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    Grandes de SP infringem lei da meia-entrada; Palmeiras fala em 'máfia'

    EDUARDO RODRIGUES
    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    05/08/2015 02h00

    Se a crise financeira tem afetado o bolso da população, alguns clubes paulistas não têm ajudado seus torcedores a pouparem recursos.

    Corinthians, Palmeiras e São Paulo têm vendido somente ingressos no valor integral pela internet, restringindo às bilheterias a venda de meias-entradas.

    Para o jogo de domingo (2) contra o Atlético-PR, quando teve 38.794 pagantes no Allianz Parque e alcançou seu maior público no Campeonato Brasileiro, o Palmeiras vendeu todos os ingressos pela internet, e suas bilheterias nem chegaram a abrir.

    Sancionada em dezembro de 2013, a lei federal nº 12.933 estabelece uma cota de 40% para a venda de meias-entradas sobre o total de ingressos de eventos culturais, esportivos e de lazer, entre outros.

    Arthur Mendonça Rollo, especialista em direitos do consumidor e professor da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, afirma que vender meias-entradas apenas nas bilheterias é uma prática inconstitucional.

    "É absurdo. Os mesmos mecanismos para a compra das entradas normais devem estar disponíveis para a aquisição da meia-entrada. Não tem motivo fazer essa distinção de tratamento, que é inconstitucional", diz Rollo.

    "Os clubes podem vender seus ingressos pelos sites, na bilheteria, nos guichês e nas lojas credenciadas. O consumidor que tem direito à meia-entrada tem que poder comprar por esses meios também. A distinção de tratamento só tem o objetivo de dificultar a aquisição da meia-entrada e aumentar o faturamento dos clubes", completa Rollo.

    Segundo o advogado, o torcedor que se sentir prejudicado deve reclamar no Procon ou na Promotoria de Justiça do Consumidor.

    O artigo 56 do Código de Defesa do Consumidor prevê punições aos infratores que vão de uma multa administrativa (cujo valor varia entre R$ 542 e cerca de R$ 6 milhões) e chegam até à proibição da comercialização de ingressos.

    Nos casos de violação ao direito à meia-entrada, a aplicação de multa é o procedimento mais recorrente.

    Por conta dessas infrações, os clubes paulistas já estão na mira do Procon-SP, segundo apurou a Folha. Após denúncias de consumidores, São Paulo, Corinthians e Palmeiras já passaram por fiscalização da instituição e devem ser autuados em breve.

    Procurados pela Folha, os clubes confirmaram a restrição da venda às bilheterias, queixaram-se das pessoas que usam a internet para fraudar a lei e afirmaram que são obrigados a conferir a documentação da meia-entrada no ato da compra.

    OUTRO LADO

    Procurado pela Folha, o Palmeiras disse que quer dificultar a venda de bilhetes àqueles que fraudam a lei.

    "O Palmeiras identificou uma máfia de meia-entrada comprada pela internet. Como a PM não permite controle de meia-entrada na catraca, retiramos, assim como fazem Corinthians e São Paulo, a venda de meia-entrada da internet e deixamos só na bilheteria", disse a assessoria de imprensa do clube.

    "Não está planejado não vender mais meias-entradas, porque isso é contra a lei. Mas vamos dificultar ao máximo a venda para os que não fazem jus ao benefício", concluiu.

    "O Corinthians atende o que está determinado no Estatuto do Torcedor, ou seja, disponibiliza a venda de ingressos com 72 horas de antecedência em postos físicos, sendo que, enquanto tiver venda nesse sistema, temos disponíveis ingressos na categoria meia-entrada", disse o Corinthians via assessoria.

    "O São Paulo vende meia-entrada somente nas bilheterias porque, conforme determina parágrafo 2º do artigo 1º da lei federal 12.933, é necessário conferir a documentação que comprove a condição de estudante mediante a apresentação no momento da aquisição do ingresso e na portaria do local do evento", respondeu o clube, também via assessoria.

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