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    Compra de zagueiro com investidores gera polêmica no São Paulo; entenda

    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    23/09/2015 12h55

    Érico Leonan/saopaulofc.net
    O zagueiro Iago Maidana, de 19 anos, participa de treino no São Paulo
    O zagueiro Iago Maidana, de 19 anos, participa de treino no São Paulo

    Mais uma polêmica invadiu a diretoria de Carlos Miguel Aidar. Depois da demissão e bate-boca com o ex-CEO, Alexandre Bourgeois, na semana passada, agora a confusão é em razão da compra de um jogador de 19 anos, Iago Maidana, que atuava no Criciúma até o começo de setembro. O negócio teve participação de uma empresa que diz ter comprado os direitos econômicos do atleta, o que não é mais permitido pela Fifa.

    O ex-clube do jogador, o Criciúma, alega ter sido enganado pelo São Paulo.

    ENTENDA O QUE ACONTECEU

    QUEM É IAGO MAIDANA

    Revelado na base do Criciúma, o zagueiro apareceu na equipe profissional no ano passado, nos últimos jogos do Brasileiro. Sem chances de seguir na Série A, o clube colocou jogadores da base em ação para avaliação antes do término de 2014. Ele atuou em 12 partidas, entre Catarinense e Copa do Brasil, e acabou sendo convocado pela seleção sub-20.

    COMO ELE FOI PARAR NO SÃO PAULO
    No dia 11 de setembro, já com um novo comandante na base do time tricolor, Iago foi anunciado como nova contratação. Ele tinha contrato até junho de 2016, mas saiu no dia 4 de setembro do Criciúma, acertou no dia 9 de setembro com o Monte Cristo, clube da terceira divisão do goiano, onde ficou até o dia 11.
    Quem pagou pela rescisão de seu contrato em Santa Catarina foi a empresa Itaquerão Soccer, que foi aberta em 15 de julho.

    QUANTO CUSTOU
    A multa rescisória do garoto pelo contrato com o Monte Cristo era de R$ 50 mil, como apurou a Folha. Mas o valor do negócio foi fechado em R$ 2 milhões, por 60% dos direitos econômicos. Esse valor pode aumentar R$ 400 mil, se ele for usado dez vezes em jogos do profissional.

    VERSÃO DO SÃO PAULO

    Por meio de sua assessoria de imprensa, o time tricolor informa que "fez uma aquisição junto ao clube Monte Cristo, dentro de todas as normalidades, e que não negociou com empresa" e que "prestará esclarecimento à CBF, e todas as entidades com legitimidade no processo, se solicitado".

    VERSÃO DO CRICIÚMA

    Diz que foi vítima da "podridão do futebol" e acusa o São Paulo de ter aliciado o jogador. Segundo o gerente Claudio Gomes, o clube foi pressionado pelos empresários para fazer a rescisão e acabou cedendo, pelo valor de R$ 400 mil. "Não tem ninguém bobinho aqui. O São Paulo está por trás de tudo isso. O Iago foi pra seleção sub-20, ficou concentrado com o Lucão [jogador do São Paulo]. Se o São Paulo queria o jogador, tinha que ter procurado a gente", disse Gomes, à Folha.

    VERSÃO DO MONTE CRISTO

    De acordo com o presidente, Getúlio Getúlio Orlando de Souza, toda negociação foi feita diretamente pela empresa Itaquerão Soccer, tanto do lado do Criciúma quanto do lado do São Paulo. Foi ela quem desembolsou o dinheiro para conseguir a liberação do garoto e também é quem vai receber a maior parte do dinheiro. O Monte Cristo, segundo o dirigente, ficará com R$ 500 mil. Ele admite que a negociação começou antes de Iago deixar o Criciúma. "A negociação já estava toda encaminhada, antes mesmo de ele chegar aqui no Monte Cristo. Mas não sei o motivo de ele ter vindo parar aqui, isso é coisa que os empresários podem explicar", explicou o mandatário.

    VERSÃO DO ITAQUERÃO SOCCER

    "A gente já desenvolve o trabalho com eles há um tempão. A negociação começou há nove meses. A gente falou com o pai do garoto. O São Paulo era um dos clubes interessados. A gente teve uma proposta forte do Atlético-MG. Quem intermediou no São Paulo foi o Junior Chávare [ex-comandante da base]. O primeiro valor que falamos era mais de R$ 3 milhões, depois caiu para R$ 2 milhões. Não vejo nada de errado no que fizemos. A Fifa permite isso. Não tinha nada certo com o São Paulo antes, se alguém falou isso, é mentira", disse Fernando Moraes, representante da empresa.

    QUAL O PROBLEMA

    O problema é que as regras da Fifa para a participação de terceiros (investidores) em direitos econômicos de jogadores mudaram desde o início deste ano.
    De acordo com o novo regulamento nacional de registro e transferência de atletas de futebol, da CBF, "nenhum clube ou jogador poderá celebrar um contrato com um terceiro por meio do qual este terceiro obtenha o direito de participar, parcial ou integralmente de um valor de transferência pagável em razão da futura transferência dos direitos de registro de um atleta de um clube para outro, ou pelo qual se ceda quaisquer direitos em relação a uma futura transferência ou valor de transferência".

    O QUE PODE ACONTECER

    A CBF disse que vai apurar o caso e pedir esclarecimentos para todos os envolvidos. Se for provado que os clubes negociaram com empresas, eles poderão ser punidos. O castigo pode ser desde uma multa até o rebaixamento, passando pelo impedimento de novas contratações.

    Há menos de uma semana, a Comissão Disciplinar da Fifa sancionou o FC Seraing, da Bélgica, por caso semelhante. O clube foi proibido de registrar jogadores por dois anos e ainda recebeu multa de 150 mil francos suíços (R$ 623 mil). A menor sanção é uma advertência da entidade.

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