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    Após resistir a virar jogador de vôlei, Wallace volta às origens pela seleção

    MARCEL MERGUIZO
    DE SÃO PAULO

    07/06/2015 02h00

    A dentista avisou a dona de casa Gleci: "Leve seu filho para jogar basquete, ele vai ficar bem alto". Ele tinha 3 anos. Demorou até os 17, mas o menino de 1,98 m decidiu o que seria agora que já era grande: jogador de... vôlei.

    Wallace Souza foi à dentista do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na praça da Sé, porque tinha bronquite, tomava muitos antibióticos e precisava cuidar dos dentes que estavam "começando a estragar", lembra a sua mãe.

    E aquele dia provavelmente seria esquecido se, aos 27 anos de idade, aquele menino criado no bairro da Água Funda, na zona sul da capital paulista, não tivesse se tornado o principal atacante da seleção brasileira.

    Nesta semana, o vice-campeão nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, retornou para perto de casa para jogar pela Liga Mundial.

    São Bernardo do Campo, onde o Brasil encara a Austrália neste domingo (7), às 10h, fica a poucos quilômetros da casa da família Souza.

    Tanto que Wallace chegou a ir de bicicleta para os treinos quando iniciou sua carreira profissional no time da cidade do ABC paulista.

    "No Centro Olímpico do Ibirapuera ele só ia de bicicleta para economizar o dinheiro do ônibus. Mas quando começou em São Bernardo eu não deixava mais. Às vezes ele ia, mas eu achava perigoso ele com aqueles fones de ouvido pedalando até o treino", conta Gleci, 53.

    Wallace jogou na categoria infanto-juvenil do Centro Olímpico mas, segundo a mãe, diversas vezes pensou em desistir do vôlei para poder trabalhar e ajudar o pai, Levi, 52, torneiro mecânico até hoje em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.

    "Sério mesmo eu só comecei no vôlei de 17 para 18 anos. Na época o que eu gostava era de carro, pensava em ir fazer um curso no Senai, trabalhar com computação. Eu abria computador, montava e desmontava placa-mãe com muita facilidade", lembra o oposto da seleção.

    "Ele gostava do vôlei, mas nunca viu como profissão", reforça a mãe.

    Não mesmo. Ao ponto de ser aprovado para a última etapa da peneira da tradicional equipe do Banespa, mas ir embora com os amigos que não tinham sido aprovados antes do teste final. Por quê? Porque estavam com fome. "Ele era dedicado, responsável. Mas, às vezes, queria desistir. Perdeu várias oportunidades", diz a mãe.

    SALVO PELO MONZA

    Três peneiras depois Wallace foi, enfim, chamado para o time. E se firmou.

    Graças também ao Monza vinho 1993 que ele comprou com a ajuda dos pais. "Aquele carro nunca me deixou na mão. Juntei dinheiro, demorei, mas paguei o empréstimo", conta o atleta.

    Hoje, orgulhosos do filho tricampeão da Superliga pelo Cruzeiro, Gleci e Levi não precisam mais insistir para Wallace jogar (e bem) vôlei.

    "Meus pais sempre me apoiaram, desde que eu me dedicasse ao máximo. Por isso faço de tudo para vê-los bem. É o mínimo. Não é fácil chegar à seleção, nunca imaginei chegar a uma Olimpíada, então tudo é possível. Depende apenas do seu esforço", conclui Wallace.

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