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    Hipismo da Rio-2016 pode ser disputado fora do Brasil, diz dirigente

    DE SÃO PAULO

    07/10/2015 13h49

    O presidente da CBH (Confederação Brasileira de Hipismo), Luiz Roberto Giugni, disse nesta quarta-feira (7) que as provas de hipismo da Olimpíada de 2016, no Rio, podem ser realizadas fora do Brasil.

    De acordo com Giugni, o Ministério da Agricultura ainda não acertou o certificado sanitário para liberar a entrada de cavalos estrangeiros no Brasil.

    "Se esse problema não for resolvido até o fim do mês, corremos o risco de não ter o evento no Brasil. A situação é complicada. Fazer [as provas] não é o problema. Mas, sim, a vontade de fazer", disse o dirigente.

    "Europeus, norte-americanos e canadenses não têm garantias de trazer cavalos para cá e ser encaminhados de volta. Estamos atrasados com isso. A comunicação com o ministério é ruim. Eu já tenho uma coleção de e-mails, que estou protocolando agora, e não tem resposta", afirmou Giugni.

    O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento diz à Folha que os procedimentos estão dentro do prazo combinado no cronograma de recebimento e emissão de documentos para a Olimpíada.

    "De acordo com nosso técnico, o Brasil está dentro do cronograma e com folga de alguns meses, sem riscos de não cumprir os prazos. O prazo para o Ministério receber e mandar de volta a documentação é de 120 dias antes do eventos, então, para a Olimpíada, o Brasil ainda está dentro do cronograma", diz a assessoria de imprensa da pasta.

    Em contato com a Folha, o Comitê Organizador Rio-2106 diz que acompanha o caso como "ouvinte" e está "otimista" para que se resolva "o mais rapidamente possível". Os organizadores dos Jogos ainda afirmam que "não trabalham com alternativa" de local, como disse o presidente da CBH.

    Em nota oficial após a entrevista de seu presidente, a CBH diz que vêm trabalhando em todas as esferas para ajudar o Comitê Organizador do Rio em relação às exigências da Federação Equestre Internacional e da comunidade europeia sobre as questões sanitárias para a realização dos Jogos Olímpicos.

    "O evento teste em Deodoro ocorreu da melhor forma possível e foi aprovado pela entidade. O problema que existe hoje é em relação ao Ministério da Agricultura que precisa atender às exigências da FEI e da comunidade europeia. Atualmente não há nenhum acerto do certificado sanitário com Europa, Estados Unidos e Canadá e a FEI colocou um prazo de até o final do mês para resolver esta questão".

    Na noite desta quarta-feira, o Ministério da Agricultura publicou nota em que "descarta qualquer possibilidade de não realização dos eventos no Rio de Janeiro, no período de 5 a 21 de agosto de 2016, devido a questões de competência desta pasta. Tampouco houve qualquer comunicação oficial das autoridades competentes internacionais alertando sobre a possibilidade de não ocorrência do evento no Brasil" (leia íntegra comunicado abaixo).

    O local que vai sediar as provas do hipismo na Rio-2016, em Deodoro, zona oeste do Rio, recebeu em agosto um evento-teste, mas sem a presença de estrangeiros.

    Na ocasião, dois cavalos oriundos de um haras de São Paulo interditado por suspeita de mormo participaram da competição.

    O mormo é uma doença equina letal transmitida por uma bactéria. A liberação dos animais ocorreu pela secretaria de Defesa Agropecuária de São Paulo, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, após o cavaleiro Marcelo Tosi, dono dos dois cavalos que foram ao evento, apresentar testes válidos por 60 dias, que resultaram em negativo para a doença.

    No entanto, os exames foram realizados em laboratórios nacionais cujos resultados não são reconhecidos internacionalmente por não possuírem a chamada Norma ISO. Além disso, o período de incubação da doença é de seis meses.

    Em julho, o Ministério da Agricultura cancelou às pressas o sacrifício de 45 cavalos que estariam contaminados com o mormo. Os animais estavam aquartelados em uma área perto do Complexo de Deodoro.

    Segundo oficiais do Exército, o exame que identificou a bactéria da doença no organismo dos animais seria inconclusivo. Eles também disseram que a pressa em abater os animais estaria associada à proximidade do evento-teste.

    CURIOSIDADE

    Em 1956, na Olimpíada de Melbourne (Austrália), as competições de hipismo aconteceram em Estocolmo, na Suécia.

    O temor do governo da Austrália de que os cavalos da competição contaminassem seus rebanhos impediu a disputa no país. Essa foi a primeira e única vez que dois países sediaram a mesma edição dos Jogos Olímpicos.

    COMUNICADO DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

    O ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirma que desde 2011 o país vem se preparando para a realização das Olimpíadas e nesse processo concluiu, em abril de 2015, a definição dos protocolos de ingresso de equinos no Brasil para as Olimpíadas. O país segue rigidamente o calendário e, em tempo hábil, ou seja, 120 dias antes do evento teste, que ocorreu em agosto passado, todos os protocolos estavam aprovados e publicados para conhecimento público.

    O Mapa descarta qualquer possibilidade de não realização dos eventos no Rio de Janeiro, no período de 5 a 21 de agosto de 2016, devido a questões de competência desta pasta. Tampouco houve qualquer comunicação oficial das autoridades competentes internacionais alertando sobre a possibilidade de não ocorrência do evento no Brasil.

    Os protocolos foram formalizados por meio de duas Instruções Normativas (IN) de números 7 e 8, documentos que estabeleceram requisitos específicos às Olimpíadas e os referentes às regras Zoosanitárias do Brasil para a importação temporária de equinos em excelente estado sanitário que participarão das competições. Essas regras foram amplamente divulgadas internacionalmente, via Organização Mundial do Comércio (OMC), e enviadas diretamente ao Mercosul, à União Europeia, à Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE) e à Federação Equestre Internacional (FEI).
    São normas que estabelecem requisitos modernos para facilitar a movimentação internacional de equinos. Os termos das Instruções Normativas (IN) foram debatidos ao longo dos últimos três anos com entidades de vários países e organismos internacionais, além da própria FEI.

    Quanto aos protocolos de saída, cada país estabelece seus requisitos de retorno e o Brasil é ciente e totalmente capaz de cumprir com as regras que garantam o retorno de equinos preservando as medidas sanitárias. As regras foram definidas para garantir que os equinos ingressem no país sem risco sanitário e que também retornem aos países de origem sem qualquer enfermidade. O MAPA atua em sintonia com a União Europeia, bloco que, inclusive, aprovou a regionalização dos locais de competição para permitir a preservação da sanidade animal. Da mesma forma, foram adotadas medidas de controle e saneamento dos locais de competição para garantir a segurança dos equinos.

    O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informa, ainda, que as autoridades veterinárias oficiais brasileiras avaliam solicitação da União Europeia para análise de uma nova proposta de certificação veterinária internacional para os animais que participarão das Olimpíadas. Essa solicitação é datada de 16 de setembro passado e, conforme estabelecido com a Autoridade Pública Olímpica, será respondida ainda esta semana.

    O Mapa lamenta a divulgação de versões produzidas à margem da Autoridade Olímpica, com motivações que certamente não estão em sintonia com o esforço geral pelo êxito das Olimpíadas.

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