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    Corrupção no futebol

    África do Sul escondeu US$ 10 mi para o Caribe de relatório da Copa de 2010

    BERNARDO ITRI
    ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE

    03/06/2015 18h58

    Relatórios da Fifa e do governo da África do Sul que listam todas as ações de legado da Copa-2010 indicam que o programa de apoio à diáspora no Caribe, pelo qual a Fifa pagou US$ 10 milhões ao ex-presidente da Concacaf, Jack Warner, não existiu.

    A transferência do valor é alvo de investigação do governo americano, que aponta tratar-se de pagamento de propina pela compra de votos para a escolha do país-sede do Mundial de 2010.

    O depósito foi pedido ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, por meio de uma carta assinada pelo ex-presidente da Associação de Futebol Sul-Africana, Molef Oliphant.

    A Folha obteve um relatório do governo sul-africano que trata de todo o impacto que a Copa de 2010 gerou no país, inclusive os programas de legado oriundos da realização do evento.

    O documento de mais de 200 páginas cita US$ 100 milhões que teriam sido investidos, por meio de verba da Fifa, em projetos de legado.

    Mas não fala em nenhum momento do investimento de US$ 10 milhões no programa para apoiar a diáspora africana nos países do Caribe.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O mesmo acontece em relatórios da Fifa, nos quais estão descritos os programas de legado proporcionados a partir do Mundial na África.

    Em nenhum dos documentos obtidos pela reportagem o projeto ligado ao Caribe está citado.

    Eles mostram investimentos no desenvolvimento do futebol de base da África do Sul, no futebol feminino, em Organizações Não Governamentais, entre outros, mas ignoram os US$ 10 milhões pedidos para Valcke.

    A Fifa argumenta que nem Valcke nem outro executivo da entidade participou da implementação do projeto.

    Ela confirma que o secretário-geral recebeu a carta do ex-presidente da federação sul-africana, mas alega que a quantia foi liberada à época pelo então presidente do comitê de finanças, o argentino Julio Grondona.

    Nesta quarta-feira (3), o ministro do Esporte da África do Sul, Fikile Mbalula, defendeu a "legalidade" da transferência dos US$ 10 milhões ao futebol caribenho.

    "O fato de que houve um pagamento de US$ 10 milhões a um programa aprovado de desenvolvimento do futebol não constitui propina. Quem acusa tem que provar suas acusações", afirmou Mbalula.

    Segundo ele, a quantia paga ao futebol caribenho estava destinada a associações locais e era parte do projeto sul-africano de transformar a Copa do Mundo de 2010 em um motivo de orgulho para a África e todos os africanos, incluindo a diáspora.

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