• Esporte

    Saturday, 04-May-2024 18:16:21 -03

    Risco a medalhista olímpica faz jogadoras do vôlei protestarem

    MARCEL MERGUIZO
    DE SÃO PAULO

    24/10/2015 02h00

    As jogadoras da seleção brasileira de vôlei, bicampeã olímpica, se uniram por uma causa: acabar com o ranking que limita a participação delas nos times da Superliga.

    O gatilho para que ao menos uma dezena de atletas publicassem textos nas redes sociais com sua "indignação" e "raiva" contra a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) nesta sexta (23) é a possibilidade de a oposta Elisângela, 36, não disputar a competição que terá início na segunda semana de novembro.

    Elisângela foi campeã do Pan de Winnipeg-1999, ganhou a medalha de bronze na Olimpíada de Sydney-2000, defendeu a seleção em Atenas-2004 e é a maior pontuadora da Superliga, a única com mais de 4 mil pontos.

    Mesmo assim, não deve jogar a próxima edição, na qual ela gostaria de se aposentar.

    João Pires/Fotojump
    A oposta Elisângela comemora ponto pelo time de Osasco
    A oposta Elisângela comemora ponto pelo time de Osasco

    A barreira para Elisângela é o ranking da CBV, criado em 1992 para equilibrar os times.

    Nele, em votação, os clubes atribuem pontuação de zero a sete para cada atleta. Na Superliga, cada time pode ter até duas atletas com sete pontos e a soma geral não pode ultrapassar 43.

    Elisângela foi etiquetada com três pontos, mas dois são descontados devido à idade. Ela faz 37 anos na sexta (30).

    Como atleta de um ponto, assinou contrato com Osasco para jogar o Paulista, que não tem ranking. A final do campeonato é no domingo (25), entre Osasco e Sesi. Depois, a jogadora –terceira opção na posição– não sabe se fica no time, pois o elenco já atingiu a soma de 43 pontos.

    "Acho que não vão resolver meu caso. Mas que seja o início do fim desse ranking que hoje já não funciona", afirma Elisângela à Folha.

    Nos últimos 13 anos, só dois times, Rio e Osasco, foram campeões da Superliga.

    A medalhista olímpica procurou a CBV "informalmente", segundo a própria entidade. Diretor de competições, o ex-técnico Radamés Lattari a orientou a pedir aos clubes autorização para que sua pontuação fosse zerada.

    Dos 12 clubes, apenas três foram contra Elisângela: Sesi, Pinheiros e Praia Clube. A atleta encaminhou as respostas à CBV, que nada fez.

    Esse posicionamento, que pode fazer com que Elisângela se aposente neste domingo —não quer jogar fora do país em razão do filho de 10 anos— foi o estopim do protesto das atletas da seleção.

    "Faz tempo que queremos mais voz. A CBV deveria se impor, se posicionar do lado das atletas, as prejudicadas pelo ranking", afirma Thaisa, do Osasco e da seleção.

    A central, de sete pontos, diz que o ranking é um "jogo de xadrez" entre as equipes, que tentam prejudicar umas às outras na votação.

    "O ranking não está equilibrando nada, está tirando as jogadoras do Brasil", analisa a líbero Camila Brait, que lista companheiras que poderiam jogar no país, como Sheilla, Fê Garay e Fabíola.

    "É pelo nosso futuro. Sem ranking, a Superliga seria melhor, ajudaria a seleção", conclui a levantadora Dani Lins.

    Reprodução/Instagram
    Jogadoras da seleção brasileira de vôlei fazem protesto no Instagram
    Jogadoras da seleção brasileira de vôlei fazem protesto no Instagram

    OUTRO LADO

    "O ranking é estabelecido pelos clubes e a CBV acata". Essa foi a resposta da Confederação Brasileira de Vôlei à respeito do pedido de mudança feito por Elisângela e negado por três das 12 equipes.

    Isso porque as jogadoras da seleção brasileira de vôlei, bicampeã olímpica, se uniram por uma causa: acabar com o ranking que limita a participação delas nos times da Superliga.

    Perguntado sobre o motivo do veto, o Pinheiros diz que vai "fazer valer o regulamento".

    Já o Praia Clube diz que, em abril, foi o único a votar a favor da redução dos pontos das atletas mais experientes. Voto vencido, agora o clube diz que considera "injusto beneficiar apenas uma jogadora e não a coletividade".

    O Sesi não respondeu à Folha até o encerramento desta edição, assim como não explicou à Elisângela o motivo do veto, segundo a atleta.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024