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    Corrupção no futebol

    CPI aprova quebra de sigilo bancário e fiscal de Del Nero e empresário

    SÉRGIO RANGEL
    ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

    20/08/2015 10h46

    Os senadores da CPI do Futebol quebraram nesta quinta-feira (20) o sigilo bancário e fiscal do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e do empresário Wagher Abrahão, parceiro comercial da entidade.

    A quebra foi aprovada por unanimidade em votação nominal. Além de Romário (PSB-RJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Zezé Perrella (PDT-MG), Paulo Bauer (PSDB-SC), Wellington Fagundes (PR-MT) e Helio José (PSD-DF) votaram favoravelmente. Pouco antes da votação, o relator Romero Jucá (PMDB-RR) deixou a sessão alegando que teria que participar de outra reunião. Ele era contra a proposta apresentada.

    "A CPI serve para moralizar o futebol. Por isso, entendo que temos que começar vendo tudo que acontece na mais importante entidade do país e na mais corrupta", afirmou Romário, que também preside a CPI.

    Em abril, a Folha revelou que Del Nero comprou de Abrahão por R$ 5,2 milhões uma cobertura dúplex de mais de 300 metros quadrados na Barra da Tijuca, zona nobre do Rio.

    O apartamento pertencia a uma empresa dos filhos de Abrahão. O empresário morava lá.

    Del Nero e Abrahão negam haver conflito ético na negociação.

    O negócio foi fechado em fevereiro. No acordo, Del Nero e seu filho repassaram ao empresário por cerca de R$ 410 mil e uma saldo devedor (não revelado) uma outra cobertura no prédio. O imóvel valeria no mínimo cerca de R$ 4 milhões, de acordo com corretores cariocas especializados em apartamentos de luxo.

    Abrahão e a CBF são parceiros comerciais há mais de 20 anos. Ele é dono do Grupo Águia, que faz todas as viagens da seleção e dos clubes que disputam as Séries B, C e D do Campeonato Brasileiro, entre outros negócios.

    O empresário também já foi investigado pela CPI do futebol em 2001.

    O relatório final da comissão mostrou que a CBF repassou R$ 31,1 milhões da SBTR, agência de Abrahão, entre 1998 e 2000. De acordo com os senadores, não havia notas fiscais referentes às passagens compradas com a agência.

    No final da tarde desta quinta, os funcionários da CPI deverão enviar o pedido ao Banco Central e a Receita Federal.

    Abrahão também foi beneficiário de um contrato da CBF com um dos patrocinadores da seleção. Em 2012, a Folha revelou que quatro empresas de propriedade do empresário foram indicadas pela entidade para receber o dinheiro do contrato com a TAM.

    Pelo documento, a TAM pagava US$ 7 milhões por ano à confederação. Após a divulgação da reportagem, a empresa rompeu o contrato.

    Os senadores da CPI também aprovaram requerimento solicitando os contratos de patrocínio assinados pela CBF. A comissão conseguiu a liberação de um funcionário da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para trabalhar com os senadores.

    Na próxima semana, presidentes de federações estaduais vão depor na comissão. Os nomes ainda não foram divulgados.

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