Aposta para conquistar os objetivos no Pan-Americano de Toronto e nos Jogos do Rio no ano que vem, o contingente de técnicos estrangeiros contratados pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) está em xeque para depois de 2016.
Todos os contratos feitos terminam ao final do próximo ano, e o comitê não sabe se e quais permanecerão. Caso opte por segurar alguns deles, o comitê deve ter dificuldades para mantê-los.
Em Toronto, por exemplo, 38 treinadores oriundos de outros países pagos pelo COB ajudaram seleções de modalidades sem tradição no Brasil –como polo aquático, canoagem e badminton– a conquistarem pódios históricos.
Além de recorde, o número de estrangeiros representa aumento de cerca de 60% deste exército gringo em relação à edição de Guadalajara-2011 (24). A maioria assina vínculo com altos salários.
Um deles é o croata Ratko Rudic, 67, tetracampeão olímpico trazido em 2013 que levou o polo aquático masculino à prata em Toronto e a um bronze inédito na Liga Mundial desta temporada.
Dada a importância de um trabalho como o dele, o COB se apressa e já discute para garantir o "fico" de alguns deles e manter competitividade que vá além da Olimpíada.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
O técnico dinamarquês Morten Soubak, da seleção feminina de handebol |
"Nas nossas avaliações, vamos ver, com a chegada dos Jogos, quem queremos manter aqui no Brasil e se há interesse [dos profissionais]. Esse é um mercado flutuante, mas é fato que foi uma ação que trouxe bons frutos na preparação para 2016", disse Jorge Bichara, gerente-geral de performance do COB.
Ele lembrou que o comitê tem uma academia de treinadores voltada a brasileiros que se beneficiou da vinda dos técnicos estrangeiros.
O problema é que, em muitos dos casos, a situação vai fugir ao controle do COB, e pelos mais variados motivos.
Theo Marques-03.mai.2013/Folhapress | ||
O técnico ucraniano Oleg Ostapenko, da ginástica |
Bichara citou o caso do bielo-russo Vladimir Vatkin, que comandava a seleção masculina de ginástica e a deixou no ano passado por motivo pessoal –a mulher dele não se adaptou ao Brasil.
A situação se repete em outros casos. Desde 2013 no comando da seleção feminina de rúgbi, o neozelandês Chris Neill formou a equipe medalhista de bronze em Toronto, mas já afirmou que não pretende continuar após a Olimpíada de 2016.
Com cinco filhos, ele quer voltar para seu país. "Fui contratado para o projeto de 2016. Depois, é bom vir novas ideias. O trabalho do treinador é solitário. Quero voltar para minha família", disse.
Marco Vasconcellos, português que comandou no Pan duas pratas inéditas do país no badminton, também pretende deixar Campinas, onde está instalado desde 2014, e cruzar o mar rumo a Lisboa.
"Apesar de Skype, os filhos fazem falta. E há outros desafios a seguir", afirmou.
Kamil Krzaczynski-16.ago.2014/Efe | ||
O técnico argentino Rubén Magnano, da seleção brasileira de basquete |
HONRA
Mais que dinheiro, honra também pesa bastante.
Treinador de cinco medalhistas olímpicos, o espanhol Jesús Morlan foi contratado pelo COB há dois anos por um primeiro pódio olímpico na canoagem. A aposta é no baiano Isaquias Queiroz, 21, bicampeão mundial e dois ouros e uma prata neste Pan.
"Me contrataram por uma medalha. Se não conseguir, não terei como olhar para a gente do COB. Não fico nem um segundo mais no país. Não é que eu tenha vergonha, mas o foco é a medalha, sim ou sim", afirmou o espanhol.
O COB definiu como meta a conquista de 27 a 30 medalhas na Rio-2016 e um lugar no top 10, por total de pódios.
Nem sempre o know-how estrangeiro impacta positivamente. E Toronto que o diga. O nado sincronizado brasileiro contratou a técnica canadense Julie Sauvé, dona de oito medalhas olímpicas.
Com ela, porém, as brasileiras tiveram o pior resultado em 20 anos: ficaram sem medalha. Nos três Pans anteriores, levaram seis bronzes.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
O técnico espanhol Jesús Morlán, da canoagem |
CONFIRA AS MEDALHAS DO BRASIL NO PAN-2015
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