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    Corrupção no futebol

    Antes de escândalo, Del Nero não faltou a uma reunião da Fifa

    MARCEL RIZZO
    RAFAEL REIS
    DE SÃO PAULO

    21/07/2015 17h20

    Fabio Rodrigues Pozzebom/Efe
    Marco Polo del Nero, presidente da CBF e membro do comitê executivo da Fifa
    Marco Polo del Nero, presidente da CBF e membro do comitê executivo da Fifa

    Antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história do futebol mundial, o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, jamais faltado havia faltado a um evento importante da Fifa para o qual havia sido convocado.

    Entre março de 2012, quando entrou na cúpula da entidade, e maio deste ano, o brasileiro esteve presente em todos os encontros oficiais do primeiro escalão do órgão.

    Além de 13 reuniões do comitê executivo e três congressos da Fifa, Del Nero participou também do Mundial de futebol de praia de 2013 –ele preside o comitê da Fifa responsável pela modalidade.

    Para estar nesses encontros, o dirigente fez viagens internacionais para Suíça, Ilhas Maurício, Hungria, Japão, Marrocos e Taiti. Sempre com as despesas pagas e ganhando diárias da entidade.

    A situação mudou radicalmente no dia 28 de maio de 2015, quando sete dirigentes foram presos em Zurique, na Suíça, quando se preparavam para participar do congresso da Fifa. Entre eles, José Maria Marin, antecessor e vice de Del Nero na CBF.

    Efe
    Marco Polo del Nero (em pé, à direita), durante evento na sede da Fifa, em Zurique (SUI), em 2012
    Marco Polo del Nero (em pé, à direita), durante evento na sede da Fifa, em Zurique (SUI), em 2012

    Apesar de não constar nominalmente nos relatórios de corrupção da Justiça americana, há indícios, segundo a investigação do Departamento de Justiça dos EUA, de que o dirigente seja um dos receptadores de propinas pagas por empresas de marketing esportivo.

    Desde as prisões executadas na Suíça, Del Nero optou por não sair mais do Brasil.

    Para começar, foi embora de Zurique antes mesmo do congresso da Fifa que definiria a quarta reeleição de Joseph Blatter na presidência.

    Nesta semana, foi o único dos 27 membros do comitê executivo que não compareceu na reunião extraordinária do órgão que visava definir a data da eleição para a sucessão de Blatter.

    Também faltou ao Mundial de futebol de praia, que terminou no último domingo (19), em Espinho, Portugal.

    Entre junho e julho, Del Nero também não foi ao Chile acompanhar de perto a seleção brasileira na fracassada campanha da Copa América. O diretor de marketing da CBF, Gilberto Ratto, esteve o tempo todo com a delegação, e o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, fez bate e volta pelo menos três vezes para acompanhar os jogos.

    Desde que assumiu como vice da CBF, em março de 2012, Del Nero havia acompanhado a maioria dos jogos da seleção, em amistosos, e também esteve nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 - quando acompanha a delegação Del Nero nunca fica no mesmo hotel do time.

    O primeiro amistoso da seleção fora do país depois da eclosão das denúncias será dia 8 de setembro, contra os EUA, em Boston, justamente país que investiga as suspeitas de pagamento de propina – os jogos de junho, véspera da Copa América, foram em São Paulo, jogo no qual Del Nero acompanhou in loco, e Porto Alegre.

    Por meio de sua assessoria de comunicação, a CBF informou que não comentaria o assunto.

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