• Esporte

    Tuesday, 07-May-2024 05:37:24 -03

    Com 3 ouros no Mundial, Bolt enfrenta ameaça cada vez maior nos 100m

    MARIANA LAJOLO
    COLUNISTA DA FOLHA

    30/08/2015 02h00

    Usain Bolt sai de Pequim com três medalhas de ouro penduradas no pescoço. Mas esse não é o único peso que o jamaicano terá de carregar após o Mundial de atletismo.

    No estádio Ninho de Pássaro, o mesmo onde ele assombrou o mundo nos Jogos de 2008, Bolt conheceu algo novo na sua carreira: uma ameaça real.

    Não que nunca tenha tido rivais, mas jamais esteve tão ameaçado quanto em 2015. E não parece que terá moleza no caminho rumo a 2016.

    O norte-americano Justin Gatlin, 33, chegou à final dos 100 m como homem mais rápido desse ano. Ficou com a prata, mas vendeu caro a derrota: Bolt marcou só 0s01 a mais que o rival.

    Foi a vitória mais apertada do jamaicano em Mundiais ou Olimpíadas desde 2008. Bolt cruzou a linha em 9s79, seu pior tempo nessas competições no período -o recorde mundial dele é 9s58, registrado em 2009.

    Usain Bolt

    Gatlin ainda é o mais veloz dessa temporada: 9s74.

    Bolt continua no topo, dominando os 100 m, mas não tem conseguido baixar suas marcas. E agora tem, além de um rival que o incomoda, uma nova geração forte.

    O bronze em Pequim foi dividida entre Trayvon Bromel (EUA) e Andre de Grasse (CAN), de apenas 20 anos. Bromel já correu os 100 m em 9s84, entre as 16 melhores marcas da história.

    A rivalidade na pista aliada aos 29 anos recém-completados farão o caminho do atleta jamaicano até 2016 mais complicado.

    Dos 46 atletas que venceram os 100 m em Olimpíadas, só Linford Christie, em 1992, atingiu o feito com 30 anos ou mais. A média é de 23,8 anos. O jamaicano fará 30 anos no último dia da Olimpíada de 2016.

    Nesta temporada, Bolt pouco correu, teve de lidar com contusões e não atingiu boas marcas. Chegou ao Mundial sob dúvidas, mas respondeu bem na pista.

    Após o sufoco dos 100 m, mais confiante, ele passeou nos 200 m. No sábado (29), fechou o revezamento 4 x 100 m que massacrou os EUA, com 37s36, melhor tempo do ano. O time norte-americano, que chegou em segundo lugar, acabou desclassificado por fazer uma troca de bastão fora da área delimitada.

    PREFERÊNCIA PELOS 200

    Bolt é alto para velocistas, 1,96 m, e tem na largada um de seus pontos fracos. Um defeito para uma prova tão rápida quanto os 100 m. Mas que, nos 200 m, é compensado pela ampla superioridade técnica do atleta na parte corrida da prova.

    No Mundial, quando percebeu que ia vencer Gatlin nos 200 m, Bolt até diminuiu o ritmo nos metros finais e começou a comemorar antes de cruzar a linha de chegada.

    Ganhou o ouro com 19s55, marca inferior à obtida no Mundial de 2013, mas superior às estabelecidas em Mundiais e Olimpíadas anteriores.

    Desde 2012, o jamaicano fala em priorizar os 200 m, sua prova preferida. Ele sonha quebrar a barreira dos 19s antes da aposentadoria.

    Em Pequim, disse que corre os 100 m para a torcida e seu treinador. Os 200 m, corre para ele mesmo.

    O jamaicano quer encerrar sua carreira em Olimpíadas na Rio-2016 com algo grandioso: ser o primeiro tricampeão olímpico das duas provas mais rápidas do atletismo e quebrar uma barreira simbólica nos 200 m.

    O homem mais veloz de todos os tempos já provou que é capaz de conseguir feitos extraordinários. Mas terá de conseguir fazer seu corpo superar a pressão da idade e dos rivais em 2016.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024