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    Combate ao doping tem de ser prioridade no Rio, diz vice do COI

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL A TORONTO

    19/07/2015 02h00

    Saeed Khan/AFP
    Craig Reedie, presidente da Agência Mundial Antidoping
    Craig Reedie, presidente da Agência Mundial Antidoping

    O escocês Craig Reedie, 74, é um figurão dentro do esporte olímpico há tempos.

    Praticante de badminton, chegou a dirigir a federação internacional da modalidade, mas estendeu seu alcance a muitas outras áreas. Entrou para o COI (Comitê Olímpico Internacional) em 1994, e atualmente é um dos vice-presidentes da entidade que comanda os Jogos Olímpicos.

    Também participou da criação da Wada (Agência Mundial Antidoping) e, desde o final de 2014, preside o órgão. Em entrevista à Folha em Toronto, em meio aos Jogos Pan-Americanos, Reedie expressou sua preocupação com o antidoping durante a Olimpíada do Rio em 2016.

    Embora diga confiar no trabalho da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), alerta que qualquer caso positivo envolvendo um atleta do país pode manchar toda a campanha olímpica.

    *

    Folha - O Brasil teve 36 casos de doping em 2013, a maioria no futebol. Para um país que está às vésperas de receber os Jogos Olímpicos pela primeira vez, não é muito?

    Craig Reedie - Não há dúvida de que o fato de ser sede dos Jogos Olímpicos fez com que o mundo passasse a vigiar o Brasil. É preciso fazer de tudo para garantir que os atletas do Time Brasil estejam limpos durante os Jogos.

    O doping deve ser uma prioridade para o país-sede na caminhada para receber os Jogos Olímpicos. Poucas coisas destroem tanto o investimento e a preparação para um evento como a Olimpíada quanto o doping.

    O Brasil criou uma agência nacional há apenas quatro anos. Por que tardou tanto?

    Em certas ocasiões, criar instituições no Brasil se torna um desafio. Mas a ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) agora existe e é importante que ela mantenha boas relações com o COI e federações e, particularmente, com o comitê organizador dos Jogos do Rio.

    A reacreditação do laboratório do Rio [o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem] foi fundamental, porque o COI praticamente exige que haja uma centro dentro da cidade-sede para processar as análises. É impossível fazer o que a Fifa fez na Copa, de transferir a um laboratório do exterior os exames.

    Na Copa, foram feitos 750 testes, mas na Olimpíada nem se compara. Não sei quantos o COI pretende fazer no Rio, mas em Londres foram mais de 5.500. O laboratório terá de ser bom, com estafe apropriado.

    Antes de Londres-2012, 107 atletas foram punidos após serem pegos em exames surpresa. Qual deve ser a estratégia antes do Rio, tem que haver esses exames?

    Vamos encorajar que a ABCD e o COI façam um procedimento semelhante. Esta aliança tem de aumentar. É exatamente o que queremos, testes surpresa antes da Rio-2016. Em nível mundial. Alguns países criam muito mais dificuldade do que outros para permitir isso, mas não deixaremos isso ocorrer.

    O senhor acredita que o Brasil é hoje um país na elite do combate antidoping?

    As autoridades brasileiras claramente entendem a situação. O sistema brasileiro às vezes dificulta ações que em outros países são mais simples, mas no fim precisamos ter tudo pronto para os Jogos. Não dá para iniciar o programa antidoping da Rio-2016 apenas quando os Jogos começarem. Está provado que a eficiência é maior se tiver início antes.

    A Wada e o COI planejam armazenar testes antidoping feitos no Rio por anos a fio, como ocorre em alguns eventos esportivos pelo mundo?

    O COI retém testes por períodos de dez anos. Dá para achar e saber por que as coisas aconteceram. Os atletas têm que pensar muito seriamente se se dopar vale a pena. Vamos guardar as do Rio por dez anos. Não vamos refazer os testes todos, mas aleatoriamente.

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