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    Centro olímpico do Espírito Santo vive caos a 1 ano da Rio-2016

    ALEX CAVALCANTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM VITÓRIA

    14/06/2015 02h00

    Gabriel Lordello/Folhapress
    Centro Olímpico do Espírito Santo onde ainda estão em obras.
    Centro Olímpico do Espírito Santo onde ainda estão em obras.

    Faltando pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, algumas das modalidades esportivas com maior potencial para conquistar medalhas estão sofrendo um "apagão" logístico e financeiro.

    No Centro Olímpico do Espírito Santo (Coes), em Vitória, a falta de equipamentos e de infraestrutura e salários atrasados podem comprometer as chances de atletas de ponta, como o atual campeão brasileiro de taekwondo, Charlles Maioli.

    "Estamos jogados às traças aqui. Justamente em um ano decisivo, com os Jogos Panamericanos e o Pré-Olímpico, estamos sem estrutura para treinar", diz Maioli, campeão na categoria até 68 kg.

    O treinador dele, Leni Junior, conta que não há preparador físico, médico nem nutricionista para acompanhar o atleta. "Por isso, o Charles não consegue cumprir todo o ciclo de treinos necessário a um atleta olímpico", afirma.

    O centro é uma unidade da Rede Nacional de Treinamento do Ministério do Esporte, inaugurado em abril de 2013, que visa capacitar profissionais e atletas nas modalidades olímpicas, desde a base até o alto rendimento.

    A estrutura deveria receber atletas de nove modalidades esportivas, de badminton a natação e vôlei de praia.

    Gabriel Lordello/Folhapress
    Centro Olímpico do Espírito Santo onde ainda estão em obras
    Centro Olímpico do Espírito Santo onde ainda estão em obras

    Hoje, 290 atletas estão vinculados ao Coes, entre eles a campeã brasileira de ginástica rítmica adulta, Natalia Gaudio, Charles Maioli e a dupla do vôlei de praia Alison e Bruno Schmidt.

    O centro é mantido com recursos federais, repassados por meio de convênio para o governo estadual, que contratou uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) para gerenciar o projeto.

    Apesar de ter dinheiro em caixa, o Estado deixou de repassar a verba à Oscip Ideas –que suspendeu o pagamento dos salários há três meses.

    "Eu ganho R$ 4.500 por mês. Não é um salário ruim para um técnico, mas também não é nenhuma fortuna. Precisamos sobreviver e já recorri a parentes e até a agiotas", diz a técnica de ginástica rítmica Monika Queiroz.

    Além dos salários atrasados, atletas e treinadores sofrem com a falta de infraestrutura. O projeto previa a construção de um ginásio de ginástica, um de lutas e outro de handebol e quadras de vôlei de praia, entre outros, mas até agora só foram entregues as arenas de ginástica e lutas. O resto está em obras.

    No departamento médico, os atendimentos com fisioterapeutas, massoterapeutas, nutricionista, psicólogo e assistente social foram suspensos. "Como prosseguir com um projeto olímpico sem o apoio desses profissionais?", questiona Monika. Só uma fisioterapeuta segue atendendo atletas da ginástica.

    O técnico de ginástica artística Wilson Pinheiro de Carvalho Filho, o Brutus, 51, diz que os R$ 12 milhões prometidos pelo governo federal para o projeto foram liberados. "O dinheiro está na conta do governo e nós estamos passando dificuldades", relata o treinador. "Estou vivendo da ajuda do meu sogro."

    A mulher de Brutus, Cláudia Júdice, também é treinadora de ginástica artística e não recebe há três meses. "Tenho um filho de três meses e estamos os dois sem salário. É constrangedor", diz.

    Em ofício de 20 de março, o secretário estadual de Esportes e Lazer, Valdir Klug, diz ao Ministério do Esporte que "não será necessário o repasse integral" de pouco mais de R$ 6,3 milhões do convênio. Segundo a pasta, houve atraso no projeto e falta de prestação de contas.

    OUTRO LADO

    A Secretaria Estadual de Esportes e Lazer do Espírito Santo disse, por meio de nota, que a parcela do convênio com o Ministério do Esporte será liberada após a realização de prestação de contas.

    "Por isso, estamos impossibilitados de realizar o repasse para o Instituto de Desenvolvimento do Esporte e Ação Social (Ideas), que é responsável por realizar o pagamento dos funcionários."

    A nota diz ainda que, devido a atrasos no início do projeto por causa dos trâmites para a licitação, não será necessário receber do governo federal a segunda parcela.

    Segundo Renato Martinho, assessor de marketing da Ideas, a prioridade da Oscip é "pagar todo mundo", mas é necessário que os envolvidos, em especial o governo, "busquem equacionar as não conformidades do convênio" para dar continuidade ao projeto. Nem a secretaria nem a Oscip informam, no entanto, quais são as irregularidades.

    O Ministério do Esporte não atendeu a reportagem.

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