Ronaldo decidiu enfrentar o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Ex-membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo, o ex-jogador foi para a Europa nesta quarta (3) para articular um movimento pela saída do cartola.

Além de cumprir agenda com patrocinadores, o ex-atacante da seleção brasileira vai aproveitar a badalação em torno da final da Liga dos Campeões, em Berlim, para se reunir com dirigentes, ex-atletas e empresários.

A intenção dele é conseguir apoios de peso para mobilizar a opinião pública e isolar ainda mais Del Nero.

Ronaldo quer liderar a frente, mas ainda não decidiu se encabeçaria uma chapa para comandar a entidade. No passado, ele já admitiu a possibilidade de assumir a presidência da CBF.

O presidente da Uefa (entidade que comanda o futebol europeu), Michel Platini, será um dos cartolas que se encontrarão com Ronaldo. Dirigentes de ligas europeias também devem se reunir com o brasileiro nos próximos dias.

Antes de seguir para a Europa, Ronaldo aproveitou evento em São Paulo nesta quarta para pedir, pela primeira vez, a saída de Del Nero. A entrevista foi organizada pela Brahma, que patrocina o ex-jogador e a CBF.

"Tenho certeza de que [a investigação] vai chegar em algum momento à cúpula da CBF. Adoraria que ele [Del Nero] renunciasse também, porque não tem dado grande exemplo", disse Ronaldo, que foi convidado por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, em 2012 para participar da organização da Copa.

Na semana passada, José Maria Marin, também ex-presidente da CBF, foi preso na Suíça acusado por autoridades americanas de recebimento de propina. Segundo a acusação, ele dividiu suborno para manter um acordo de exploração comercial.

"É muito evidente a relação que ele tem com o antigo presidente. Portanto, seria bom momento para renunciar. Mas é bom aguardar todas as investigações para não fazermos pré-julgamentos."

Ronaldo já conversou no Brasil com cartolas e ex-atletas sobre esse movimento pela saída de Del Nero. O senador Romário (PSB-RJ) é um dos que aprovam a iniciativa. Ele pretende instalar na próxima semana uma CPI no Senado para investigar a CBF.

Em Berlim, o ex-jogador também vai se reunir com Zico, que pretende se candidatar à sucessão de Joseph Blatter. Na terça, Blatter entregou o cargo na Fifa após a série de denúncias de corrupção.

"Na CBF, principalmente, a gente vive um momento de nenhuma credibilidade na instituição. É momento de continuar cobrando transparência, honestidade e cobrar que essas pessoas se envolvem com o futebol da maneira correta. Tanto no futebol quanto na política é da pressão popular que as pessoas mais têm medo", afirmou.

Convidado pelos organizadores da final em Berlim, o presidente da CBF preferiu ficar no país. Um dia depois de Marin ser preso, ele deixou a Suíça e voltou para o Brasil.

"O presidente está concentrado na Copa América. Não vai deixar o país", disse o secretário-geral da CBF, Walter Feldman. O torneio será disputado neste mês no Chile.

Na terça, o dirigente se reuniu com pelo menos 17 presidentes de federações e recebeu amplo apoio.

De acordo com o estatuto da CBF, só as federações têm poderes para convocar uma assembleia para tirar Del Nero do poder. Oficialmente, Ronaldo não conta com apoio de nenhum delas.