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    No auge, seleção brasileira de polo aquático tem reforço de 4 estrangeiros

    MARILIZ PEREIRA JORGE
    PAULO ROBERTO CONDE
    DE ENVIADOS ESPECIAIS A TORONTO

    07/07/2015 02h00

    A seleção brasileira masculina de polo aquático é uma mistura de sotaques, ainda que unidos sob a bandeira de uma mesma nacionalidade.

    Dos 13 jogadores relacionados para o Pan de Toronto, cujas disputas já começam nesta terça, quatro são nascidos fora do país. Há cubano, croata, espanhol e italiano.

    A babel surgiu da ânsia de se montar um time competitivo para a Rio-2016. A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) investiu mais de R$ 2,5 milhões na modalidade, sem tradição nacional, para a Olimpíada.

    Tido como um dos melhores do mundo, Felipe Perrone –brasileiro naturalizado espanhol– foi convidado a voltar a defender o país com salário de R$ 20 mil/mês.

    O plano vem dando certo. Já classificada para a Rio-2016, a equipe, com os "gringos", obteve em junho o melhor resultado de sua história: foi bronze na Liga Mundial, na Itália, e venceu potências como EUA e Croácia.

    Por trás do sucesso está outro gringo. Ratko Rudic, 67, tem quatro medalhas olímpicas de ouro e fama de ser um general. "Perto dele, o Bernardinho [técnico de vôlei] é um anjo", conta Felipe da Costa e Silva, um dos brasileiros de fato do time.

    "Falam que exijo demais, mas depende da fase do treinamento. O normal é de cinco a seis horas por dia, mas agora, perto da competição, treinamos menos", diz Rudic.

    Principal jogador do time, Perrone o contradiz. "Em São Paulo, antes de ir para a Liga Mundial, treinamos oito horas por dia. Para o Rudic, temos de ser atletas 24 horas."

    "Temos regras de comportamento e conduta: acordar juntos, tomar café juntos e treinar juntos. Ele fica bravo se não o esperamos para começar o almoço. Há até toque de recolher e hora de dormir."

    Segundo Perrone, o técnico também restringe acesso a internet e redes sociais. "Confiamos nele por tudo o que já conseguiu. O resultado mostra que estamos no caminho certo", afirmou.

    ESTREIA

    A estreia nesta terça no Pan, contra o Canadá, às 19h (de Brasília), é vista como crucial para buscar um ouro que a seleção não ganha desde a edição São Paulo-1963.

    A equipe feminina joga mais cedo: às 13h, pega também as canadenses.

    O Brasil estará representado por 590 atletas na metrópole canadense, com objetivo de ficar entre os três primeiros do quadro de medalha. A cerimônia de abertura ocorre nesta sexta-feira (10).

    OUTROS GRINGOS

    Se Perrone é tratado até por Rudic como astro, os outros naturalizados recentemente também têm dado sustentação à equipe nacional.

    Yves González Alonso, 34, é casado há seis anos com uma médica brasileira e foi prata no Pan de Winnipeg-1999 por Cuba,onde nasceu e morou a maior parte da vida. A convite de Rudic, viu a chance de ir à Rio-2016.

    "É um caminho sem volta, mas estou contente porque sei que estou ajudando a construir a história do polo aquático brasileiro", diz.

    Adrià Delgado Baches tem uma relação afetiva com o Brasil de longa data. Apesar de ter nascido e ter sido criado na Espanha, é filho de brasileiro. Seu pai, Manuel, chegou a disputar os Jogos de Moscou-1980 pela Espanha.

    "O mais difícil é ficar longe da família que ficou na Espanha e me acostumar com a burocracia brasileira", diz.

    Paulo Salemi, nascido na Itália, é outro que tem parentes do Brasil. O único sem relação anterior com o Brasil é o croata Josip Vrlic, que já há algum tempo atua no nosso país. Tímido, ele prefere não dar entrevistas.

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