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    Semifinalista em Kazan, Alia Atkinson tenta emplacar natação no país de Bolt

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL A KAZAN

    03/08/2015 06h45

    Erich Schlegel/USA Today Sports
    A nadadora jamaicana Alia Atkinson
    A nadadora jamaicana Alia Atkinson durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto

    Alia Atkinson, 26, carrega uma tarefa inglória: tornar a natação popular em um país que vive e respira velocidade, mas nas pistas de atletismo.

    Na Jamaica de Usain Bolt, Alia é um fenômeno social. Em um país que quase desconhece a natação, ela é a referência.

    A nadadora foi campeã dos 100 m peito no Mundial em piscina curta (25 m) de Doha, no Qatar, em dezembro passado. Foi o primeiro título de sua nação na história da natação. Foi também marcante pelo fato de ser negra.

    Agora, no Mundial de Kazan, que é ainda mais relevante por ser realizado em piscina longa (50 m, a mesma usada em Jogos Olímpicos), ela quer uma outra façanha.

    "Eu sempre tento fazer algo inédito. A Jamaica nunca conseguiu uma medalha em Mundiais em piscina longa, então é um objetivo. Se eu conseguir, será fantástico", afirmou a nadadora, que mora e treina na Flórida, nos EUA.

    Na manhã desta segunda-feira (3), ela se classificou para as semifinais da prova com o oitavo melhor tempo (1min07s09). Ela tentará vaga na final ainda nesta tarde.

    "Qualquer coisa pode acontecer. Se eu me focar bem na prova e tiver meu melhor desempenho, é possível ganhar medalha", complementou.

    Alia foi quarta colocada nos 100 m peito nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e já está classificada para os Jogos do Rio-2016. Além disso, levou a bandeira de seu país na cerimônia de abertura do Pan do Rio-2007. Com todo esse status, ela quer ajudar a desenvolver a natação dentro de seu país.

    "75% dos jamaicanos não sabem nadar, e nós estamos em uma ilha. Espero que a cada ano essa porcentagem decaia", contou a atleta, que lidera uma equipe com mais dois nadadores jamaicanos.

    Ela foi uma exceção ao entrar na piscina, por desejo dos pais. Antes, tentou ser corredora e tenista. "Mas eu simplesmente não gosto de correr."

    "Eu tentei ao longo dos anos atrair mais investimento para a natação e popularizá-la na Jamaica. Temos hoje mais clínicas de natação, o que é bom, e mais pessoas têm tentado aprender a nadar. De um ponto de vista de saúde, é muito bom. Se isso vai se torná-la uma das nações de elite da natação, deve levar mais anos", apostou.

    A história pode mudar caso saia uma medalha em Kazan. A final dos 100 m peito, caso Alia avance, será disputada nesta terça-feira (4).

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