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    "Eu só quero saber a verdade", diz irmão de vítima em obra do Itaquerão

    CAMILA MATTOSO
    DE SÃO PAULO

    02/10/2015 12h54

    O acidente no estádio do Corinthians com um guindaste, que matou dois funcionários durante a construção, está perto de completar dois anos e ainda não tem um laudo oficial. O Ministério do Trabalho contratou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para estudar as causas do desastre, mas o relatório ainda não foi divulgado.

    A Folha apurou que o laudo já foi terminado e deve ser conhecido nos próximos dias.

    Irmão do operário Ronaldo Oliveira dos Santos, que morreu na ocasião, Braz Abilio Oliveira dos Santos espera a conclusão da investigação ansioso para saber o que de fato aconteceu naquele dia 27 de novembro de 2013.

    "Está demorando muito para sair a conclusão. Eu quero só a verdade. Não vai trazer a vida dele de volta, mas eu tenho o direito de saber a verdade", afirma.

    "Eu tenho certeza que duas pessoas tiveram culpa nisso. A pessoa que autorizou e a pessoa que executou. E quero ver o que o laudo vai dizer. Quero só a verdade", completa Braz.

    Sua família já recebeu a indenização, paga pela seguradora da obra, 45 dias depois da queda do guindaste.

    "Por contrato, não posso falar o valor. Mas foi tudo feito certinho, até nos deixou surpreso pela rapidez que tudo aconteceu. A vida da minha família mudou bastante. Minha mãe conseguiu reformar a casa e fazer um tratamento de saúde que precisava", diz.

    Além de Ronaldo, Fabio Pereira também faleceu no acidente.

    Pouco antes do acidente completar um ano e meio, em maio de 2015, o instituto informou que o laudo sairia no primeiro semestre de 2015, o que não aconteceu.

    Dias após o acidente, foi divulgado que o laudo estaria pronto em janeiro de 2014.

    Novamente procurado, o órgão informou que a demora no prazo se deve "à complexidade de variáveis estudadas que concorreram para o acidente. Além disso, algumas informações fundamentais para a realização dos estudos só foram obtidas no final de 2014".

    A Folha solicitou ao IPT uma lista com alguns dos principais trabalhos realizados por ele nos últimos anos e o tempo para cada um. O único que chega perto da demora do registrado no caso do estádio do Corinthians é o da linha amarela do metrô, acidente que matou sete pessoas, em 2007.

    DEMORA EM LAUDOS APÓS ACIDENTES

    1. Acidente Linha Amarela: 24 meses;
    2. Mapeamento de áreas de risco de deslizamentos na cidade de São Paulo: 15 meses;
    3. Plano Municipal de Redução de Riscos em Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra: 14 meses;
    4. Projeto de desenvolvimento de cimento dentário com empresa privada: 12 meses;
    5. Queda da ponte em Piracicaba: 11 meses;
    6. Mapeamento de áreas de risco e de preservação permanente em São Roque (SP): 6 meses;
    7. Acidente Monotrilho: 5 meses;
    8. Acidente TAM: 1 mês (neste caso, foram executados somente ensaios de mancha de areia para avaliação da macrotextura do revestimento asfáltico da pista de pouso principal do Aeroporto de Congonhas após a execução do grooving).

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