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    Para Romário, corrupção no futebol brasileiro foi responsável pelo 7 a 1

    ROMÁRIO
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    08/07/2015 02h00

    Há um ano, a seleção brasileira masculina de futebol entrava em campo para passar o maior vexame de sua história, tomar uma goleada de 7x1 da Alemanha, em uma Copa do Mundo em casa.

    A chuva de gols deixou todos atônitos em frente à TV, seria replay? Não, infelizmente não era replay.

    Sentado no sofá, assim como milhões de brasileiros, fiquei triste. Mas tive outro sentimento em particular, aquele que só quem já esteve em campo, com aquela camisa, poderia sentir: impotência.

    Não porque eu queria estar em campo, mas porque eu via, já há alguns anos, com uma visão privilegiada, o futebol brasileiro se deteriorando. Sabia exatamente quais eram os motivos e, embora tentasse, não tive força para - sozinho - mudar algo.

    Dentro de campo, o diagnóstico era evidente, pânico e incapacidade de reação dos jogadores. Fora, o problema era bem pior... uma complexa teia de corrupção que envolvia a CBF, federações, clubes, agentes, empresas de marketing e cartolas. Juntos, eles destruíam nosso futebol, porque tinham a única motivação de enriquecer, mesmo que isso custasse o fim do nosso esporte.

    E conseguiram...

    Passado um ano, o quadro de humilhação não mudou. Apenas se agravou:

    Ou seja, o horizonte continua sombrio.

    Tem jeito? Sim, se soubermos enfrentar a crise com dignidade. O que não tem sido feito até agora, pelo menos não pela CBF. Precisamos de uma mudança estrutural profunda.

    Por sorte, essa teia de corrupção começou a ser desmontada pelo FBI. Tranquilos com a impunidade brasileira, a quadrilha da CBF deixou pontas soltas nos Estados Unidos, o que possibilitou a prisão de um dos chefes da organização criminosa, José Maria Marin.

    A prisão de Marin abriu uma enorme janela, a justiça brasileira, no rastro dessa investigação tem a oportunidade de varrer do futebol dezenas de ratos de uma só vez. Paralelo a isso, temos a chance de investigação efetiva no legislativo, com a CPI do Futebol, que terá poderes para investigar todos os contratos da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014.

    No rastro dessas ações, abre-se caminho para uma nova era no futebol, com chance real de implementarmos boa gestão, transparência, alternância de poder, responsabilidade fiscal e investimento na base. Todos os ingredientes fundamentais para resgatarmos, em alguns anos, nossa real vocação: o jogo bonito do futebol arte.

    A bola está quicando em campo...

    Texto encaminhado pelo senador ROMÁRIO (PSB-RJ) na véspera do aniversário de um ano da goleada da Alemanha sobre o Brasil por 7 a 1, após convite da reportagem

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