O treinador Dunga e o coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi, voltaram a criticar nesta segunda-feira (28) o senador e ex-jogador Romário (PSB-RJ) pelas acusações feitas sobre as convocações da seleção brasileira.

"Uma grande decepção pelo fato de que sempre fui amigo dele. Ser amigo é defender o companheiro. Se existe alguma dúvida, ele poderia ter me ligado e perguntado. Estamos tomando providências e esperamos que a imunidade parlamentar dele não atrapalhe", disse o treinador em entrevista ao canal SporTV.

"Estamos no mundo do futebol com muita desconfiança e acusações, mas não existem fatos. Disparar para todos os lados e não esperar para matar um amigo, isso não é um amigo. Ele não teve a sensibilidade de ver que os documentos eram falsos", completou Dunga.

Gilmar Rinaldi, por sua vez, foi mais incisivo e questionou a imunidade parlamentar de Romário.

"Ele não vai mexer na minha honra. Gostaria de aproveitar para questionar: me prove com fatos o que fala. Ele tem imunidade parlamentar. Por que ele não abre as contas dele também? Se ele fizer isso, abro minhas contas todas. Simples", disse Rinaldi.

Na semana passada, Romário disse não é a hora do treinador comandar a equipe do Brasil e que há "interesses por trás" das convocações.

Em entrevista concedida ao jornal italiano "La Gazzetta dello Sport", o ex-atacante afirmou que o treinador está "envolvido na sujeira da CBF". "Eu não sei se ele está sujo, se participa, mas está vendo tudo. Não é nem cego nem estúpido", disse.

Os três fizeram parte do time campeão do mundo, em 1994, na Copa dos Estados Unidos.

	Tasso Marcelo/AFP
	O técnico Dunga durante convocação da seleção brasileira

DISPENSA

Quando questionado sobre a dispensa de jogadores da seleção, o treinador disse entender a posição dos atletas, mas que permanecer na equipe depende do mérito do atleta.

"Quando o jogador não se sente pronto para competir com os demais, ele não pode estar no grupo. Na seleção tem que estar pronto e quando surgir a oportunidade a ideia tem que ser 'eu tenho que estar no grupo, depende só de mim para quando eu entrar eu não sair mais' ". disse Dunga.

Na terça-feira (22), a CBF anunciou que o lateral-direito Rafinha, 30, pediu para ser desconvocado da seleção brasileira.

Em carta enviada, o jogador escreveu: "não venho sendo chamado regularmente, não sou uma das principais opções em minha posição, considerando que há outros profissionais na minha frente".

Antes de pedir dispensa, Rafinha havia sido convocado depois que os laterais Danilo e Daniel Alves se machucaram. Sem citar o jogador, Dunga disse que os atletas devem se preparar para enfrentar forte concorrência na seleção brasileira.

"[Na Europa] há um número muito reduzido de jogadores. Na seleção é diferente porque tem muita competitividade, tem quatro ou cinco jogadores para cada posição, quase no mesmo nível e o jogador tem que estar disposto a competir", disse.

SELEÇÃO OLÍMPICA

O treinador criticou também o modelo de base no Brasil e disse que jovens atletas que atuam no país podem chegar sem ritmo à seleção.

Nesta segunda, Dunga convocou 22 jogadores para a seleção olímpica (sub-23), que fará amistosos contra República Dominicana e Haiti em outubro, em Manaus.

"A grande dificuldade é que, por exemplo, a Europa tem campeonato sub-20 e sub-23 durante o ano inteiro. Esses jogadores estão jogando o tempo todo e tem um time pronto para as Olimpíadas. Nós não temos esses campeonato e isso aumenta a nossa dificuldade. Precisamos que os jogadores cheguem competitivos. Se o jogador só fica na reserva, ele chega na seleção sem ritmo de jogo de competição", disse.