• Esporte

    Sunday, 28-Apr-2024 20:49:33 -03

    Corrupção no futebol

    Conmebol vai romper contrato com empresa que explora Copa América

    MARCEL RIZZO
    SÉRGIO RANGEL
    ENVIADOS ESPECIAIS A SANTIAGO

    17/06/2015 02h00

    Denunciada pela Justiça dos EUA por pagar propina para dirigentes, a empresa uruguaia Datisa terá o contrato para explorar a Copa América rompido pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).

    A informação foi revelada na tarde desta terça (16) pelo tesoureiro da entidade, o boliviano Carlos Chávez, que também preside a federação do seu país.

    Chávez disse que a empresa formada por três gigantes do setor do continente (a brasileira Traffic e as argentinas Full Play e Torneos y Competencias) parou de pagar o contrato quando houve a prisão dos cartolas na Suíça.

    No dia 27 de maio, sete dirigentes, incluindo o brasileiro José Maria Marin, foram presos em Zurique, acusados de receber propinas pela venda de direitos de comercialização de torneios, entre outros crimes.

    "Não temos como manter um contrato que não se paga. Eles estão numa posição muito delicada e o fim do contrato é melhor para todos", afirmou o tesoureiro, acrescentando que não consegue contato com os dirigentes da empresa há quase um mês.

    Os donos da Full Play e da Torneos estão sendo procurados pela Interpol, que disparou mandados de prisão. Já o empresário J.Hawilla, dono da Traffic, fechou um acordo com a Justiça norte-americana e vai devolver US$ 150 milhões (quase R$ 500 milhões) ao confessar extorsão, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.

    Segundo Chávez, a Datisa só pagou 40% dos US$ 80 milhões (R$ 247 milhões) acordados com a Conmebol pelo torneio disputado no Chile.

    Pelo contrato celebrado em 2013, a empresa ganharia o direito de comercializar a Copa América deste ano, além de outras três edições.

    De acordo com o documento da Justiça dos EUA, a Datisa pagou propinas para os presidentes das federações do continente.

    Segundo a acusação, a empresa repassaria até US$ 110 milhões (R$ 340 milhões) em subornos para garantir os direitos da competição até 2023. Deste montante, a Datisa já teria pago cerca de US$ 40 milhões (R$ 123,6 milhões), divididos entre os dirigentes. De acordo com o documento, Marin embolsou US$ 3 milhões (R$ 9,2 milhões).

    'NÃO RECEBI PROPINA'

    "Não sei nada de propina", disse Chávez, que é, segundo o Departamento de Justiça dos EUA, suspeito de receber US$ 1,5 milhão (R$ 4,6 milhões) de propina pelo acordo com a Datisa.

    "Posso garantir que não recebi propina. Apenas os recursos repassados pela Conmebol para minha federação", completou o cartola.

    "É duro dizer isso. O Marin é meu amigo. Se algum dirigente recebeu propina, ele terá que ser preso", diz o dirigente boliviano.

    GESTÃO É DE OUTRA EMPRESA, DIZ TRAFFIC

    Apesar de sócia da Datisa, a Traffic informou, via assessoria de imprensa, que a gestão do contrato da Copa América é feita apenas pela argentina Full Play, também acionista da Datisa. A Folha não localizou representantes dessa empresa até o fechamento desta edição.

    Os indiciados

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024