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    Brasil ainda não tem vaga em metade das provas de atletismo na Rio-2016

    MARCEL MERGUIZO
    DE SÃO PAULO

    20/09/2015 02h00

    Wong Maye-E/Associated Press
    Largada dos 100 m rasos no Mundial de Pequim, em agosto, com Usain Bolt na raia 5
    Largada dos 100 m rasos no Mundial de Pequim, em agosto, com Usain Bolt na raia 5

    Engenhão, 13 de agosto de 2016. Começam as preliminares da mais nobre das provas da Olimpíada. E nenhum brasileiro está no bloco de largada para correr os 100 m rasos.

    A cena, distante no calendário, está mais próxima de acontecer do que se imagina.

    Hoje não há um brasileiro sequer com índice para sonhar em ser um dos mais de 70 atletas que vão desafiar a supremacia de Usain Bolt.

    Também não há atletas nacionais em quase metade das disputas olímpicas do atletismo. Das 47 provas do programa, 24 possuem brasileiros (e 23, não) com as marcas mínimas exigidas pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) para ao menos pisar na pista ou no campo do estádio olímpico do Rio.

    No atletismo, o país-sede não tem o benefício da classificação automática como em outros esportes. Assim, os atletas brasileiros têm até 11 de julho, ou seja, menos de um mês antes dos Jogos, para correr, saltar, lançar e arremessar em busca de índices.

    Hoje, 15 homens e 13 mulheres do país já alcançaram esse primeiro objetivo.

    A maior parte das marcas começou a valer em 1º de maio e, como setembro costuma ser de férias no atletismo mundial, novos resultados devem começar a ser atingidos a partir de fevereiro.

    Na disputa para saber quem é o homem mais rápido do mundo, por exemplo, o tempo mínimo exigido pela Iaaf (federação internacional de atletismo) —e mantido pela CBAt— é 10s16 no masculino. O brasileiro mais perto desta marca é Vitor Hugo dos Santos, que este ano correu os 100 m em 10s22.

    Tão perto, tão longe. Segundo a Folha apurou, até a alta cúpula da CBAt está pessimista em relação à participação brasileira na prova.

    Dos 85 atletas que já correram abaixo dos 10s16 neste ano, 15 são jamaicanos como Bolt e 33 americanos como Justin Gatlin. Na Rio-2016, porém, cada país pode ter apenas três atletas por provas, por isso estes realizam seletivas às vésperas dos Jogos.

    TER OU NÃO TER?

    O Brasil, que espera um ou dois pódios no Rio, projeta ter cerca de 60 competidores no atletismo. Em Londres-2012, foram 36, em 21 provas.

    "Quero colocar o maior número de atletas possível. O Brasil organiza a festa, tem que estar lá", diz o presidente da CBAt, Toninho Fernandes. O dirigente não descarta, inclusive, receber convites da Iaaf. Posição contrária à do técnico-chefe da seleção brasileira, Ricardo D'Angelo.

    "Os índices não me preocupam tanto agora. O ideal mesmo é que estes atletas repitam as marcas perto dos Jogos, para ter certeza que estão indo na melhor forma."

    Responsável pela seleção nos últimos Mundiais e Olimpíadas, D'Angelo alerta que a CBAt pode até exigir que o atleta repita a marca próxima à do índice antes dos Jogos para garanti-lo na Rio-2016.

    "Não é o caso de uma Fabiana Murer [salto com vara], que é consistente e, para ela, já ter o índice ajuda na preparação. Mas, para alguns, sem foco, às vezes é melhor conseguir perto do que fazer uma vez e, depois, se frustrar na Olimpíada", explica.

    Para a paulista Geisa Arcanjo, melhor brasileira em Londres-2012, seria melhor já ter alcançado a marca. Ela ficou a quatro centímetros do índice no arremesso de peso: fez 17,76 m, e precisa 17,80 m.

    "Era bom já ter a segurança e a vaga assegurada, para treinar com mais tranquilidade e com um suporte ainda maior visando os Jogos", diz.

    Um caso peculiar é de Juliana Gomes dos Santos. A atleta que ganhou o único ouro do Brasil nas pistas do Pan de Toronto, nos 5.000, ainda não tem índice para nenhuma prova, mas é a brasileira mais bem classificada no ranking mundial para três delas.

    "Não sei em qual prova vou focar ainda. O índice é o objetivo maior no momento, para começar a viver a Olimpíada, e as expectativas são boas nos 1.500 m, 5.000 m e nos 3.000 com obstáculos", diz.

    Afinal, o objetivo dela e de outra centena de atletas é o mesmo: cruzar a mesma linha de chegada que está esperando por Usain Bolt em 14 de agosto de 2016.

    *

    HOMENS COM ÍNDICE
    200 m rasos
    Aldemir Gomes Junior e Bruno Lins

    400 m rasos
    Hederson Estefani

    1.500 m rasos
    Thiago do Rosário André

    110 m com barreiras
    Éder Antonio de Souza e
    João Vitor de Oliveira

    400 m com barreiras
    Hederson Estefani

    Revezamento
    Equipe classificada (1 x 400 m)
    Equipe classificada (4 x 400 m)

    Salto com vara
    Thiago Braz e Augusto Dutra

    Lançamento do dardo
    Julio Cesar Miranda de Oliveira

    Decatlo
    Luiz Alberto Cardoso de Araújo

    Marcha atlética
    Caio Bonfim(20 km)
    Mário José dos Santos Junior (50 km)

    Maratona
    Marilson Gomes dos Santos, Solonei Rocha da Silva
    e Gilberto Silvestre Lopes

    BRASILEIROS MAIS PERTO DO ÍNDICE NESTE ANO

    100 m rasos
    Vitor Hugo dos Santos
    (10s22, precisa de 10s16)

    800 m rasos
    Thiago André
    (1min46s36, precisa de 1min46s)

    5.000 m rasos
    Altobeli Santos da Silva
    (13min41s17, precisa de 3min25s)

    10.000 m rasos
    Daniel Chaves da Silva
    (28min19s3, precisa de 28min)

    3.000 m com obstáculos
    Jean Carlos Dolberth Machado
    (8min45s58, precisa de 8min28s)

    salto em altura
    Talles Frederico Silva
    (2,28 m, precisa de 2,29 m)

    salto em distância
    Alexsandro de Melo
    (8,12 m, precisa de 8,15 m)

    salto triplo
    Jean Cassimiro Rosa
    (16,80 m, precisa de 16,90 m)

    Arremesso de peso
    Darlan Romani
    (20,90 m mas fora do período válido, precisa de 20,50 m)

    Lançamento do disco
    Ronald Julião
    (64,65 m, precisa de 66 m)

    Lançamento do martelo
    Wagner Domingos
    (74,20 m, precisa de 78 m)

    MULHERES COM ÍNDICE

    100 m rasos
    Rosângela Santos
    Ana Claudia Lemos

    200 m rasos
    Rosângela Santos
    Ana Claudia Lemos
    Vitória Cristina Silva Rosa

    400 m rasos
    Geisa Coutinho

    800 m rasos
    Flávia Maria de Lima

    Revezamento 4 x 100 m
    Equipe classificada

    Revezamento 4 x 400 m
    Equipe classificada

    Salto com vara
    Fabiana Murer

    Salto em distância
    Keila Costa

    Lançamento do disco
    Andressa Oliveira de Morais
    Fernanda Borges Martins

    Marcha atlética - 20 km
    Érica Rocha de Sena

    Maratona
    Adriana Aparecida da Silva
    Marily dos Santos
    Sueli Pereira Silva

    BRASILEIRAS MAIS PERTO DO ÍNDICE NESTE ANO

    1.500 m rasos
    Juliana Gomes dos Santos (4min10s68, precisa de 4min06s)

    5.000 m rasos
    Juliana Gomes dos Santos (15min45s97, precisa de 15min20s)

    10.000 m rasos
    Tatiele de Carvalho
    (33min24s33, precisa de 32min15s)

    100 m com barreiras
    Adelly Santos
    (13s06, precisa de 13s)

    400 m com barreiras
    Jailma de Lima
    (58s14, precisa de 56s20)

    3.000 m com obstáculos
    Juliana Gomes dos Santos (9min55s92, precisa de 9min45s)

    Salto em altura
    Ana Paula de Oliveira
    (1,86 m, precisa de 1,94 m)

    Salto triplo
    Keila Costa
    (14,17 m, precisa de 14,20 m)

    Arremesso de peso
    Geisa Arcanjo
    (17,76 m, precisa de 17,80 m)

    Lançamento do martelo
    Carla Michel
    (63,24 m, precisa de 71 m)

    Lançamento do dardo
    Juciele de Lima
    (61,23 m, precisa de 62 m)

    Heptatlo
    Vanessa Spinola
    (6.103 pontos, precisa de 6.200 pontos)

    Colaborou ÉDER FANTONI, de São Paulo

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