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    Vice-campeã mundial, brasileira faz 'vaquinha' para ter marido nos treinos

    MARCEL MERGUIZO
    DE SÃO PAULO

    19/10/2015 17h27

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    A lutadora Aline Silva treina com o marido, Flávio Ramos, em São Paulo
    A lutadora Aline Silva treina com o marido, Flávio Ramos, em São Paulo

    Primeira medalhista do Brasil em um Campeonato Mundial e já com a vaga assegurada para os Jogos de 2016, Aline Silva continua sua luta olímpica fora das competições.

    A nova batalha que a paulista começou nesta segunda-feira (19), um dia depois de completar 29 anos, é para arrecadar dinheiro para seu treinamento até os Jogos do Rio. E, para isso, ela mesma criou uma "vaquinha" no site Kickante.

    Neste financiamento coletivo, a melhor atleta brasileira da luta olímpica pede R$ 18 mil. A meta precisa ser atingida em 60 dias. O site fica com 12% do valor e, se ela não arrecadar todo o dinheiro pedido, eles embolsam a fatia de 17,5%.

    Os R$ 18 mil são para bancar a ida do marido de Aline para as viagens com ela. Não apenas para acompanhá-la, mas porque ele é fundamental nos treinos dela.

    Professor de educação física e lutador, Flávio Ramos é o sparring oficial de Aline. Ele é jogado no chão, carregado nos ombros e empurrado pela mulher quase que diariamente desde o início do ano passado.

    E assim ela se tornou vice-campeã mundial em 2014 e foi quinta colocada na competição neste ano, em Las Vegas (EUA), resultado que garantiu sua vaga na Rio-2016.

    "Nada é muito fácil na vida de atleta. Para Las Vegas tive que bancar a ida dele comigo, emprestei dinheiro para pagar as passagens", explica Aline à Folha.

    Marcel Merguizo/Folhapress
    Aline Silva, da luta olímpica, no centro de treinamento do Brasil na Universidade de York, em Toronto
    Aline Silva, da luta olímpica, no centro de treinamento do Brasil na Universidade de York, em Toronto

    Mesmo com os melhores resultados da história da luta olímpica no país, ela ainda não tem um patrocínio privado sequer. O que recebe vem do governo federal, das Forças Armadas e do clube que a contratou até o fim de 2016.

    A Bolsa Pódio, o soldo de 3º sargento da Marinha e salário do Sesi, porém, não são suficientes para que o marido a acompanhe fora do país.

    "Se eu perco 20, 30 dias por ano de treinamento isso faz diferença na minha preparação. Quero fazer tudo possível por uma medalha no Rio", diz Aline, que incluiu na conta da "vaquinha" as recompensas que precisa dar a quem a ajudar com contribuições de R$ 10 a R$ 9 mil.

    Segundo a lutadora, desde o fim do ano passado foi feito o pedido à Confederação Brasileira de Wrestling (CBW, antiga CBLA) para que o marido a acompanhe nas competições.

    À Folha, a CBW diz que não é possível porque ele é o sparring da atleta e não faz parte do quadro de profissionais da entidade. Assim, seria inviável pagar as despesas de viagens para campeonatos internacionais.

    No entanto, como sparring oficial, ele tem permissão para treinar com Aline em competições nacionais ou quando está nas viagens, como aconteceu em Las Vegas, no mês passado.

    "Me prejudiquei bastante sem ele no Pan [foi bronze]. E esse um mês que ele ficou comigo já fez diferença em Las Vegas. Por isso quero passar Natal e Ano Novo treinando direto para começar bem as competições em 2016. Mas para isso preciso do dinheiro", afirma Aline, de 1,77 m e 75 kg.

    Como não há no país adversária, nem sequer para os treinos, no peso e na força de Aline, no Pan de Toronto ela lutava contra o próprio treinador da seleção brasileira, o cubano Angel Torres, na preparação já no Canadá.

    A primeira competição do ano que vem deve ser no Azerbaijão e ela já está preocupada com a alta do dólar. "Talvez gaste boa parte do dinheiro que arrecadar", calcula.

    Neste ano, o marido de Aline "largou tudo" para se dedicar exclusivamente à preparação dela para a Rio-2016. O Sesi, hoje, é o único que o ajuda financeiramente, com R$ 1.000 mensais.

    Stephen R. Sylvanie - 10.set.2015/USA Today Sports/Reuters
    Aline Silva (esq.) durante luta contra a bielorussia Vasilisa Marzaliuk, pela medalha de bronze no Mundial
    Aline Silva (esq.) durante luta contra a bielorussia Vasilisa Marzaliuk, pela medalha de bronze no Mundial
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