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    Em busca de pódios no Pan e na Rio-2016, triatleta dorme dentro de 'bolha'

    MARCEL MERGUIZO
    DE SÃO PAULO

    21/06/2015 02h00

    Se a atleta não vai à montanha, a montanha vai à atleta. Até o quarto dela.

    Com vistas para o pódio nos Jogos Olímpicos do Rio e no Pan de Toronto, a triatleta capixaba Pâmella Oliveira, 27, atravessou o Atlântico e, mesmo em uma cidade ao nível do mar, subiu a mais de 2.000 metros de altitude deitada em sua própria cama.

    A mudança nos treinos da melhor brasileira do triatlo na atualidade aconteceu no início deste ano, na pequena Rio Maior, em Portugal, onde passou a dormir em uma câmara de hipoxia hipobárica.

    "Meu quarto é basicamente uma bolha, as coisas fora e a cama dentro", descreve.

    Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress

    O isolamento na cidade de cerca de 20 mil habitantes além-mar é similar ao que teve no último ciclo de 25 noites dentro de uma tenda que simula condições de baixa concentração de oxigênio.

    "O sono fica mais conturbado e, quando você acorda, parece que tem um piano nas costas. É bem cansativo e o corpo fica mesmo exausto. Sensação de um nível de sofrimento a mais. Mas, depois, no descanso, vale muito", afirma Pâmella à Folha.

    A câmara é utilizada para adaptar o metabolismo da atleta à altitude e, assim, aumentar o número de glóbulos vermelhos no sangue. Então, o desempenho nos treinos pode melhorar, pois o organismo torna-se mais capaz de alimentar a musculatura durante o exercício.

    Ela começou dormindo a 1.800 m e chegou a 2.400 m. Segundo o técnico de Pâmella, o português Sérgio Santos, a simulação de altitude no treino ainda pode variar de 3.000 m a 3.500 m de altitude (equivalente à cidade boliviana de La Paz). E, no lugar dos cerca de 21% de concentração de oxigênio que há no ar que respiramos, dentro da tenda, a proporção é reduzida a 18%, 17% ou até 16%.

    "A Pâmella é boa em 'responder' aos estímulos de altitude. O organismo dela adapta-se bem e rende mais depois dessa exposição", diz o técnico português.

    Pâmella atingiu recentemente a 13ª colocação no ranking mundial e, neste ano, já conseguiu um nono lugar em etapa do circuito mundial.

    "Pela primeira vez, conseguimos resultados bons tão cedo na temporada. Vamos ver a longo prazo. Não existem milagres nem poções mágicas. Não é pelo fato de utilizarmos uma tenda por algumas semanas que o rendimento vai subir em flecha", explica Sérgio Santos.

    O uso da câmara não é considerado como doping.

    "Sempre que um atleta sai do nível do mar e vai treinar na altitude, precisa de cinco a dez dias menos intensos para se adaptar, o que prejudica o treino. Se ela faz a adaptação prévia na tenda, essa fase é eliminada", diz Marco Antônio La Porta Jr., diretor técnico da Confederação Brasileira de Triatlo (CBTri).

    Pâmella fará um período de treinamento na altitude antes de embarcar para o Pan de Toronto. No Canadá, quer subir mais um ou dois degraus no pódio em relação ao terceiro lugar de 2011.

    Sonho factível, afinal, dormindo ela já se acostumou a estar em lugares mais altos.

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