas não é só aqui.

    Se não houvesse denúncia sobre a participação de Valcke no esquema de propinas e talvez Blatter não julgasse que o mundo do futebol é contra a sua permanência.

    Neste momento, o mundo inteiro é contra.

    Também não está a favor de Valcke, que só não está na lista dos possíveis extraditados da Suíça pois seus negócios não passaram por Miami, como nos casos dos dirigentes brasileiro, costa-riquenho, venezuelano e uruguaio detidos semana passada.

    Para evitar constrangimentos, Blatter sai. Platini entra.

    Não é assim, tão matemático. Mas Platini preparou-se para suceder Monsieur Blatter, sem nunca brigar com ele.

    Assumiu a Uefa em 2007 e fez reformas na Liga dos Campeões e Eurocopa. As decisões, políticas,não geraram acusação de corrupção.

    A Liga dos Campeões já era o torneio mais rico do planeta. Sua ação prática foi ampliar o número de campeões nacionais diretamente na fase de grupos de dez para 13, com mais cinco entrando na última fase preliminar.

    A lógica esportiva era recuperar o espírito do torneio. Se a Liga é dos campeões, que jogue o maior número de campeões dos países. Ou que tenham chance, ao menos.

    A intenção política era contentar as federações pequenas, Romênia, Ucrânia, Israel... De 2010 para cá, a fase de grupos passou a contar com Debreceni da Hungria, Unirea da Romênia...

    Não ameaçou o domínio das federações da Espanha, Alemanha e Inglaterra, poderosas. A Inglaterra não é um paraíso da honestidade. Lá vivem o russo Roman Abramovich e o sheik Mansur Bin Zayed, do Manchester City.

    Platini preserva os princípios do negócio e o espírito do esporte. Faz política. Dizem que os ex-atletas farão bem à gestão do esporte. É provável. Mas não esqueçam que Nuzman foi atleta olímpico. Platini jogou três Copas.

    Como nos tempos de Juventus e de seleção francesa, Platini tem sido craque para dribles e gols históricos; agora vai bem na vida política.

    Platini é como um bom vinho francês. Acompanha tudo. Resiste ao tempo. Serve-se a frio.

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