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    Corrupção no futebol

    Teixeira e dirigentes sul-americanos receberam relógios de ouro do Qatar

    SÉRGIO RANGEL
    MARCEL RIZZO
    ENVIADOS ESPECIAIS A SANTIAGO

    16/06/2015 02h00

    Um relógio de ouro foi o presente oferecido pelo então emir do Qatar Hamad bin Khalifa Al Thani a cada um dos dirigentes sul-americanos ao fecharem o apoio do continente à candidatura do país árabe para sediar a Copa de 2022.

    A luxuosa peça foi entregue no dia 19 de janeiro de 2010, num almoço na sede do Itanhangá Golf Club, no Rio, organizado por Ricardo Teixeira, então presidente da CBF e cabo eleitoral da candidatura qatariana.

    Além de Teixeira, o paraguaio Nicolás Leoz (ex-presidente da Conmebol) e o argentino Julio Grondona (ex-presidente da Associação de Futebol da Argentina, que morreu em julho de 2014 ) participaram do encontro. Os três eram os únicos representantes do continente na escolha da sede da Copa de 2022.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O país do Golfo Pérsico concorreu com EUA, Austrália, Coreia do Sul e Japão. A vitória do Qatar e também a da Rússia em 2018 são investigadas pelo Departamento de Justiça dos EUA. Suspeita-se de compra de votos.

    O relógio serviu para selar o apoio dos três cartolas após reunião realizada a portas fechadas. As mulheres dos cartolas e a xeca Mozah Bint Nasser Al Missned ficaram de fora da discussão.

    Ex-presidente da Fifa, João Havelange também participou do encontro, que aconteceu pouco mais de dez meses antes da decisão da Fifa. Presidente de honra da entidade mundial, o dirigente brasileiro também era um trunfo para os qatarianos.

    A ÉTICA DA FIFA

    A Fifa tem um Código de Ética que impede integrantes do comitê de receber vantagens ou presentes ligados à escolha da sede da Copa.

    O artigo 20 diz que membro da entidade só pode receber presentes que "tenham valor simbólico ou trivial" e que "exclua qualquer influência do presente para a execução de um ato relacionado com o cargo do oficial".

    A entidade deixa claro que, se o presente não for simbólico, está proibido receber em qualquer situação. E ressalva: em caso de dúvida, não se deve receber o presente.

    O encontro para fechar o acordo foi realizado de forma sigilosa. Teixeira não deu publicidade no site da CBF na época e decidiu realizar o almoço num dos clubes mais privados do Rio.

    No dia seguinte, o ex-presidente da CBF deixou o país com destino a Miami, nos EUA, num jatinho Gulfstream GV, prefixo N598. No mesmo dia, o emir encontrou o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.

    A Folha não conseguiu localizar Teixeira para questioná-lo sobre o presente recebido do emir do Qatar.

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