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    Técnicos gringos fazem sucesso no Pan, mas só estão garantidos até 2016

    ITALO NOGUEIRA
    MARCEL MERGUIZO
    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADOS ESPECIAIS A TORONTO

    19/07/2015 02h00

    Aposta para conquistar os objetivos no Pan-Americano de Toronto e nos Jogos do Rio no ano que vem, o contingente de técnicos estrangeiros contratados pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) está em xeque para depois de 2016.

    Todos os contratos feitos terminam ao final do próximo ano, e o comitê não sabe se e quais permanecerão. Caso opte por segurar alguns deles, o comitê deve ter dificuldades para mantê-los.

    Em Toronto, por exemplo, 38 treinadores oriundos de outros países pagos pelo COB ajudaram seleções de modalidades sem tradição no Brasil –como polo aquático, canoagem e badminton– a conquistarem pódios históricos.

    Arte

    Além de recorde, o número de estrangeiros representa aumento de cerca de 60% deste exército gringo em relação à edição de Guadalajara-2011 (24). A maioria assina vínculo com altos salários.

    Um deles é o croata Ratko Rudic, 67, tetracampeão olímpico trazido em 2013 que levou o polo aquático masculino à prata em Toronto e a um bronze inédito na Liga Mundial desta temporada.

    Dada a importância de um trabalho como o dele, o COB se apressa e já discute para garantir o "fico" de alguns deles e manter competitividade que vá além da Olimpíada.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Morten Soubak, técnico da seleção feminina de handebol
    O técnico dinamarquês Morten Soubak, da seleção feminina de handebol

    "Nas nossas avaliações, vamos ver, com a chegada dos Jogos, quem queremos manter aqui no Brasil e se há interesse [dos profissionais]. Esse é um mercado flutuante, mas é fato que foi uma ação que trouxe bons frutos na preparação para 2016", disse Jorge Bichara, gerente-geral de performance do COB.

    Ele lembrou que o comitê tem uma academia de treinadores voltada a brasileiros que se beneficiou da vinda dos técnicos estrangeiros.

    O problema é que, em muitos dos casos, a situação vai fugir ao controle do COB, e pelos mais variados motivos.

    Theo Marques-03.mai.2013/Folhapress
    O técnico Oleg Ostapenko, da ginástica
    O técnico ucraniano Oleg Ostapenko, da ginástica

    Bichara citou o caso do bielo-russo Vladimir Vatkin, que comandava a seleção masculina de ginástica e a deixou no ano passado por motivo pessoal –a mulher dele não se adaptou ao Brasil.

    A situação se repete em outros casos. Desde 2013 no comando da seleção feminina de rúgbi, o neozelandês Chris Neill formou a equipe medalhista de bronze em Toronto, mas já afirmou que não pretende continuar após a Olimpíada de 2016.

    Com cinco filhos, ele quer voltar para seu país. "Fui contratado para o projeto de 2016. Depois, é bom vir novas ideias. O trabalho do treinador é solitário. Quero voltar para minha família", disse.

    Marco Vasconcellos, português que comandou no Pan duas pratas inéditas do país no badminton, também pretende deixar Campinas, onde está instalado desde 2014, e cruzar o mar rumo a Lisboa.

    "Apesar de Skype, os filhos fazem falta. E há outros desafios a seguir", afirmou.

    Kamil Krzaczynski-16.ago.2014/Efe
    O técnico Rubén Magnano, da seleção brasileira de basquete
    O técnico argentino Rubén Magnano, da seleção brasileira de basquete

    HONRA

    Mais que dinheiro, honra também pesa bastante.

    Treinador de cinco medalhistas olímpicos, o espanhol Jesús Morlan foi contratado pelo COB há dois anos por um primeiro pódio olímpico na canoagem. A aposta é no baiano Isaquias Queiroz, 21, bicampeão mundial e dois ouros e uma prata neste Pan.

    "Me contrataram por uma medalha. Se não conseguir, não terei como olhar para a gente do COB. Não fico nem um segundo mais no país. Não é que eu tenha vergonha, mas o foco é a medalha, sim ou sim", afirmou o espanhol.

    O COB definiu como meta a conquista de 27 a 30 medalhas na Rio-2016 e um lugar no top 10, por total de pódios.

    Nem sempre o know-how estrangeiro impacta positivamente. E Toronto que o diga. O nado sincronizado brasileiro contratou a técnica canadense Julie Sauvé, dona de oito medalhas olímpicas.

    Com ela, porém, as brasileiras tiveram o pior resultado em 20 anos: ficaram sem medalha. Nos três Pans anteriores, levaram seis bronzes.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    O técnico espanhol Jesús Morlán, da canoagem
    O técnico espanhol Jesús Morlán, da canoagem

    CONFIRA AS MEDALHAS DO BRASIL NO PAN-2015

    Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

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