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    Arco e flecha abrem competição típica nos Jogos Mundiais Indígenas

    JULIANA COISSI
    ENVIADA ESPECIAL A PALMAS (TO)

    25/10/2015 20h00

    Atletas do arco e flecha, arremesso de lança e cabo de força do Brasil e de países convidados abriram as competições entre etnias na tarde deste domingo (25) nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas (TO).

    Para a primeira competição, de arco e flecha, um alvo foi posicionado na arena, assim como nas Olimpíadas tradicionais. Mas, ao contrário de terem de mirar em círculos, os arqueiros indígenas precisavam acertar no desenho de um peixe. Os instrumentos foram confeccionados por eles mesmos em suas tribos.

    O atleta da Mongólia foi um dos que mais empolgou a plateia formada por índios e homens brancos, moradores de Palmas.

    Baasandory Khurelbaatar, de 28 anos, pingava de suor em suas roupas típicas, uma bata até os pés, em uma tarde comum de Palmas com temperatura de 30 graus. "É muito fácil", esnobou o atleta. "Na primeira tentativa fui bem, mas nas outras distraí, porque é muita gente olhando. Estou muito feliz em estar perto de tantos indígenas de povos tão diferentes".

    Não só da plateia vinha gritos. No entorno da arena, as tribos caracterizadas com adornos e pinturas corporais aplaudiam e davam gritos de apoio a todos os atletas que se apresentavam.

    Mundiais indígenas

    No arremesso de lança, os brasileiros se destacaram. Os gritos foram intensos também para o bom desempenho do norte-americano Elvis Old Bull, 28. Com a pele branca, vestido apenas com um short como os de basquete americano, ele era o mais alto entre os competidores.

    Entre aplausos e gritos, também havia espaço para protesto. Índias da etnia xakriabá, do norte de Minas Gerais, seguravam cartazes com dizeres contra o genocídio indígena e a PEC 215, que transfere para o Congresso a atribuição de oficializar a demarcação das terras indígenas.

    A tarde de jogos ainda previa cabo de força e apresentações culturais.

    No cabo de força, o grito unânime da plateia foi para as mulheres guarani-caiovás do Mato Grosso do Sul, que venceram um time misto feminino de Nicarágua e Colômbia. Os caiovás ganharam repercussão nacional após denunciarem a situação precária de sua etnia no MS.

    Em outra disputa do cabo de força, uma indígena do Panamá machucou o pescoço e saiu de maca do campo, socorrida pelos bombeiros.

    DESFILE

    Na noite de sábado (24), 60 índias gatas do Brasil e de outros países desfilaram na arena.

    Um tapete foi improvisado na arena para a exibição das participantes do "Cunhã Porã", que na língua tupi significa "mulher bonita". Das 60 escolhidas, 25 eram brasileiras e outras 34 de países como Guiana Francesa, Mongólia e Nova Zelândia.

    Assim como na maioria das modalidades esportivas, também o desfile não teve uma competição nem sagrou uma vencedora.

    E seguiu-se ao estilo dos índios: a maioria dos parentes das belas índias reuniram-se em círculo na arena, em torno do tapete colocado para as jovens desfilarem.

    Sob o calor forte, algumas das estrangeiras usavam trajes típicos que cobriam todo o corpo, em contraste com a maioria das indígenas brasileiras, muitas delas apenas com adornos sobre o corpo e biquíni.

    Não estava previsto desfile semelhante para os homens.

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