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    Dólar alto e crise levam confederações a cortar investimentos em meio ao Pan

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    09/07/2015 02h00

    A crise econômica e a alta do dólar forçaram o esporte olímpico brasileiro a apertar o cinto no investimento, em meio ao início do Pan de Toronto e a menos de 400 dias dos Jogos Olímpicos do Rio.

    Confederações esportivas têm de improvisar, cortar ou reajustar orçamentos para manter a preparação. Embora tenham tentado preservar os principais atletas, algumas entidades reconheceram que o planejamento sairá "menos completo" que o projetado.

    Em março, a moeda dos EUA chegou a ser cotada a R$ 3,29, seu maior valor desde abril de 2003. Nesta quarta-feira (8), ela fechou a R$ 3,23.

    Devido à disparada da moeda americana, a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), por exemplo, deixou de mandar as seleções principais de natação a todas as etapas dos circuitos norte-americano e europeu, como tinha previsto.

    "Sofremos um impacto muito grande no orçamento, e ainda tenho de mandar 143 pessoas para [o Mundial de] Kazan e para o Mundial júnior de Cingapura, em agosto", afirmou o diretor técnico da CBDA, Ricardo de Moura.

    Carlos Fernandes, presidente da confederação de taekwondo, cogitou tomar medida ainda mais drástica.

    "Eu não ia enviar equipe para o Mundial da Rússia [em maio], porque não tínhamos condição. Só fomos porque o COB [Comitê Olímpico do Brasil] nos ajudou. Sem dinheiro, não fazemos nada."

    O país trouxe dois bronzes do evento, com Venilton Teixeira e Iris Tang Sing.

    O COB disse que teve de repensar contratos e serviços para manter o orçamento. "Nas operações do dia a dia, a alta do dólar aumenta os custos do envio de equipes a treinamentos e competições no exterior, assim como onera a compra de equipamentos esportivos", disse em nota.

    O comitê, contudo, afirmou que a ida ao Pan não se tornou problemática porque a maioria das passagens internacionais foi comprada em 2014, antes da crise atual.

    A situação contrasta com a do CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro), que levará 270 atletas ao Parapan de Toronto no final do mês. No ano passado, a entidade fez o planejamento para o evento com o dólar cotado a R$ 2,60, mas contabiliza enorme prejuízo.

    "Houve um acréscimo de R$ 400 mil entre o planejado e o executado no Parapan", contou Edilson Rocha, o Tubiba, diretor-técnico do CPB.

    Para amenizar o dano, o comitê tem antecipado compra de passagens ou mesmo buscado acordo para viagens em grupo. "Não vai afetar preparação de nossos principais atletas, mas prejudicou."

    O diretor-executivo da confederação de vela, Daniel Santiago, aumenta o coro. Ele disse ter tido aumento de 50% em sua despesa no apoio a competições internacionais e compra de equipamentos.

    Até mesmo esportes mais estruturados lidaram com perdas. A CBJ (Confederação Brasileira de Judô) não teve o contrato com a Sadia renovado. Repasses de outro patrocinador foram reduzidos.

    "Em relação à equipe olímpica, tudo está mantido por enquanto. Mas economizamos despesas em eventos nacionais", contou Ney Wilson, gestor técnico da CBJ.

    O vôlei apenas limitou gastos com táxi, por exemplo, entre as sedes da confederação no Rio e em Saquarema.

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