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    Corrupção no futebol

    Fragilizado, Del Nero coloca desafeto como chefe de delegação no RS

    MARCEL RIZZO
    ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

    09/06/2015 10h56

    Se indicou um empresário e apresentador de TV como chefe de delegação da seleção brasileira para a Copa América, que começa esta semana no Chile, para os amistosos no Brasil o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, preferiu se cercar de dirigentes. Inclusive de opositores.

    Para a estadia da seleção brasileira em Porto Alegre, onde enfrenta em amistoso Honduras, nesta quarta (10), 22h, no estádio Beira-Rio, o chefe de delegação será Francisco Novelletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol.

    Noveletto, 60, foi pré-candidato de oposição na eleição que elegeu Marco Polo Del Nero presidente da CBF, em abril de 2014. Por falta de apoio, Novelletto não conseguiu nem registrar sua chapa, e Del Nero venceu facilmente –só assumiu um ano depois, em 16 de abril de 2015.

    "Não vejo problema [ser oposição a Del Nero e chefe de delegação]. Cheguei hoje a Porto Alegre, estava em Berlim [final da Liga dos Campeões], e vou representar a federação gaúcha", disse Novelletto.

    Ele afirmou que Del Nero vai a Porto Alegre acompanhar o amistoso, e chega à capital gaúcha na quarta pela manhã.

    Del Nero se apega a cartolas em momento que está fragilizado na presidência da CBF. Há indícios de que o cartola esteja envolvido, segundo investigação do Departamento de Justiça dos EUA, em esquema de recebimento de propinas para fechar acordos comerciais na CBF e na Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).

    Ex-presidente da CBF, quando Marco Polo era vice, e atualmente vice afastado, José Maria Marin está preso na Suíça, onde participaria da eleição presidencial da Fifa, no fim de maio, acusado de participar do esquema de corrupção.

    Novelletto é um dos presidentes de federação que, neste momento, não apoia Del Nero, que nega participação em qualquer irregularidade e rejeita possibilidade de renúncia, como fez o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que também não foi diretamente ligado ao caso ainda.

    O presidente da federação gaúcha, por exemplo, não esteve na semana passada em encontro de Del Nero com presidentes de 17 das 27 federações estaduais, quando foi declarado apoio a ele. O gaúcho deve estar presente nesta quinta (11), na sede da CBF, quando uma assembleia extraordinária foi convocada pela CBF para votar mudança no estatuto da entidade –há a possibilidade de ser votada alteração na sucessão de Del Nero, caso saia.

    "Vamos esperar para ver o que serpa proposto. Estou acompanhando as possibilidades pela imprensa", disse Novelletto.

    Hoje, pelo documento, assumiria o vice-presidente com idade mais avançada, no caso Delfim Peixoto, presidente da federação catarinense. Como o Rio Grande do Sul, Paraná e o Rio de Janeiro, Santa Catarina não está ao lado de Del Nero neste momento, e ele quer evitar a possibilidade de um opositor assumir caso precise sair.

    Em São Paulo, quem chefiou a delegação foi Reinaldo Carneiro Bastos, que assumiu a presidência da Federação Paulista de Futebol com a saída de Del Nero para a CBF. Reinaldo é o favorito para assumir a vaga de vice da confederação brasileira no lugar de Marin.

    O cargo de chefe de delegação é político, normalmente para agradar aliados ou desafetos, já que as funções são apenas de representar a CBF em eventos, como troca de presentes com outras federações ou eventos em que a entidade precisa participar.

    A Folha apurou que Del Nero preferia que, na Copa América, um cartola estivesse agora com todas as denúncias de corrupção. Mas ele não desfez o convite a João Dória, que também não desistiu e parece que não o fará. No domingo (7), no amistoso contra o México, João Dória viu o jogo ao lado de Del Nero no estádio do Palmeiras.

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